O pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, foi duramente atacado por alguns petistas de alto escalão, partindo os ataques dos ex-presidentes Lula e Dilma. Verdade que isso veio após Ciro dizer que Lula havia conspirado para a derrubada de Dilma em 2016. Paralelo aos ataques petistas, Ciro também é atacado por bolsonaristas. Carla Zambelli e Carlos Bolsonaro partiram para cima de Ciro.
Os ataques vindos do PT têm a marca do partido. Por um lado são enraizados no mais puro identitarismo, que faz com que qualquer crítica dirigida a uma mulher seja misoginia, mesmo que essa crítica seja puramente profissional. Por outro vem coalhado de ignorância, que justamente contradiz o que o lado identitário do partido defende, e fazem comparações esdrúxulas e desrespeitosas, no caso com os portadores de sequelas da Covid.
Já do campo bolsonaristas os ataques também têm o tom de sempre, e falam de comunismo, esquerda, enganação, Venezuela, etc.
Mas os ataques a Ciro são relativameante despropositado, e por dois motivos principais. Primeiro porque Ciro apenas relembra fatos públicos. No caso de Lula o fato de ele ter articulado para retirar Dilma da Presidência, e ter criticado seu governo. Quanto a ter trabalhado pelo golpe é dúbio, porque se sobram evidências, aí faltam provas.
No caso de Bolsonaro, Ciro apenas repete o noticiário e as apurações da CPI da Covid. O governo é corrupto, tem estranhas ligações com o submundo do crime organizado - principalmente no Rio - e além de tudo é extremamente incompetente e irresponsável, sendo que vários de seus atos podem ser considerados ilegais e/ou criminosos.
Mas os dois lados se unem nos ataques vazios de conteúdo, mas que de forma alguma rebatem ou explicam as críticas e acusações de Ciro. Os dois lados partem para adjetivações pessoais, mas nem de longe as rebatem, ou negam.
E Ciro provoca essas situações propositadamente. Primeiro porque após a campanha de 2018 perdeu qualquer respeito ou consideração que pudesse ter pelo lulopetismo, e nunca a teve pelo bolsonarismo (aqui falo dos movimentos políticos, não de grandes parcelas da população).
Segundo porque Ciro precisa quebrar a bolha da polarização que existe entre os dois movimentos que divergem em alguns pontos (alguns importantes), mas que convergem firmemente na essência econômica e ligação a grandes grupos econômico-financeiros.
Ciro não está atrás dos votos dos petistas e bolsonaristas convictos. Ao contrário, ele está atrás daqueles que hoje votam em um ou em outro por não verem opção, ou por já anteciparem um segundo turno. Ciro também busca os votos daqueles que anularam ou se abstiveram de votar nas últimas eleições por falta de afinidade com qualquer dos lados. E Ciro busca furar a bolha polarizada que domina a grande imprensa e o debate nacional, além de desestabilizar os dois lados dominantes.
Não dá para saber se Ciro ganhará as eleições, mas dá para termos certeza que Ciro está tendo êxito em alguns aspectos, e tentarei mostrar isso nas minhas próximas postagens.
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