segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

O inconfiavel

Abaixo o artigo publicado em Carta Capital, que como sempre pode ser acessado no link incluído no título. E vale a pena dar uma lida completa nele.

Mas o grande cerne da questão aqui é: "vai ter guerra"?

A princípio não, mesmo com Moscou mobilizando muitas tropas para a fronteira com a Ucrânia, e agora também mobilizando a Bielorússia, e se aproximando da fronteira com a Polônia. Mas claro, mais de cem mil homens armados próximos à fronteira, e mais alguns milhares chegando, qualquer estalar de dedos pode virar motivo para problemas mais sérios.

Só que no fundo no fundo ninguém quer isso. Uma invasão da Ucrânia pode se tornar um novo Arqueduque Francisco Ferdinando, ou uma nova invasão da Polônia. Ou seja, pode se desdobrar um crescimento do conflito com a participação de outros países, o que na verdade não interessa a ninguém. China já disse, e outros países já deixaram claros seus apoios à Rússia, enquanto a OTAN se posiciona ao lado da Ucrânia, e as chances de um terceiro conflito de âmbito mundial não são pequenas, e como eu disse, isso não interessa a ninguém.

Não interessa primeiramente a quem está mais perto da região em questão: a Europa. Uma guerra, ainda que não atômica seria um completo desastre para o Velho Continente, e de quebra para a economia global.

Já o principal afetado, a própria Ucrânia, que veria o conflito se iniciando em seu território, já começa a dar sinais de que deixará de ser o cachorrinho de Washington (ao menos por enquanto) e já prevê uma desescalada das ações conflitantes. O Conselheiro Chefe do governo ucraniano, Myhailo Podoliak, já deixa clara a intenção de se chegar a um acordo diplomático.

Mas tal qual os dois cães no portão que viralizou na internet há algum tempo, ambos os lados precisam seguir rosnando e arreganhando os dentes. Os americanos porque perderam poder, influência e força na última década, e tentam a todo custo recuperar sua posição. Nada melhor que um conflito, ainda que não vá às vias de fato, para tentar reagrupar seu bloco.

Já os russos têm dois motivos. O primeiro e principal é algo bastante interno e é duplo. A ameaça às suas fronteiras e a pressão da oposição a Putin que cresce dentro da Rússia. Esse mesmo conflito resolve as duas. 

O segundo também é mais amplo. Após a dissolução da URSS, a Rússia perdeu hegemonia, influência e, apesar de atacada constantemente pelo bloco ocidental, nunca mais teve um bloco para chamar realmente de seu. Esse conflito vem ratificar a tendência que se desenha na última década, de um bloco asiático que faça frente ao ocidental.

Parece que vemos o nascer de uma nova Gguerra Fria. E que ela continue bem fria.

Quanto a essa história de que Moscou vai invadir, etc, etc, alguém realmente confia nesses caras? Eles invadiram o Iraque com a desculpa de que Sadan tinha armas químicas de destruição em massa, tentaram invadir o Irã com a desculpa de que eles desenvolviam a bomba atômica. Bem, em ambos os casos suas certezas eram completamente infundadas.

Mas temos certeza de uma coisa, eles sempre arranjam uma desculpa vinda de seus serviços de inteligência para justificar uma mobilização militar.

Washington diz que Moscou prepara invasão total da Ucrânia; governo russo nega

Para a Inteligência americana, se a Rússia optar por um ataque em grande escala, poderá tomar a capital Kiev e derrubar o presidente Zelensky em 48 horas

Informações da Inteligência dos Estados Unidos dão conta de que a Rússia intensificou os preparativos para uma invasão em grande escala na Ucrânia e agora mobilizou 70% das forças de que precisaria para esse ataque, segundo funcionários americanos.

A Rússia reuniu 110.000 soldados ao longo de sua fronteira com a Ucrânia, mas a Inteligência americana não concluiu se o presidente Vladimir Putin realmente decidiu invadir, de acordo com o que disseram membros de órgãos de inteligência que nos últimos dias mantiveram reuniões com legisladores e representantes dos aliados europeus.

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