O Governo Bolsonaro termina de forma melancólica, não por saudades de suas realizações, que foram pouquíssimas, mas pelo resultado da onda de destruição que varreu o país em seus 4 anos de (des)governo. Sim, porque como ele disse em sua posse, seu papel não era construir nada, mas tão somente destruir o que havia, e a partir dessas ruínas que se construísse um novo país.
Pois bem, a incompetência foi completa, porque nem destruiu completamente o que havia, como não construiu absolutamente nada de novo no pais. O que vimos nos últimos 4 anos foi um "mix" de reacionarismo, falcatruas, crimes, desvios, roubalheiras, e destruição. Isso em todas as áreas.
Os pouquíssimos acertos vieram do Congresso, ou mesmo da Justiça, que de certa forma atuaram coniventes com o que acontecia no Executivo, ainda que de vez em quando surgissem esses sopros de lucidez e nacionalismo. Mas foram tão poucos, tão esparsos, que não chegaram nem perto de impedir o desastre que foi a passagem de Bolsonaro na Presidência.
E Raphael Machado fez um bom resumo do que foram esses últimos 4 anos. Como ele mesmo diz, "tinha faca e queijo na mão. Poderia ter feito mudanças profundas e se perpetuado. Mas ele não estava a altura da missão...".
Veja abaixo o que ele disse no twitter, e se quiser entre no link abaixo e veja na própria conta de Raphael Machado.
Bolsonaro ascendeu por ter capturado o sentimento difuso de indignação das massas. Ele é fruto do fenômeno global do populismo, consequência da insatisfação generalizada com o modelo liberal-democrático institucionalizado universalmente no pós-Guerra Fria.
Mas ele não era e nunca foi um nacionalista. Apenas nos sentidos mais superficiais, parciais e relativos possíveis. O mesmo poderíamos dizer de seu conservadorismo, bastando recordar seu apoio pretérito ao abortismo como solução para os problemas sociais.
Mas os homens, não raro, encarnam ideias das quais eles próprios não são adeptos, o que demonstra que apesar da importância da vontade humana, a História também não raro empurra os homens com as suas marés. É o caso dele, que encarnou o nacional-populismo brasileiro, não sendo nacionalista e sem qualquer apreço pelo povo.
Na economia, apesar do seu eleitorado estar interessado em justiça social e apoiar o papel do Estado na economia, ele colocou Paulo Guedes para cuidar sozinho de tudo. Bolsonaro terceirizou para ele inclusive decisões políticas sobre economia que só competiam ao Presidente. E com esse poder, Guedes não fez outra coisa que aplicar as fórmulas recessionistas do neoliberalismo mais radical, fazendo o possível para desmontar o Estado brasileiro para benefício de seus amigos acionistas e empresários.
Poderíamos ainda acrescentar o sionismo delirante e servil, a total ausência de política cultural de defesa dos valores tradicionais, o comportamento grosseiro e indigno durante a pandemia e em todas as coisas públicas. Bolsonaro ainda provocou constantemente as instituições e as ameaçou, sem ter a intenção de fazer o que fosse.
O fundamento da sua ruína, porém, foi o olavismo. Quem o empurrou para o atlantismo, o sionismo, o neoliberalismo, o barbarismo cultural e tudo o mais foi a influência de Olavo de Carvalho, introduzida por seus filhos, membros fanáticos da seita. O olavismo falsifica o Tradicionalismo, corrompendo-o com elementos de origem liberal, como o individualismo e o capitalismo. Por essa corrupção, Olavo projetava o mito de um eterno comunismo, responsável por todos os males e problemas da humanidade.
Tão onipotente, misterioso e maleável, que até os bilionários mais radicalmente liberais eram reinterpretados como "comunistas", em uma também falsa interpretação do globalismo. A salvação contra esse inimigo estaria na perpetuação da hegemonia mundial dos EUA e de Israel.
Ao Brasil cabia aceitar o papel subalterno como parceiro menor, ainda aprendendo a ser ocidental. Mas como o onipotente comunismo havia tomado todas as instituições, das culturais às educacionais, das militares às eclesiásticas, a solução seria não oferecer solução.
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