Essa é outra jornalista de quem discordo em quase tudo, mas ela vem agora e diz exatamente aquilo que digo há uns 3 anos. Na verdade desde que começaram as movimentações pela corrida eleitoral de 2018, e que falei que o PT precisava se afastar momentaneamente da disputa para presidente, enquanto reestruturava seus quadros, preparava novas lideranças, e traçava novos rumos, não apenas eleitorais, mas também de gestão pública e estratégia de desenvolvimento.
Isso se faz necessário porque no Brasil está se confundindo poder com estratégia de país, de nação, porque a quase totalidade dos partidos não passam de aglomerados que visão unicamente o poder, e não se preocupam com a construção de um futuro sedimentado em base concreta e forte. O PT, no momento, está entre esses partidos, que também são chamados fisiológicos, e que se preocupam única e exclusivamente com seus projetos de poder, e deixam a construção de uma nação forte e soberana apenas como resultado do acaso, ou como um efeito puramente colateral.
Foi exatamente isso que tornou o PSDB o arremedo de partido político que é hoje. O outrora poderoso e orgulhoso partido tucano, hoje não passa de um coadjuvante da política nacional, quando poderia ser um real líder nesse cenário.
Mas assim como Vera deixa transparecer no final de seu texto, quando diz que purgar as feridas do PT seria salutar, que ela considera o PT um partido importante, eu também o considero. Mas não esse partido cuja cúpula mergulhou num fisiologismo barato, em troca do direito ocasional de dar alguma esmola à população mais desvalida. Mas um partido que pense o país, seu desenvolvimento econômico e social, que tenha uma estratégia para avançarmos em nosso processo civilizatório, algo que o PT perdeu ao longo das últimas duas décadas, em prol de um projeto simplesmente de poder.
Lula é peça central nessa engrenagem petista, e até pelas aproximações que tem feito, mostra que não aprendeu absolutamente nada de seus erros crassos, cometidos durante as duas últimas décadas. O partido o segue cegamente.
Mas se Lula se recusa a fazer uma análise crítica e honesta sobre tudo o que aconteceu durante esse período, então outros precisam fazê-lo por ele, e ele será devidamente cobrado.
E volto a repetir, ninguém pede algo do tipo "lavagem de roupa suja familiar", ou uma penitência cristã, mas pura e simplesmente a mudança de rumos, a mudança de postura, e mais honestidade no trato da coisa pública, e também da política.
Nada disso se vê, mas tão somente as mesmas práticas danosas e apodrecidas que nos trouxeram até aqui.
Como Vera Magalhães diz no final de seu texto, isso é salutar, não apenas para o país, mas também para o próprio PT.
Mas já que eles não fazem, alguém o fará por eles (no momento Ciro Gomes, mas mais a frente outros se juntarão a ele), e aí será pior para o PT.
Ciro e as verdades indigestas para o PT
Ciro Gomes tocou em feridas que ainda purgam para o PT e para Lula, mas que a narrativa de que tudo que se viu na Lava-Jato foi uma armação para levar ao impeachment de Dilma Rousseff e à prisão de seu padrinho e antecessor tenta esconder debaixo do tapete.
Num vídeo de quase seis minutos, em que se percebe a pena, a vivência e o talento de João Santana, ex-marqueteiro de Lula e Dilma hoje com o pedetista, um Ciro com semblante sereno pontua muitos aspectos profundos e importantes que nos trouxeram até aqui, mas que são verdades indigestas ao lulopetismo.
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