sexta-feira, 31 de março de 2023

Novo teto de gastos?

Vamos lá. Pelo que entendo da proposta do Ministro Fernando Haddad o aumento dos gastos está limitado a 70% do aumento da receita. Ou seja, se a receita aumentar 10, os gastos só aumentam 7. A não ser que as informações que vi na imprensa estejam distorcidas, não é 70 das receitas, porque se assim o fosse, já teríamos necessidade de desinvestimento pesadíssimo já agora.

E se faz algum sentido pelo lado de garantir superavit para o pagamento da dívida, volta a apresentar o mesmíssimo erro do teto de gastos atual, que não inclui a própria dívida e seus serviços nessa conta. 

Ou seja, mais uma vez o governo irá cortar em Saúde, Educação, Segurança, etc, e manterá juros e rolagem de dívida fora do arrocho manetário.

Outro fato a ser observado com atenção é que, sem aumento da atividade econômica, e sem aumento de impostos, a arrecadação aumenta quase que no mesmo ritmo da inflação, o que na prática significa uma âncora fiscal ainda mais draconiana que o Teto de Gastos implantado por Temer.

Claro, se forem acompanhadas de aumento da carga fiscal para os ricos, e de redução na carga fiscal para os mais pobres, então ela tem alguma chance de sucesso, porque deveremos ter algum crescimento da economia, e um aumento da arrecadação de forma sustentável e progressiva.

Mas tenho dúvidas de que esse governo reacionário faça isso, e o aumento da carga fiscal deverá se concentrar apenas no consumo das classe mais baixas mesmo, da mesma forma que estão fazendo na taxação de seus já minguados rendimentos.

Por Julia Duailibi

Julia Duailibi é comentarista de política e economia da GloboNews.


A proposta de novo arcabouço fiscal que Fernando Haddad apresenta a líderes dos partidos na Câmara nesta quarta-feira (29), segundo o blog apurou, traz regras de gasto, combinadas com metas de superávit primários e mecanismos de ajuste em caso de não atendimento dessas metas. A proposta para a nova âncora fiscal prevê limitação do crescimento dos gastos a 70% do crescimento da receita.


A ideia é que a variação da despesa esteja relacionada à variação da receita.





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