quarta-feira, 24 de abril de 2019

A base da computação é mais antiga do que acreditamos

Interessantíssimo o artigo da BBC. Como sempre o acesso ao artigo completo está no título abaixo.

O monge 'mais letrado do mundo' que criou a base da computação há mais de 1,2 mil anos



Estatua de Alcuino
Image captionAlcuíno, criador de desafios que deram origem à análise combinatória, era considerado o homem mais sábio do mundo

A Idade Média, que começou com a queda do Império Romano do Ocidente após a invasão de bárbaros germânicos em 476, é frequentemente descrita como uma época de obscurantismo e declínio intelectual – os livros eram raros e a maioria das pessoas não sabia ler.
No entanto, esse período histórico foi muito mais vibrante intelectualmente do que se pode imaginar. Nele surgiu uma série de problemas de lógica para "afiar a mente dos jovens", incluindo o clássico desafio da balsa ensinado até hoje – sobre o homem que precisa cruzar um rio com um lobo, uma cabra e uma cesta de repolhos. Ele não pode deixar o lobo comer a cabra, nem a cabra comer o repolho, mas na balsa só cabem ele e mais um elemento.
O autor desse e de diversos outros enigmas foi o monge Alcuíno de York – em seu tempo conhecido como o "homem mais letrado do mundo".
Ele escreveu um livro só com esse tipo de problemas. Seus desafios consolidaram na Europa as bases para um ramo da matemática chamado análise combinatória – tipo de cálculo que hoje está por trás da programação de computadores e da criptografia moderna.

O colecionador

Sua história de vida ajuda a desafiar o estereótipo sobre o período. Quando Alcuíno nasceu, por volta do ano 732, a Inglaterra era uma colcha de retalhos de pequenos reinos saxões e cristãos – um legado da ocupação romana região.
Alcuíno estudou na pequena escola que havia ao lado da catedral de York, e mais tarde se tornou diretor. Sob sua administração, o colégio se tornou um dos mais prestigiados da Europa.
Ele defendia o aprendizado de matemática e lógica pelo valor do conhecimento, não como forma de encontrar salvação religiosa, como era comum na época.

Livro escrito à mão
Image captionEmbora sua biblioteca não tenha sido preservada nos dias de hoje, a devoção de Alcuíno pelos livros ficou registrada em seus próprios escritos | Foto: Getty Images

Alcuíno reunia livros escritos à mão em uma renomada biblioteca. Além de obras dos primeiros pensadores cristãos, ele conservava tinha fragmentos escritos por filósofos gregos e romanos.

Professor de Carlos Magno

No século 8, os francos – que governavam uma região que hoje é da França – expandiram seu reino sob a liderança do rei Carlos Magno. O império carolíngio foi crescendo até incluir grande parte da Europa, com a ideia de expandir as fronteiras da cristandade.
Além de líder militar poderoso, Carlos Magno era um estudioso. Diferentemente de muitos outros governantes da época, sabia ler e o fazia com frequência – especialmente os livros de pensadores clássicos.
Em 780, ele criou uma corte de intelectuais e se propôs a chamar o melhor professor que existia: todos sabiam quem era.
Foi assim que Alcuíno saiu de York para a capital do império, Aachen (hoje na Alemanha), onde se tornou professor do imperador. A partir de então, ajudou a estabelecer escolas em muitas das catedrais do império até se tornar abade, cerca de 15 anos depois.

Alcuino mostra um livro a Carlos Magno
Image captionAlcuíno foi chamado para ser professor de Carlos Magno

O monge foi o responsável por um ressurgimento intelectual tão significativo que por vezes o período é chamado de renascimento carolíngio.
Ainda que todos os governantes da época venerassem os livros mais por considerá-los bem valiosos do que pela sabedoria quem continham, a sua mera manutenção ajudou a preservar parte dos conhecimentos antigos e fomentar a crença de que valia a pena fazer perguntas sobre a natureza do mundo – e obter respostas sem a inclusão de Deus na equação.

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