A CPI da Covid já iniciou seus trabalhos, e convocou todos os ex-Ministros da Saúde de Bolsonaro - todos estiveram envolvidos na pandemia - além do presidente da Anvisa, Hoje serão ouvidos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, amanhã o dia é todo de Eduardo Pazuello, e na quinta-feira os ouvidos serão o atual Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente da Avisa, Antonio Barra Torres.
Como já foi bastante comentado na mídia alternativa, o próprio Governo, através de seu Ministro Chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, fez uma cartilha com 23 pontos para orientar os convocados a depor diante da CPI. Isso foi um tiro no pé, porque é um excelente roteiro para os Senadores que irão arguir os depoentes, ainda que possa ser melhorada. Agora, se os depoentes estarão bem preparados para responder às perguntas, aí já é outra história.
Como serão histórias distintas que deverão ser contadas por todos os depoentes. Mandetta tem grande propensão a atacar o Governo, deixar claro os desmandos e as interferências do Presidente, e minar o resto de credibilidade do Presidente.
Teich tem a tendência de se escusar de toda e qualquer pergunta, da mesma forma que se escusou do cargo. Ele pode ser um médico duro, como tentaram fazer transparecer, mas ele parece ser técnico e sério, e quando viu que não poderia agir para minimizar os efeitos da crise sanitária, tirou rapidamente o corpo fora. Mas acho difícil que venha a atacar diretamente o Governo, como também não irá querer se comprometer com nada.
Queiroga é o atual, e terá que explicar as atuais ações do Ministério da Saúde, inclusive algumas contradições que vira e mexe acontecem, como a falta de vacinas em determinados momentos, as constantes revisões no número de vacinas ofertados após já terem sido anunciados, etc.
O presidente da Anvisa precisará explicar algumas outras coisas, inclusive algumas acusações de que o Governo está usando a Agência politicamente, para favorecer empresas de alguns países, e desfavorecer de outros.
E Pazuello, embora o terceiro a depor, eu o deixei por último. Sim, porque este está muito enrolado, e a máxima dos filmes policiais americanos, de que "qualquer coisa que fale poderá ser usada contra você nos tribunais" se aplica perfeitamente a ele. De acordo com a imprensa e outros depoimentos existem provas documentais de várias omissões e boicotes a ações contra a pandemia, entre outras coisas. Com tudo isso espera-se que ele fique calado, em silêncio, porque seja o que for que diga, deporá contra ele.
Entendam a diferença. Uma coisa é receber uma ordem errada e não cumpri-la, fazer algo distinto da orientação, e dessa forma agir corretamente, você não comete o erro. Outra é cumprir essa ordem. No segundo caso, embora você não seja o mentor intelectual, você é o executor, e comete o crime da mesma forma.
Bem, além desses deveremos ter outros convocados também.
E se a CPI vai ou não derrubar Bolsonaro, o certo é que está pressionando fortemente o Governo, que voltou a subir o tom golpista, amparado pela frágil estabilidade que lhe dá o execrável centrão. A queda do Governo é possível, ainda que difícil, e dependerá muito mais da presença do povo na rua do que de descobertas mirabolantes da investigação.
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