segunda-feira, 1 de abril de 2019

Os Cavaleiros de Malta ainda vivem

Você provavelmente já ouviu falar dos Cavaleiros Templários, ordem da qual derivou a ordem dos Cavaleiros de Cristo em Portugal, e que foi responsável por boa parte dos esforços que levaram às grandes navegações iniciadas em finais do Séc. XV, e que iriam levar os europeus às Américas, e a descoberta de novas rotas e terras ao redor do planeta. O movimento foi tão importante que é considerado o início da globalização por muita gente.

A ordem dos Templários foi dizimada no início do Séc. XIV, quando Filipe IV de França, quando seus principais líderes, Tiago de Molay, Hughes de Piraud, Geoffroy de Charnay e Geoffroy de Gonneville, entre outros, foram levados à fogueira.

Mas os Templários não foram os únicos a se aproveitarem dos movimentos das Cruzadas para se firmarem como ordem militar católica, embasados e avalizados pelo próprio Papa, E tem ao menos uma que ainda existe, que é a Ordem Soberana e Militar de Malta. Veja abaixo como vive seu último cavaleiro, as mudanças profundas pelas quais a Ordem passou, e se quiser o artigo completo, basta clicar no título abaixo.

Agora, cá entre nós, Fra Johm Critien, que aparece na última foto da postagem, não parece Geraldo Alkimim?

Sozinho na fortaleza: como vive o último cavaleiro de ordem milenar em Malta

  • 11 fevereiro 2019


fortaleza Sant'AngeloDireito de imagemFORGET-GAUTIER / ALAMY STOCK PHOTO
Image captionA fortaleza Sant'Angelo, em Valletta, abriga um único cavaleiro desde 1998

Eram 21h de um domingo quando liguei para Fra John Critien, e ele não ficou nada contente. Um cavaleiro não liga do nada para outro cavaleiro numa hora tão inoportuna, afirmou. A conversa acabou ali.
Em seguida enviei-lhe um email explicando que tinha ido a Malta exatamente para aprender a me comportar como os célebres cavaleiros da Soberana Ordem Hospitaleira Militar de São João de Jerusalém de Rodes e Malta, também conhecida como a Ordem Militar Soberana de Malta. Na manhã seguinte, então, ele me respondeu com mais boa vontade.
"Bem, imagino que ser um cavaleiro também signifique atender aos outros mesmo quando se é pego de surpresa num domingo à noite", ele escreveu.
E assim eu o encontrei numa terça à tarde no Forte de Sant'Angelo, no Grande Porto da capital maltesa de Valletta, onde ele é o único habitante da isolada fortaleza desde 1998. Vestido com camisa polo creme e mocassim, ele me cumprimentou com um caloroso sorriso e flutuou sua mão para cima. "Por aqui", disse o cavaleiro, e subimos a muralha.
A Ordem de Malta, fundada por volta de 1099 em Jerusalém, é uma sociedade de cavalaria católica romana. Em 1530, a ordem recebeu as Ilhas Maltesas em uma concessão perpétua por Carlos 1º, da Espanha, em troca da promessa de um falcão maltês por ano.
O grão-mestre Jean de la Valette, juntamente com seus cavaleiros, inaugurou a nova capital do país, que mais tarde seria descrita pelo ex-primeiro ministro britânico Benjamin Disraeli como "uma cidade construída por cavaleiros para cavaleiros".
Fra Critien é hoje o único cavaleiro no arquipélago que fez os votos da ordem, o que o torna o último verdadeiro Cavaleiro de Malta em Malta.
Nós caminhamos pela parte alta da Fortaleza de Sant'Angelo, um bastião medieval em tons de mel reconstruído no século 16. Ela serviu como sede maltesa do chefe da ordem e sede da ordem durante o Grande Cerco de Malta em 1565, quando os otomanos tentaram invadir o arquipélago.
A maior parte da fortaleza está sempre aberta a visitação. No último ano, exclusivamente, um limitado número de viajantes também pode visitar a seção mais isolada da construção, já que Valletta se tornou a Capital Europeia da Cultura de 2018. Mas Fra Critien está negociando com o Malta Heritage Trust para ampliar o acesso de visitantes para além de 2018. E espera inaugurar um pequeno museu dedicado aos recentes projetos dos cavaleiros.
Durante o tour, paramos numa espaçosa sala de estar cujas paredes eram adornadas com pinturas a óleo de grandes mestres, e eu endireitei os ombros copiando a nobre postura de Fra Critien. Dada à intenção de la Valette de criar uma cidade de cavaleiros, perguntei a Fra Critien o que exatamente significaria ser um cavaleiro aos olhos da ordem.


Brasão da ordemDireito de imagemIMAGEBROKER / ALAMY STOCK PHOTO
Image captionA Ordem Militar Soberana de Malta foi fundada em 1099 em Jerusalém como uma sociedade de cavalaria católica romana

O lema oficial da ordem, Tuitio fidei et obsequium pauperum ("Defesa da fé e assistência aos pobres"), define sua dedicação à religião e à caridade. "No passado, a defesa da fé estava andando a cavalo, lutando contra inimigos", disse Fra Critien. "Agora defendemos a fé sendo exemplo para os que nos rodeiam".
Doações, trabalho em hospitais e programas para jovens são parte das ações dos cavaleiros de Malta. Segundo Fra Critien, eles seguem uma característica fundamental: o orgulho humilde.
"Até espero que haja uma reação de 'uau!' quando usamos nossos uniformes ou trajes da igreja", afirmou Fra Critien. "Mas rezo para eu não me levar muito a sério por causa disso".
Hoje, ele explicou, a ordem tem cerca de cem cavaleiros e damas (como as mulheres-membro são conhecidas) em Malta, porém estes não fizeram os votos da ordem. No mundo, de Nova York a Londres e Roma, há em torno de 13.500 cavaleiros e damas na ordem. Mas muitos consideram difícil fazer votos de pobreza, castidade e obediência como fez Fra Critien - por isso ele mantém o status de solitário cavaleiro em Malta e um dos 55 da ordem no mundo.
"O cavaleiro é uma raça em extinção?", perguntou retoricamente. "Bem, até certo ponto, sim".
Mas Fra Critien não acredita que é necessário ser um cavaleiro para agir como tal: "Para ser honesto, não vejo grande diferença entre ser cavaleiro e cavalheiro".


Fra John CritienDireito de imagemKURT FARRUGIA
Image captionFra John Critien é o último cavaleiro de Malta com votos de pobreza, castidade e obediência à Ordem

No dia seguinte, quando cheguei à Casa Rocca Piccola, em Valletta, assegurei-me de manter minha postura ereta como a de um cavaleiro. A residência pertence ao Marquês Nicolau de Piro, membro da Ordem de Malta e procedente de uma das famosas famílias aristocráticas do país. A construção mantém sua elegância barroca do século 16, com uma fachada de calcário que brilha em tom dourado com o sol da tarde. Atualmente, o marquês e sua esposa abrem o labirinto de quartos à visitação.

https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-47005219?ocid=socialflow_facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário