segunda-feira, 24 de maio de 2021

Pazuello mentiu, e muito

Leiam a reportagem da BBC abaixo e vejam a quantidade de mentiras proferidas por Pazuello durante seu depoimento à CPI da Covid. Algumas coisas têm cheiro muito forte de mentira, ainda que tenham sido sobre procedimentos internos do MS, e que sua versão desminta fatos comprovados por documentos internos do próprio MS, e/ou enviados e divulgados pelo governo do Amazonas e pela Prefeitura de Manaus.

Mas não vou aqui comentar todos os pontos truncados, distorcidos, e inventados por Pazuello, e para isso leiam o artigo abaixo, cujo link, como sempre, está no título. Vou me concentrar apenas naquele que me pareceu mais esdrúxulo: o aplicativo do tratamento precoce lançado pelo MS.

Quando perguntado pela tecnologia, Pazuello disse que era mentira, que aquilo tinha sido obra de um Hacker, e que ele tinha mandado retirar o programa do ar, quando soube do hackeamento, mas se esqueceu de dizer que recebeu ordem da Justiça para isso.

Além de ter havido intervenção da Justiça, também tivemos vídeos dele lançando o aplicativo e do Presidente defendendo o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes, mas que contavam no aplicativo do governo.

Mas nada resume melhor a mentira criada pelo (des)governo, e que foi utilizada por Pazuello em seu depoimento na CPI, do que o comentário do Presidente da própria CPI, no seguimento da afirmação do arguido: “Esse programa que o ministro Pazuello fala que foi hackeado, ele foi hackeado e colocado na TV Brasil, para vocês terem uma ideia, na TV Brasil. O hacker é tão bom que ele conseguiu colocar uma matéria extensa na TV Brasil”. 

Para mim esse foi o ponto alto do discurso criado para o depoimento do ex-MS, e ainda General da Ativa, Eduardo Pazuello, na crença distorcida de que tudo se resume ao discurso.

Negar uma ação, distorcer o fato, inverter responsabilidades, tudo isso é parte do discurso, mas os discursos não mudam os fatos, ainda mais se esses fatos puderem ser comprovados, divulgados, e devidamente analisados.

Lamento Pazuello! Lamento Bolsonaro! Lamento pelo que vocês fizeram, e seguem fazendo, e lamento porque vocês podem até escapar das punições que deveriam ter, mas caso escapem, não será por essa narrativa tosca, mas pela ineficiência, ou talvez, conivência, das autoridades que tratarem de julgar suas condutas.

CPI da Covid: o que Pazuello disse em dois dias de depoimento

O depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid durou dois dias e foi concluído no fim da tarde da quinta-feira (20/05).

Na avaliação do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), Pazuello "mentiu muito" ao longo do depoimento. O general, por sua vez, negou que tenha faltado com a verdade.

Em entrevista coletiva após o depoimento, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AM) afirmou que Pazuello foi à CPI com intuito de "proteger" Bolsonaro.

"Ele se utilizou do habeas corpus não para defender a ele próprio, mas sim o presidente da República. Eu o aconselhei que aqueles que estão ao lado dele nesse momento, não ficarão com ele no futuro."




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