quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Ecologia é arma geopolítica

Diogo Fagundes escreveu um texto interessante, e correto, mas infelizmente incompleto, ainda que Fagundes chegue a citar que quem vem se beneficiando do discurso ecologicamente correto são os países desenvolvidos, e que esse discurso costuma vir de lá, embrulhado num pacote de bondade infinita da preservação do planeta e da espécie humana.

Dessa forma a preocupação com o meio ambiente é usada pelos países desenvolvidos não apenas como um discurso que mantém seus privilégios frente aos países mais atrasados em seus desenvolvimentos econômicos, mas através de suas ONGs, todas financiadas com recursos oriundos desses países mais avançados, interferem diretamente nas políticas internas dos países mais pobres, colaborando decisivamente na manutenção do atraso desses países, e na relação de dependência tecnológica que lhes é imposta, assim como em sua "vocação" em fornecer matérias primas e bens de baixíssimo valor agregado.

Ou seja, o discurso, a princípio bem intencionado e de "boa fé", acaba por se transformar em arma de geopolítica para a manutenção das relações de dominação internacionais, muitas vezes chegando ao ponto de desestabilizar governos e países. 

E na minha opinião isso precisa ser dito de forma muito clara, porque ainda que a preservação do planeta precise ser garantida, também precisamos preservar as pessoas e garantir a todas condições de vida digno.


A precupação com o meio ambiente e o futuro do planeta Terra estão entre as mais racionais e mais nobres causas para se combater a ordem dominante nos dias que correm.

No entanto, há, frequentemente, uma variação catastrofista do discurso ecológico que remete não só a profecias escatológicas tão comuns a diversas seitas na história da humanidade, como às vezes soa até mesmo a puro malthusianismo demográfico e ódio ao bem estar da humanidade.

Um dos tantos tagarelas vaidosos das redes sociais de esquerda vem fazendo propaganda da ideia de que é impossível incluir 1,3 bilhões de humanos na “sociedade de consumo”, como forma de crítica ao suposto mito keynesiano do crescimento econômico chinês acelerado. Imagino que em sua cabeça é melhor que a África também continue rural e com mercados internos raquíticos, a fim de manter nosso planeta a salvo.



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