terça-feira, 18 de setembro de 2018

Quem trabalha sabe e sente

Quando até o Estadão dá uma notícia dessas, é porque a coisa já está ultrapassando qualquer limite do razoável. 

A propósito, alguns países nórdicos já reduziram suas jornadas de trabalho. Isso teve dois efeitos principais. O primeiro é que a produtividade das pessoas aumentou. O segundo que a satisfação das pessoas também.



Melhores Pequenas Empresas para Trabalhar| 25 de julho de 2018 | 5h 08

'O ambiente de trabalho está matando as pessoas'

Para especialista, as longas jornadas e a insegurança deixam as pessoas doentes e cortam produtividade
IAN CHICARO GASTIM - O ESTADO DE S.PAULO

Jeffrey Pfeffer, professor de comportamento organizacional na Graduate School of Business, da Universidade de Stanford. Foto: Universidade de Stanford
Jeffrey Pfeffer, professor de comportamento organizacional na Graduate School of Business, da Universidade de Stanford. Foto: Universidade de Stanford
Empresas estão criando locais de trabalho tóxicos, com insegurança sobre o emprego e longas horas de trabalho, o que têm derrubado a produtividade de funcionários. Essa é a avaliação do professor de Stanford, Jeffrey Pfeffer, especialista em comportamento organizacional. Confira os principais trechos da entrevista.
Por que o sr. diz em seu livro que o ambiente de trabalho está matando pessoas?
Muitos locais têm longas jornadas e insegurança econômica. Essas coisas estão estressando as pessoas. E sabemos que o estresse elevado pode ter efeitos ruins no metabolismo. Estamos criando ambientes muitos tóxicos, que prejudicam a saúde dos funcionários e, assim, derrubam a produtividade.
Como um bom local de trabalho aumenta a produtividade?
Antes de tudo, é preciso dar autonomia às pessoas, oferecendo controle sobre o que elas fazem no trabalho. Basicamente, se aumenta a produtividade dos trabalhadores tratando-os como seres humanos adultos. O segundo ponto seria que um bom local de trabalho não deve fazer as pessoas trabalharem por muitas horas, porque, além de um certo ponto, elas ficam exaustas, doentes, e a produtividade diminui. Em terceiro lugar, as pessoas trabalham melhor quando não estão preocupadas com a ideia de que podem ser demitidas. Então oferecer a sensação de estabilidade e segurança, é outra coisa importante.
A hierarquia rígida também é um problema atualmente?
Sim, porque a autonomia no trabalho está positivamente relacionada à motivação e ao engajamento do empregado. Então, se você der mais autonomia ao funcionário, ele ficaria mais engajada, teria mais motivação e seria, portanto, mais produtivo.
Qual o maior desafio na gestão de pessoas?
Eu acho que o maior desafio hoje é tornar os locais de trabalho mais saudáveis. Minha pesquisa mostra o que o senso comum diria: quanto mais saudável você é, mais produtivo você é. É necessário proporcionar mais segurança econômica e controle ao funcionário sobre seu emprego, além de horas normais de trabalho. Ele deve poder tirar férias e deixar seu trabalho no trabalho para cumprir com suas responsabilidades familiares. A falta do contato familiar também estressa as pessoas.
Este cenário não é animador. Aonde vamos chegar se continuarmos assim?
Eu acredito que a qualidade dos ambientes de trabalho está piorando. Há uma crença, incorreta, de que a melhor maneira de lidar com os níveis crescentes de competição é fazer com que as pessoas trabalhem mais, mas isso não torna ninguém mais produtivo. Eu não sei como que o futuro vai ser, mas uma das coisas que acontecem, é que muitos países estão enfrentando um problema com o crescente custo dos cuidados com a saúde. Por isso, vai ser muito difícil para as empresas e os países consertarem os custos com saúde e assistência médica se não fizerem algo para melhorar o ambiente de trabalho.

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