Semana ainda mais agitada, Afinal de contas tivemos G20 e Gleen na Câmara, tivemos assinatura do acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia, cujas negociações já duravam 20 anos (comentarei amanhã), tivemos mais delações do The Intercept, entre outras coisas.
E vamos a elas.
Começamos pelo julgamento do Habeas Corpus de Lula, e pela presença de Glenn Greenwald na Câmara para explicar pontos das denúncias do The Intercept. Apesar de todas as evidências em contrário, Lula não conseguiu o Habeas Corpus no primeiro pedido julgado do dia. Também não conseguiu no segundo. Fachim e Carmem Lúcia certamente votarão contra, quando voltarem a analisar o tema, mas há grande chance de os outros 3 Ministros da Turma votarem a favor. Só que isso dependerá de 2 fatores. O primeiro é que se consiga alguma evidência mais paupável de que as conversas vazadas sejam verdadeiras. A segunda é que a política siga se deteriorando por parte do Governo e dos setores que o apoiam. Greenwald entra com importãncia nessa equação, porque seus vazamentos têm minado parte importante da sustentação governamental, e ainda coloca em xeque a própria credibilidade da Justiça, que não anda lá muito alta. Ainda dentro dessa salada de interesses, Lula, mesmo que solto, não deverá ser inocentado, porque seguiria inelegível. O país segue em estado de excesção, onde grupos políticos e sociais vêm sendo perseguidos e até exterminados. Mesmo que isso se travista de legitimidade.
Outro ponto importante foi a reunião do G20. Mais uma vez Bolsonaro envergonha o Brasil. Ele sabe que não tem a menor condição, a menor aceitação para estar entre os líderes das maiores economias do mundo. Ele também não tem postura para isso. O pito que recebeu de Angela Merkel e Macron, o patético vídeo para venda de bijuterias, as reuniões bilaterais canceladas, os BRICS o deixando de lado. Qualquer um desses episódios já seria bastante constrangedor, todos juntos são um desastre diplomático e na persepção que o país tem por seus pares.
Ainda na conta do G20 tivemos mais um exemplo de desorganização e falta de compromisso do atual governo com suas principais pautas. O tráfico feito num avião oficial da Presidência da República pode não ter se originado no atual Governo, mas necessariamente deveria ter sido terminado nele e por ele. A operação não foi detida pelo Governo brasileiro, mas pelo espanhol, e Bolsonaro não deveria agradecer a seu par peninsular, mas pedir desculpas, porque é inadimissível que se faça tráfico de drogas num avião que serve a Presidência da República. E diferente do que os defensores do indefensável estão dizendo, Bolsonaro e seu governo de alucinados irresponsáveis nada tiveram que ver com a prisão do Sargento, e o General, chefe da segurança, ainda disse que não teria meios para coibir tal fato. Se ele não pode coibir tráfico num avião que serve a Presidência, imaginem o resto dos problemas de segurança do páis? Começo a entender o porquê de Bolsonaro dormir com uma arma ao lado, mesmo dentro do Palácio do Planalto.
Sobre o Acordo Comercial Mercosul-UE comentarei amanhã.
Nosso Governo também teve mais ligações com crimes e desvios apresentadas. O Ministro do Turismo já vinha sendo acusado de desvios durante o período eleitoral. Agora teve um acessor preso e sua situação fica ainda mais debilitada, não dentro do Governo, mas dentro da política.
Por sinal não me lembro de um governo com tantas acusações e ligações com crimes de diversas matizes. Nem o Governo Temer, que desde o início teve muitas denúncias de desvios públicos, foi tão diversificado nos tipos de crimes e nos posicionamentos reprováveis.
E digo essas coisas porque o Governo segue perdendo apoio e coesão política. Os avanços, ou ações que acontecerão no país se darão por obra quase que exclusiva do Legislativo, e por setores técnicos, porque politicamente o Governo vaza água por todos os lados, conseguindo perder apoio até mesmo daqueles que deveriam defendê-lo, já que saíram do mesmo seguimento político. Rodrigo Maia já estava em franca dissensão, agora Davi Alcolumbre se uniu a ele.
E as denúncias do The Intercept, agora com parceiros de peso da imprensa tradicional, chegaram às intervenções diretas de Moro e da Força Tarefa da Lava-jato em uma disputa com o STF. Também na última eleição presidencial, que parte do Juiz foram tão sérias, que mereceram críticas até mesmo de alguns Procuradores. Mas isso entre outras coisas, como o reconhecimento de violações do devido processo legal por parte do juiz, etc. O que esqueceram é que ele não o fez só.
E ainda que relegado a segundo plano, ao menos em relação às explicações de Moro no Senado, a participação de Glenn Greenwald foi muito interessante, e teve momentos sérios, mas hilários, como a invertida que deu na Deputada Carla Zambelli. Se Moro não se explicou, mas conseguiu um empate técnico no Senado, Glenn deu uma invertida no próprio Ministro da Justiça, e meteu mais pressão ainda em sua posição, mesmo não tendo revelado nada.
Esperamos os áudios.