Antes de tudo vamos entender uma coisa, a inflação é uma questão macroeconômica, e salvo raros e específicos fenômenos locais que atingiriam apenas uma pequena região, ou até mesmo uma região maior, os preços costumam ser alinhados às condições dadas pela macroeconomia. Mas estes fenômenos costumam se restringir a um ou outro artigo, ou segmento econômico. Um exemplo é uma seca muito prolongada no Sul, que pode fazer com que o preço de alguns alimentos aumente. Ainda assim tal fenômeno ainda está na esfera macroeconômica, e esta apenas é afetada por uma situação regional específica e passageira.
Agora vamos entender uma segunda situação, também fundamental para esta postagem. Quem gere a macroeconomia é o Governo Federal. Os governadores não têm absolutamente nenhuma ingerência sobre a macroeconomia, o que deixa a responsabilidade sobre o controle da inflação, que como já dissemos é uma questão macroeconômica, por conta única e exclusiva do Governo Federal.
De onde Jair Bolsonaro tirou a ideia estúpida de que os governadores têm que ajudar no combate à inflação? Governadores não têm responsabilidade, força, ou ferramentas para empreender políticas anti-inflacionárias, ainda mais quando essa inflação é de custo, provocada pela desvalorização da moeda brasileira, já que a maioria do que consumimos é importado. Sim, porque ainda que tenhamos algumas indústrias no Brasil, os insumos principais são importados, desde o pão francês, passando por remédios, carros, e chegando aos aviões da Embraer.
Aí vão dizer que os governadores podem abaixar impostos estaduais. Não, não podem não. Os estados de nossa federação não imprimem dinheiro, e têm contas a pagar, estando a maioria já inadimplentes, ou à beira da inadimplência. A diminuição de seus impostos significa queda na arrecadação já precária da maioria deles, e um agravamento da problemática situação financeira dos estados.
O que pode e precisa ser feito é uma política séria de reindustrialização do país, substituindo importações, melhorando nossa pauta exportadora, fazendo com que o agronegócio passe a ser um ganho a mais na nossa balança comercial, e a produção brasileira volte a ter algo grau de componentes nacionais, principalmente de alto valor agregado. Isso diminui a pressão do câmbio sobre os preços internos, melhora arrecadação de todos os entes da Federação, gera empregos de boa qualidade, e estabiliza de verdade a economia, que vem servindo a um rentismo irresponsável e inconsequente há mais de 30 anos. O Brasil precisa sair dessa armadilha que já o levou a perder décadas de desenvolvimento, e que a persistir pode tornar o país apenas um amontoado de miseráveis tentando sobreviver em meio a imensa riqueza que o Brasil possui.
Bolsonaro: Não consigo resolver inflação sozinho, dependo dos governadores
O presidente Jair Bolsonaro voltou a avaliar que a economia brasileira "está se recuperando", porém a retomada, de acordo com ele, "não vai ser tão rápida quanto muitos querem'".
Diante da alta da inflação no país, o chefe do Executivo disse que há solução, mas acrescentou: "Não consigo resolver sozinho, passa pelos governadores".