quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

O mito da meritocracia

A eliminação relativamente da Seleção Portuguesa da Copa do Mundo do Catar causou uma reação bastante exacerbada de Cristiano Ronaldo. Como sempre há os que criticam, mas há também os que apoiam, e Filipa Chasqueira deixou isso bastante claro no seu texto. 

Mas ela passa um pouco rapidamente pela questão dos méritos de CR7, mas não deixa de citar um série de profissionais que ajudaram na carreira do ídolo português. E é esse o ponto que eu gostaria de destacar aqui, que é o mito do "self made man", ou a meritocracia, como a conhecemos no bom e velho português.

E aqui ninguém está dizendo que não é necessário esforço para se atingir objetivos na vida, mas apenas que o esforço, por si só, não costuma ser suficiente para resolver a vida de ninguém. 

Vejamos o caso do próprio CR7. Ele nasceu com um talento especial de jogar futebol, um esponte que move bilhões de pessoas, de produtos e de dólares (ou a moeda que você quiser) por ano. Ele se esforçou, ficou horas treinando a parte (além do horário normal de treino) para aprimorar pontaria, parte física, etc. Abriu mão de diversão, convívios e uma série de situações comuns à maioria das pessoas para atingir seu objetivo, e atingiu. Foi o melhor do mundo algumas vezes, e sempre foi destacado como jogador entre os melhores, com o passe valiosíssimo, e com a carreira sempre disputada por grandes clubes europeus. Em seu país chegou a suplantar a própria seleção, a ponto de darem mais destaque ao que ele fazia, do que ao que a Seleção fazia.

O problema é que, apesar de todo seu esforço, nada disso ele conquistou só. Foram muitos profissionais que também sacrificaram horas de descanso, de convívio, de lazer, e que empenharam conhecimento e esforço para que ele crescesse na carreira e viesse a se tornar o CR7 que fez tanto sucesso. Técnicos, preparadores físicos, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, técnicos especializados em funções, e vários outros profissionais que contribuíram com esforço, conhecimento e tempo para que CR7 pudesse se tornar o fenômeno que se tornou.

É óbvio que se ele não se esforçasse, de nada valeriam os esforços de todos os que o ajudaram, e vice-versa. Digo isso porque é preciso se esforçar, mas sem o auxílio de outras pessoas não conseguimos conquistar degraus na sociedade moderna. São muitas as necessidades e conhecimentos necessários, e uma pessoa apenas, por mais que se esforce, não consegue dominar a todos.

Assim como o caso de CR7 temos outros casos parecidos em outras áreas. Todos se esforçaram, mas todos tiveram ajuda.

 
11 de dezembro 2022 às 12:52

As lições de Ronaldo


É curioso não se ouvir falar de gratidão pela família, pelos amigos, por quem salva vidas todos os dias, por quem ensina os nossos filhos a ler e a escrever, por quem constrói as nossas casas, por quem cuida, colhe e transporta os nossos alimentos… Mas pelo Ronaldo, ai de quem não se sentir grato.

Eu posso dizer que não sou contra nem a favor. Sou a favor da bondade, da solidariedade, da paz, da igualdade (não da moderna, da genuína e tradicional), da família, da amizade, do amor, da justiça. Por esses valores debato-me e defendo, não pelo Ronaldo. Gosto muito do Ronaldo, como a maioria das pessoas, mas não é por isso que deixo de ver que tem melhores e piores momentos, melhores e piores atitudes, aliás, como toda a gente

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