No Brasil duas metas absolutamente fúnebres e tétricas foram ultrapassadas. Na verdade, a primeira foi na quinta-feira, e a segunda na sexta-feira. A primeira foi a casa de 200.000 mortos oficiais pelo Covid-19. Um número muito alto, ainda mais se levarmos em conta projeções moderadas de cientistas e médicos, de que os números da Covid-19 estão ao menos 50% defasados. Ou seja, as mortes já teriam ultrapassado os 300.000.
A outra só foi ultrapassada na sexta-feira, e foi a casa de 8.000.000 de infectados pelo Covid-19. Levando em conta o mesmo tipo de projeção, esse número estaria na casa dos 12.000.000 de infectados.
São números muito altos, e se você não consegue mensurar isso, os mortos e infectados oficiais seriam respectivamente equivalentes a três Maracanãs lotados, ao estado de Santa Catarina. Se juntarmos as mortes, às pessoas que ficaram com sequelas sérias, então esse número é ainda pior.
Voltando ao golpe nos EUA
Vi alguns falando em golpe, outros em tentativa de golpe frustrados, mas sempre tendo como alvo as ações de Trump, e nunca as reações. Pois vamos fazer uma análise rápida, mas um pouco mais abrangente dos acontecimentos de 06/01/21 em Washington D.C.
Houve a manifestação, com direito a invasão do Congresso Americano (Capitólio), e 5 mortos até o momento (que tenho notícia). Pois bem, Trump até podia não ter em vista um golpe (o que duvido), e buscar apenas confusão e preparação para uma oposição raivosa a Biden. O problema é que as ações tinham potencial golpista (e um golpe não necessita de tanques nas ruas - vide a Turquia de Erdogam).
Aqui temos que levar em conta duas condições. A primeira é que Trump incentivou e apoiou os atos antes, durante, e depois de acontecidos. A segunda é que seu discurso, mesmo quando pediu "calma" inflamava os ânimos ao repetir as mentiras de sempre, sobre fraude, golpe, etc. Ou seja, o Presidente Americano, está diretamente envolvido em tudo que aconteceu. Tanto é que, apesar de suas mensagens pedindo não violência, nada fez de efetivo para proteger o patrimônio público, vidas e o processo democrático. Sua omissão é a digital de seu envolvimento.
Mesmo assim a reação foi dura, não apenas fisicamente contra os manifestantes, mas também politicamente contra Trump e seus aliados. Os pedidos de impeachment e de aplicação da 25ª emenda dão o tom, assim como o cancelamento de contas nas redes sociais.
E isso teria sido absolutamente aceitável, caso tivessem sido tomadas as medidas legais que o momento requeria, e a situação voltasse simplesmente à normalidade. Mas tal não ocorreu.
Primeiro, segundo Monica De Bolle (vide o vídeo a partir de 23min15seg), o único que tem poder para convocar a Guarda Nacional em Washington é o Presidente. Pois bem, que o fez foi o Vice-presidente Mike Pence. Além disso, segundo relatos, Trump hoje não passa de um "objeto decorativo" na Casa Branca, sem nenhum poder de mando.
Ora, lhe foram revogados os poderes constitucionais e legais de forma informal? Sim?
Então tivemos um contra-golpe, onde Trump, apesar de permanecer na cadeira, já não é mais o Presidente Americano, porque lhe foram quitados os poderes. Paralelo a isso, caciques do partido republicano abandonam o barco, e o que parece que ficará é um capitão, que afundará sozinho com alguns ratos.
As forças tradicionais tentam refundar o partido republicano, com o que de minimamente racional sobrou nele, enquanto tentam destruir o trumpismo através de seu líder máximo, restaurando o bipartidarismo empírico que se observava em terras de Tio San.
Como a tendência é que Trump afunde realmente nesse processo, resta saber se o trumpismo sobreviverá sem Trump. Mas em o fazendo, a divisão será feita por três, com os democratas sendo o maior partido nessa largada, o trumpismo o segundo, e os republicanos tentando recuperar o terreno que perderam ao buscar o poder através de um tresloucado, que acabou por ruir as bases históricas do partido.
Quanto ao golpe de Estado americano, ele acaba dia 20 de janeiro, mas ele ocorreu, mesmo que por pouco tempo.
Para quem acha que golpe de Estado só se dá com tanque nas ruas, aí estão duas definições para a situação.
Golpe de Estado, também conhecido internacionalmente como Coup d'État (em francês) e Putsch ou Staatsstreich (em alemão), consiste no derrube ilegal, por parte de um órgão do Estado, da ordem constitucional legítima.[1] Os golpes de Estado podem ser violentos ou não, e podem corresponder aos interesses da maioria ou de uma minoria.
golpe de Estado
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