O Ministério da Defesa, amparado pelas Forças Armadas brasileiras emitiram uma nota muito infeliz ontem após críticas do presidente da CPI da Covid, Senador Omar Aziz, sobre as acusações de corrupção que pairam sobre alguns integrantes de nossas valorosas "forças de defesa", e que vieram à luz devido aos trabalhos da CPI da Covid, presidida por Aziz.
Nossos "bravos" comandantes militares levantaram a voz, e ao invés de abrir sindicâncias internas e, caso confirmadas as denúncias, punir os faltosos, ameaçam aqueles que investigam fatos e atos. Claro que fatos e atos humanos são cometidos por humanos, e claro também que, via de regra, acabam por chegar a pessoas. A profissão dessas pessoas não importa.
Como também a declaração do Senador Omar Aziz não teve absolutamente nada de ofensiva às FFAA brasileiras, já que ele em momento algum atacou as corporações às quais pertencem os envolvidos nas denúncias, tendo inclusive tido o cuidado de deixar claro que "há membros do lado podre das FFAA envolvidos em falcatruas dentro do Governo, e os bons das FFAA devem estar muito envergonhados".
Sim, todas as profissões, todos os segmentos de qualquer sociedade tê pessoas boas e ruins, têm pessoas honestas e desonestas, e as FFAA brasileiras não são exceção. Como também as FFAA brasileiras não são parte da elite da sociedade nacional. Basta lembrar que por ela passaram e passam Bolsonaro, Mourão, Pazuello, etc. Se esse pessoal é elite de alguma coisa, não quero conhecer a escória.
Mas isso não é uma crítica às FFAA no sentido de serem elas boas ou ruins, mas de que seus quadros são como todos os quadros do país, formado por gente extremamente séria e capaz, e também por alguns que não são tão sérias, ou que não são capazes. Temos isso entre engenheiros, médicos, advogados, professores, etc.
A crítica aqui é exatamente a mesma que o Senador Aziz fez, de que há membros ruins nas FFAA brasileiras, que os que são bons militares devem estar envergonhados, mas como eu já tenho os desdobramentos da crítica feita pelo Senador acrescento o fato de que os Comandantes das FFAA cometeram insubordinação, e que o Ministro da Defesa, Braga Neto, foi extremamente infeliz e fora do tom na nota que emitiu. Isso é piorado na entrevista dada pelo Comandante da Aeronáutica, o Tenente-Bragadeiro Carlos de Almeida Baptista Jr, quando fez ameaças explícitas ao processo democrático, quando advoga às FFAA um direito de intervenção que elas não têm, e volta a colocar as FFAA ao lado de um (des)Governo irresponsável, incompetente, mentiroso, corrupto e genocida.
O problema é que, quando membros de um órgão de Estado se põem a serviço de um governo, eles se confundem com esse governo, e aí sim há o risco sério de se manchar o nome desse órgão de Estado.
E esse é o caso aqui. O Senador Aziz não generalizou nada - mentira da nota do Ministério da Defesa - mas o fato de um General da ativa ter assumido o Ministério da Saúde, ter feito uma gestão horrorosa, ter nomeado vários outros militares da ativa e da reserva para este Ministério, e sobre vários deles pairarem acusações e suspeitas de corrupção, isso sim suja e mancha o nome dos órgãos de Estado aos quais pertencem esses que corroboraram a infeliz nota emitida pelo MD, e que foi corroborada por eles.
No fim um golpe de estado pode não ser algo impossível. Talvez nem mesmo a sua manutenção seja impossível, por mais que isso pareça anacrônico, e inadmissível. Mas é certo que um golpe de estado lançará o país nas trevas do obscurantismo, do atraso econômico, do retrocesso civilizatório, tornará o país um pária, e dificilmente haverá um grande acordo nacional que venha mais uma vez garantir anistia a criminosos.
Talvez isso não seja uma boa ideia.
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