Vejam bem, o desemprego indicado na pesquisa do IBGE mostra apenas aqueles que estão efetivamente sem trabalho ou sob as "novas" modalidades de trabalho destruidoras de condições impostas pela destruição da CLT. O estudo não contempla aqueles que passaram a ser "empreendedores", ou seja, os que passaram a vender coxinha na rua, ou sanduíche natural na praia, e que no final estão todos fora dos sistemas de cobertura social do Estado, como aposentadoria, seguro-desemprego, etc.
Se juntarmos essa turma toda, o número chega a uns 50 milhões de brasileiros.
Ou seja o número que Ciro Gomes dá de mais de 50% da força de trabalho fora do sistema formal do Estado.
Não há Estado e sociedade que progrida com esses números.
Taxa de força de trabalho subutilizada fica estável no 2º trimestre, em 24,6%. Número de desempregados cai, mas desalento bate recorde e atinge 4,8 milhões de brasileiros.
Por Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1, Rio de Janeiro e São Paulo
No Brasil, falta trabalho atualmente para 27,6 milhões de brasileiros. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) trimestral divulgada nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 24,6 % no 2º trimestre de 2018.
"O resultado ficou estatisticamente estável em relação ao primeiro trimestre de 2018 (24,7%) e subiu na comparação com o segundo trimestre de 2017 (23,8%)", destacou o IBGE.
O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados (menos de 40 horas semanais trabalhadas), os desalentados (que desistiram de procurar emprego) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos.
Apesar da queda no número de desempregados no 2º trimestre, a pesquisa do IBGE mostra que aumentou o número dos que trabalham menos do que gostariam, que saíram da força de trabalho por algum motivo pessoal ou familiar, ou que simplesmente desistiram de procurar alguma ocupação.
O número de desalentados bateu novo recorde e atingiu 4,8 milhões no 2º trimestre, 203 mil pessoas a mais em relação ao 1º trimestre. Já o número de subocupados subiu para 6,5 milhões contra 6,2 milhões nos 3 primeiros meses do ano. No trimestre encerrado em junho, o número de desempregados somou 13 milhões, contra 13,7 milhões no 1º trimestre.
Veja o que são considerados trabalhadores subutilizados e quantos estavam nessa condição no 2º trimestre de 2018:
- 13 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuraram empregos nos últimos 30 dias (no 1º trimestre, eram 13,7 milhões);
- 6,5 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais (no 1º trimestre, eram 6,2 milhões);
- 8,1 milhões de pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial; no 1º trimestre, eram 7,8 milhões): grupo que inclui 4,8 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 3,3 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
Nº de pesssoas que desistiram de procurar emprego bate recorde
O número de desalentados atingiu 4,8 milhões no 2º trimestre, 203 mil pessoas a mais em relação ao 1º trimestre. Trata-se do maior contingente de desalentados da série histórica da pesquisa, que começou em 2012.
O percentual de pessoas que desistiram de procurar trabalho em relação a população na força de trabalho ficou em 4,4% no 2º trimestre, também a maior marca já registrada pelo IBGE.
A população desalentada é definida pelo IBGE como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho adequado, ou não tinha experiência ou qualificação, ou era considerado muito jovem ou idosa, ou não havia trabalho na localidade em que residia – e que, se tivesse oferta de trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.
O coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, destacou que em um ano caiu em cerca de meio milhão o número de pessoas desempregados no país. Em contrapartida, aumentou em 1,3 milhão o número de trabalhadores subutilizados.
“Estes dados revelam um mercado de trabalho que não está tão em evolução como quando observamos somente a desocupação”, disse o pesquisador.
Segundo Azeredo enfatizou que o número recorde de desalentados revela que o contingente de desempregados pode ser muito maior. Isso porque desalentado é aquele trabalhador que desistiu de procurar emprego e que isso não significa que ele recusaria uma vaga se lhe fosse oferecida. Já o desempregado é aquele que está em busca de colocação no mercado.
“Muitas dessas pessoas desalentadas sequer têm dinheiro para pagar passagem e procurar emprego”
O tempo de espera pela recolocação no mercado de trabalho tem relação direta com o desalento, segundo o coordenador da pesquisa. “A probabilidade de uma pessoa desistir de procurar emprego está muito relacionada ao tempo em que ela está na fila do desemprego”, disse.
O IBGE informou que avalia passar a divulgar mensalmente os dados da subutilização da força de trabalho.
60,2% dos desalentados estão no Nordeste
Entre as unidades da federação, Alagoas (16,6%) e Maranhão (16,2%) registraram a maior taxa de desalento.
A Região Nordeste concentra 60,2% dos desalentados do país. Lá, são 2,9 milhões de pessoas que desistiram de procurar por trabalho. O Sudeste aparece em 2º lugar, com 1 milhão de desalentados (20,8% do total).
A taxa de desemprego recuou para 12,4% no 2º trimestre, ante 13,1% no 1º trimestre, segundo já havia sido divulgado anteriormente pelo IBGE. A queda da taxa de desemprego, entretanto, tem sido puxada pela geração de postos informais e pelo grande número de brasileiros fora do mercado de trabalho. Já o número de trabalhadores com carteira é o menor já registrado pelo IBGE.
Desemprego por regiões, idade e sexo
Piauí (40,6%), Maranhão (39,7%) e Bahia (39,7%) apresentaram as maiores taxas de subutilização. Já as menores foram registradas em Santa Catarina (10,9%), Rio Grande do Sul (15,2%) e Rondônia (15,5%).
Já as maiores taxas de desemprego estão no Amapá (21,3), Alagoas (17,3%), Pernambuco (16,9%), Sergipe (16,8%) e Bahia (16,5%). As menores foram observadas em Santa Catarina (6,5%), Mato Grosso do Sul (7,6%), Rio Grande do Sul (8,3%) e Mato Grosso (8,5%).
Segundo o IBGE, 67% dos desempregados no país têm entre 18 e 39 anos. Outros 23% têm entre 40 e 59 anos.
No 2º trimestre, as mulheres eram maioria tanto na população em idade de trabalhar no Brasil (52,4%), quanto em todas as grandes regiões. Porém, entre as pessoas ocupadas predominavam os homens no Brasil (56,3%) e em todas as regiões, sobretudo na Norte, onde os homens representavam (60,2%).
Os números do IBGE mostram ainda que o desemprego atinge mais as mulheres. A taxa de desocupação no 2º trimestre foi de 11% entre os homens e de 14,2% entre as mulheres. As mulheres também se mantiveram como a maior parte da população fora da força de trabalho, tanto no país (64,9%) tanto em todas as regiões.
A taxa de desemprego também é maior entre pretos (15%) e pardos (14,4%), enquanto que a daqueles que se declararam brancos ficou em 9,9%, abaixo da média nacional de 12,4%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário