segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Bolsonaro pode crescer?

Mais uma vez a mídia erra, mais uma vez ela vai jogar no campo adversário. Bobagem, Bolsonaro tem seus eleitores fiéis, e eles o levarão ao segundo turno, mas o candidato do PSL também tem seus eleitores potenciais, e esses podem elegê-lo. 

A diferença entre os dois tipos de eleitores de Bolsonaro é algo que ninguém até agora atentou, tirando Ciro Gomes. O primeiro mostra a desilusão com a política, e uma visão "minimalista" em relação a causas das minorias, ainda mais em tempos de desemprego acachapante e ainda em alta, de diminuição da atividade econômica, precarização extrema de principalmente da Segurança. Nesse contexto temas como direitos LGBTs, das mulheres, negros, e até Saúde e Educação entram num segundo plano. Aí um candidato que prometa resolver suas questões principais, nem que seja na bala, soa como música nos ouvidos.

O outro tipo de eleitor é aquele que está absolutamente desiludido com a política, mas ainda vê nela uma forma de resolver os problemas principais, e muitos dos secundários também, e mesmo que não entenda as causas das minorias, não liga que elas sejam defendidas, desde que suas necessidades sejam atendidas. Para eles Bolsonaro é uma possibilidade, e é votável, porque não estão preocupados com minorias, mas estão desiludidos com vários atores do espectro político tradicional. Para esses Bolsonaro pode não ser primeira opção, mas pode ser segunda.

Quando a mídia ataca apenas os posicionamentos de Bolsonaro em relação às chamadas causas identitárias, coloca o candidato do PSL no campo de voto de toda essa segunda gama de eleitores. Assim se elegeu Crivella.

A grande mídia é tudo, menos estúpida. Quando atacam Bolsonaro naquilo que todos estão carecas de saber que ele é, mas deixam de lados todos os seus reais pontos fracos, que são a incompetência, ignorância sobre os problemas do país, a falta de recursos e soluções, ficando nas mãos de sabe-se lá quem, a mídia apenas reforça aquilo que o candidato tem de atrativo a muitos, e de desculpável a uma grande parte, mas deixa de fora o que é insuperável à maioria do eleitorado, seja ele afeito às causas minoritárias ou não, que é o fato de não ter respostas sérias aos problemas do país.

E a questão do ataque do lunático em nada muda isso tudo. Se foi armação, foi a pior que já vi, se não foi, tampouco altera significativamente sua posição eleitoral. Vejam, o que a facada provocou foi a apressada adesão de gente que já tinha inclinação a votar no candidato, mas tinha dúvidas. O problema é que tão longe da eleição essas dúvidas podem voltar e podem ser decisivas num processo de abandono do candidato. Claro que ele se binda ao não se expor e às suas ideias (ou total falta delas), mas é pouco para demover a imensa maioria que o rejeita, e é nesse ponto que ele perde. Por isso não vejo o fato como decisivo na eleição desse ano, embora seja extremamente lamentável, vergonhoso, execrável, seja ele um fake, seja ele a ação de um lunático.

Por final não se enganem, o candidato do golpe e da plutocracia é Alkimim, mas Bolsonaro também serve, por isso ele não é desmascarado como o incompetente que é. Portanto atentem, Bolsonaro pode crescer sim. Prova disso é que a Globo começa a voltar seu discurso a uma defesa velada do candiato do PSL. A Globo não aprende. Uma vez escorpião, sempre escorpião.

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