A nota abaixo saiu na Veja. Mas esse tema não vem sendo tratado apenas pela revista, que de expoente, se tornou excedente. Outros veículos também já falam disso. E isso era algo plausível de ocorrer, mais cedo ou mais tarde, pelo projeto petista de poder, que se sobrepõem a qualquer projeto de país. Então era natural que, ou os outros partidos se articulavam sem PT - e dessa vez num projeto mais democrático - ou eles sucumbiriam ao projeto petista. Parecem estar optando pela segunda opção. Pelas últimas eleições municipais isso pode funcionar, acontece que, se eleições municipais dão ideia de rumo, essa ideia é pálida e absolutamente etérea.
Vejamos, Bolsonaro faz um (des)governo desastroso e, ao mesmo tempo que consome o país, também o destrói, numa composição que nos leva diretamente à hegemonia das forças que fizeram a independência política com Portugal, baseada principalmente no agronegócio exportador. A essas forças hoje acrescemos o chamado "mercado financeiro". Ambos são absolutamente imbricados e subservientes a forças externas, que os norteiam. O atual Presidente, para estar no poder, se submete aos dois, mas não de bom grado, já que seu projeto pessoal seria de uma ditadura muito mais sanguinária do que sua inação e a pandemia oportunista lhe permitiram.
Nesse quadro dificilmente Bolsonaro se reelege, mas ele deverá estar no segundo turno. A questão é contra quem? A ideia desses setores é colocarem dois representantes seus, Bolsonaro, e Moro ou Huck. O ideal deles é que as opções batam o atual Presidente, mas Bolsonaro, serve. Até mesmo um candidato petista serviria, afinal de contas, em que os petistas realmente mexeram em seus 14 anos de poder?
Mas a esquerda (?) que se articula sem o PT é seu verdadeiro adversário. Com um projeto de país, de reindustrializar, de incentivar pesquisa, produção, incluir classes médias e trabalhadoras de forma ativa, e não passiva, nos destinos do país, esses são os verdadeiros adversários do projeto de neocolônia encabeçado por essas forças reacionárias descritas acima.
Se a frente ampla de centro-esquerda conseguir se articular e levar sua mensagem à população, aí ela terá chances reais de colocar um candidato no segundo turno, sobrepujando até mesmo o PT, que mingua a cada eleição, como suas ações tresloucadas e pouco críticas indicavam que aconteceria.
Mas esta frente precisa ultrapassar a barreira que se autoimpôs até o momento, que é estar falando para uma parcela, sem dúvida alguma importante da população, mas insuficiente para levar seu projeto ao segundo turno.
Essa frente também precisará ultrapassar a barreira do PT, que mesmo minguando, ainda pode impor muitas dificuldades dentro do próprio campo do chamado progressismo.
Em segundo, essa frente precisa ultrapassar a barreira do boicote, imposto pelo hegemonismo econômico-midiático do país, que quer ver o capeta (até o fazem constantemente), mas não querem ver um projeto como o desse campo eleito e sendo implementado.
Por último, a união é o primeiro passo, mas está longe de ser suficiente. A frente também precisará ultrapassar a barreira do próprio campo, que tem condições de colocar um candidato no segundo turno, mas não fracionada. Para isso serão necessários votos da chamada centro-direita. Isso vem sendo construído.
Como os partidos de esquerda planejam abandonar o PT em 2022
Articulação de uma frente progressista que isole o petismo é a vingança encontrada por siglas de esquerda após traições do partido de Lula
Por Robson Bonin Atualizado em 7 jan 2021, 16h18 - Publicado em 8 jan 2021, 10h29
Caciques de partidos de esquerda passaram os últimos dias do ano avaliando como costurar uma frente ampla de forças progressistas de modo a colocar de pé um projeto competitivo para as eleições de 2022.
Articulado entre PDT, PSB e PCdoB, o movimento tenta atrair o PSOL. O PT? Para os caciques envolvidos na conversa, é hora de abandonar o petismo. As eleições de 2020 uniram as forças de esquerda contra o projeto hegemônico petista, que nada constrói, e a ninguém é capaz de apoiar.
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