terça-feira, 4 de setembro de 2018

Quando o Mercado Financeiro será enquadrado?

O ser humano é corrupto por natureza, daí a ideia de "pecado original" dos textos bíblicos. Vejam bem, isso não é um juízo de valor, nem uma constatação, mas tão somente uma informação tirada da mais difundida das religiões ocidentais, o Cristianismo.

Da mesma forma já foi estudado e constatado que "grandes executivos" costumam sofrer da mesma doença dos jogadores, e transformam negócios em suas jogatinas pessoais, onde tudo é válido para atingir seus objetivos, que no caso são os ganhos estratosféricos, seja das empresas que dirigem, seja pessoais.

Com essas duas premissas, e o conhecimento de que não há jogatina de alto valor, muito menos corrupção grossa sem a participação de bancos, e vemos o problema que o país enfrenta.

Porque os bancos estão no cerne do problema brasileiro. Por um lado não exercem seu principal papel numa economia, que é financia-la, por outro lado emperram a economia com juros extorsivos, cobrados nos empréstimos, e recebidos do governo em "tenebrosas transações".

A ideia de banco central autônomo, defendida por Henrique Meirelles, ele mesmo representante direto dos bancos, apenas viria a agudizar toda essa situação.

E essa situação não apenas é ruim para a economia. Ela também participa diretamente da corrupção nacional.

Quando será devidamente enquadrado? Não as empresas, essas precisam ser preservadas, ainda que eu tenha certeza que precisamos descentralizar nosso mercado financeiro. Mas precisamos sim, penalizar quem opera esse setor da forma descrita acima, inclusive e principalmente, pagando pelos prejuízos causados com patrimônio próprio.

A Lava-jato tem feito o contrário, premiando corruptos quando mantêm seus prêmios financeiros.



Economia

03/07 às 00h00

Na Lava Jato, Receita e PF indiciam bancos, mas ninguém é punido

Jornal do BrasilGILBERTO MENEZES CÔRTES, gilberto.cortes@jb.com.br

Demorou. Mas só mais de 52 meses após o início da Operação Lava Jato, que já compilou quantia superior a R$ 50 bilhões em desvios e fraudes na movimentação e lavagem de dinheiro para pagamento de corrupção de agentes públicos pelas empresas privadas envolvidas, começam a vir à tona os nomes dos bancos envolvidos no toma lá-dá cá da mega movimentação de dinheiro. No mensalão, escândalo diminuto, dois bancos naufragaram o Rural e o BMG. 
A diferença, 13 anos depois, é que a concentração bancária ocorrida no período (Bradesco comprou o Banco do Estado do Ceará e o IBI na década passada e o HSBC, em 2016; Itaú comprou o BankBoston e parte do BMG em 2006, e se fundiu com o Unibanco, em 2008, tornando-se o maior banco privado do país e comprou o Citinak no Brasil em 2017; o Banco do Brasil comprou em 2009 50% do Votorantim; e a Caixa, levou metade do Banco Pan em 2010) foi de tal monta que mexer numa peça cria imediatamente o chamado risco sistêmico (o risco de quebradeira em série). 
Na Lava-Jato houve vários casos de operações triangulares de grandes grupos empresariais, como o Odebrechet/Braskem que fizeram delações confessando crimes pagando multas de R$ 6,9 bilhões para reduzir as penas dos executivos que envolveram vários bancos na rolagem dos empréstimos (Bradesco, Santander e Banco do Brasil). Outras empreiteiras e estaleiros que operavam para a Petrobras e a Transpetro entraram em parafuso. 
Veja a Sete Brasil. Criada em 2010 por consórcio de fundos de pensão de estatais, fundos de investimentos e os bancos BTG-Pactual, Santander e Bradesco, que a financiaram junto com BB, Itaú e CEF, diante da falta de limite de endividamento da Petrobras, ela iria encomendar plataformas e, depois, arrendar à estatal.


Tabela com relação de doações eleitorais

Para cada caso, como a atuação do grupo Schain na exploração de plataformas em campos de petróleo da Petrobras, as quantias eram de bilhões. Dinheiro não cai do céu. Circula por bancos. Sabe-se de casos de saques de R$ 40 milhões. Ou por doleiros como Alberto Youssef, que já teve rastreados US$ 232 milhões em lavagens de operações artificiais de exportação (gera dólar) e importação (gera reais) pela Receita, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. Sabe-se que 13 bancos foram investigados na Lava Jato (HSBC e Citibank foram absorvidos). Nenhum inquérito teve desfecho. Nem da Força-Tarefa do juiz Moro, nem da Comissão de Valores Mobiliários, nem do Banco Central saiu qualquer punição pública aos 11 restantes. O interesse de grandes bancos em travar inquéritos parece proporcional ao volume das doações à campanha da releição de Dilma. Mas o 1º ministro da Fazenda do 2º governo Dilma, Joaquim Levy, que veio do Bradesco, detonou a corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) onde Bradesco, Itaú e grandes empresas discutiam multas bilionárias. BC e CVM chegaram a criar mecanismo especial para garantir sigilo na delação de dirigentes de bancos e as multas quadruplicaram para R$ 2 milhões. Até aqui, nenhum banco foi ao banco dos réus. Está na hora de abrir esse cofre preto.

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