quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Avançam as negociações por paz no Leste europeu, mas nada resolvido ainda

Pessoal, no último domingo participei numa live no Canal Brasil Grande, e na oportunidade disse que a reunião entre Trump e os “Dispostos” na Casa Branca seria recheada de bullying e pressões. E foi. Não como o absurdo visto contra Zelensky ou Cyril Ramaphosa – Presidente da África do Sul –, mas um bullying sutil, quando comandou, controlou deu o tom da reunião, e lembrou algumas vezes das debilidades europeias, inclusive do ridículo acordo comercial aceito por Von der Leyen, que foi duramente criticado pelos Estados membros da UE, e por analista, incluindo este humilde palpiteiro. Quando critiquei esse acordo, lembrei que com ele a UE se rendia definitivamente a Trump. 

Sim, em Washington Zelensky negou qualquer aceite a um acordo como este, os líderes da UE e da NATO disseram que tal aceite seria inaceitável, voltaram a insistir na estupidez de que o lado que está vencendo a guerra precisa se render incondicionalmente por uma ideologia estúpida quando fora da realidade (algo que os alemães fizeram na WWI), voltaram a falar de tropas europeias de paz, etc. 

Mas a realidade se impõe de forma acachapante, e os discursos aos poucos vão mudando. Já é admitida a perda de território da Ucrânia, assim como um arranjo de segurança para o que restar do país, e até mesmo para a UE, embora esta nunca tenha estado ameaçada de fato pela Rússia. Na verdade, nem a Ucrânia, mas ela fez questão de provocar os russos por mais de uma década, confiando que o armamento e o apoio da NATO iriam ser suficientes para desafiar o gigante euroasiático. Como vemos, estavam errados.

 Além de já apresentar uma mudança na direção das posições geopolíticas da “Coalisão dos Dispotos”, o encontro na Casa Branca também serviu para abrir margem a outro grande movimento, que seria uma reunião direta entre Putin e Zelensky, possivelmente em Moscou. Ainda não está confirmado mas já se fala nisso. 

Agora, paz mesmo, isso ainda demora um pouco, e os russos não irão abrir mão de suas demandas mínimas. O problema é que, quanto mais a paz demorar a chegar, maiores serão as demandas mínimas russas. Repito: quem vence impõe as regras.


domingo, 17 de agosto de 2025

Reunião na Casa Branca será recheada de pressão pela paz

Pessoal, como eu disse, já há uma série de líderes de países, de organizações internacionais, e seus assessores, que sabem do exato teor do que foi conversado entre os Presidentes do EUA Donald Trump e da Rússia Vladimir Putin. O próprio Zelensky já soltou um comunicado de que ele não irá evacuar suas tropas das áreas reclamadas pela Rússia, mentiu ao dizer que a Rússia não diz o que quer, quando isso é de conhecimento geral, e voltou com o discurso de “Putin malvadão, Rússia agressiva”. 

Na recusa inicial de Zelensky, apoiada por vários líderes europeus, Trump convocou (sim, o termo certo é convocar) uma reunião já na segunda-feira, dia 18 de agosto, na Casa Branca, em que estarão presentes, além de Trump e Zelensky, o Presidente francês, Emmanuel Macron, o Presidente finlandês Alexander Stubb, o chanceler alemão, Friedrich Merz, pela premiê italiana, Giorgia Meloni, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, e pelo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte. Mas antes de Washington eles realizaram hoje uma reunião da chamada “Coalisão dos Dispostos”, quando voltaram a declarar total apoio à Ucrânia. 

Na capital estadunidense certamente haverá uma explanação mais aprofundada da proposta, e também haverá enorme pressão de Trump pelo aceite dos termos russos. Como falei no vídeo em que analisei a reunião entre Trump e Putin no Alasca, os europeus não têm nem tempo nem recursos para levarem essa guerra muito mais além sem a ajuda do EUA. Eles devem acabar cedendo. Enquanto isso os russos não vão parar a guerra enquanto não tiverem suas exigências atendidas, e como foi avisado aos negociadores ucranianos na primeira reunião depois da retomada das negociações bilaterais, “agora eles reivindicam 4 oblastes, se demorarem muito serão 8.” E uma curiosidade, Zelensky vai vestir um terno desta vez, ou vai seguir fantasiado de soldado?


sábado, 16 de agosto de 2025

Reunião no Alasca mostra que há avanços, mas ainda há pontos a serem discutidos

Falaremos agora sobre o futuro do mundo.

Pessoal, que arrogância, heim? “Falaremos sobre o futuro do mundo”. Bom, talvez não cheguemos a tanto, mas chegamos perto disso, porque ontem tivemos a tão esperada reunião de cúpula entre EUA e Rússia. Não foi um encontro de apenas seus presidentes, mas incluiu mais 2 assessores de cada lado. Não se sabe exatamente o que foi tratado durante as pouco mais de 3 horas a portas fechadas, e não se falou absolutamente nada de específico do que ou como cada ponto foi tratado, menos ainda da definição desses pontos, e praticamente tudo o que se fala por fora dessa reunião não passa de especulação. Além dos 6 que estiveram presentes nesse sala, apenas algumas outras poucas pessoas já devem ter sido informadas sobre o conteúdo das conversas. Zelensky e seus auxiliares mais diretos, alguns líderes europeus e seus assessores mais próximos, e líderes da NATO, talvez da UE, uns poucos alto comissários dos governos estadunidense e russo. A princípio mais ninguém, e fora os alto funcionários dos governos estadunidense e russo, os outros devem ter sido informados de temas que lhe dizem respeito direto, e outros pontos da conversa devem ter sido omitidas a eles.

E isso não tem nada de mais, é assim mesmo que as coisas funcionam. Mas apesar de não termos sido informados claramente dos temas discutidos e dos avanços obtidos, isso não significa que não saibamos de absolutamente nada do que ocorreu, e é por isso que podemos analisar a reunião. Então vamos a eles.

Alguns sintomas que eram temidos por muitos analistas, que eu não descartava de ocorrerem, e que eu disse que os russos tirariam de letra. Começou com Lavrov chegando com um agasalho da União Soviética (mesmo no verão o Alasca pode ser bem frio). Isso não era um desafio ou um aviso de voltar à configuração territorial do passado como alguns desesperados saíram divulgando, mas um retorno da altivez e do poder. A Rússia não quer retomar o território soviético, mas já retomou a importância, o poder e ela terá que ser respeitada. É isso que esse agasalho significa.

Na chegada de Putin, alguns sintomas ambíguos, mas interessantes. Trump aplaudiu e recebeu o russo com um sorriso, e foi criticado pela mídia estadunidense por isso. Um desfile aéreo com um bombardeiro estratégico escoltado por alguns caças, que ambos viraram a cabeça para olhar. Qual o objetivo disso? Após a foto oficial, Trump pareceu puxar a mão de Putin para tentar desestabilizá-lo, não conseguiu e Putin puxou a mão para onde deveria estar. Mas coisas menores dentro do contexto geral. Podem ter tido a intenção de desestabilizar os russos, se foi isso não chegou nem perto. Se foram apenas coincidências, apenas mostra certa falta de cuidado.

Apresentação oficial, quando repórteres tentaram lançar perguntas a Putin, que chegou a fazer algumas graças, gerando até mesmo memes nas redes sociais.

Portas fechadas, e ninguém sabe o que realmente ocorreu lá dentro.

Na sequência a declaração dos dois líderes, em que os especialistas em relações internacionais dizem que houve uma inversão de ordem nas declarações, com Putin falando primeiro. E ele falou pouco, mas disse muito. E o que ele disse já foi dito diversas vezes. Disse que espera que não haja a tentativa de sabotar um processo de paz na Ucrânia, ou seja, ele deve ter chegado a algum acordo com Trump, mesmo que parcial. Disse que todas as demandas russas devem ser respeitadas e atendidas. Agradeceu a Trump e disse que realmente, fosse ele o Presidente dos EUA, provavelmente não teria havido conflito na Ucrânia, mas não deixou de dar ao EUA sua culpa nos acontecimentos, quando afirmou ter falado várias vezes com o antecessor de Trump na tentativa de evitar o conflito, mas foi ignorado. Com isso ele afagou a alma do estadunidense e ainda lhe deu a oportunidade de tirar o EUA do conflito tendo a desculpa do “conseguimos um acordo, se vocês não aderem ao acordo fica por sua conta e risco”. Só que a Europa, e muito menos a Ucrânia têm a menor condição de prosseguir com o conflito sem o Tio Sam, mesmo que ainda compre armas do EUA, os problemas sociais que traria ao Velho Continente seriam desastrosos para todos eles.

Por sua vez Trump não deixou de aproveitar a oportunidade para passar a responsabilidade justamente a Zelensky e aos europeus. Disse que está servindo como uma espécie de ponte, que espera que eles aceitem as propostas, falou da boa vontade de Putin em alcançar a paz, e dos avanços que tiveram em vários pontos, ainda que não em todos. Ao final falou de mais uma reunião com os russos, quando Putin falou que isso deverá ocorrer em Moscou, ao que Trump respondeu que teria muitas pessoas contra isso no EUA, mas que poderia ser arranjado.

Falou-se também em melhoria de relações entre os dois países, inclusive comercialmente.

Ao fim o encontro foi muito importante e certamente apresentou avanços. Algumas coisas claramente ficaram para serem discutidas com outros atores, como as garantias de segurança aos ucranianos e aos próprios europeus, e isso precisa ser negociado com eles, mas parece que Trump aceitou os termos russos, todos os que eles têm colocado publicamente na mesa, como as questões de segurança, a incorporação da Crimeia e dos oblastes conquistados. Parece que algumas questões comerciais russas também estão sendo discutidas, e alguns interesses comerciais estadunidenses também.

O ponto agora é como reagirão europeus e ucranianos. Até o momento o isolamento a que foram colocados nessas negociações não parece que caiu muito bem entre eles, e houve protestos de algumas lideranças sobre sua ausência na mesa de negociações. Mas como eu disse num outro texto que publiquei pouco antes do encontro, a subserviência com que se colocaram frente a pressão econômica de Trump, o acordo ridículo aceito pela liderança da UE, apenas mostra que eles não têm o que fazer naquela mesa. Cabe agora a Trump enfiar mais um acordo goela abaixo dos europeus. E nem será um acordo desvantajoso a eles, porque no campo de batalha eles não têm a menor condição de virar o jogo, e quem vence impõe as regras. A saída por um acordo diplomático é ótima aos europeus, porque disfarça a humilhação de uma iminente derrota com a consequente rendição, em um acordo diplomático, com ares de negociação.

Como eu disse, a depender do que Trump consiga com seus aliados da NATO, então poderemos ter um cessar-fogo em tempo relativamente breve na Ucrânia. Mas deve ser realmente breve, porque os russos seguem avançando, e a Ucrânia está cada vez mais debilitada e sem condições de resistir ao avanço que vem do Leste. Seja como for, caso os aliados da NATO rejeitem as negociações de Trump, não será de admirar que ele os deixem pendurados na broxa. Putin e Trump deixaram aberta essa possibilidade, ainda que esperem por um acordo.

Paz no Cáucaso pode causar outra guerra

Pessoal, hoje temos o encontro presencial entre Trump e Putin no Alasca, mas enquanto não temos os resultados desse encontro que poderá vir a ser Histórico, vamos falar de novos avanços geopolíticos que poderão vir a ser desastrosos, mas desta vez para a região do Cáucaso. 

Dia 08 de agosto, exatamente uma semana atrás, o Primeiro Ministro da Armênia Nikol Pashinyan e o Presidente do Azerbaijão Ilham Aliyev assinaram um acordo de paz que deve por fim a algumas décadas de conflito entre os 2 países. Detalhe é que o acordo foi assinado na Casa Branca, praticamente apenas Donald Trump falou, como sempre se vangloriando de sua participação no processo. 

Só que o que interessa a Trump é outra coisa, porque nos acordos a Armênia cedeu aos estadunidenses a exploração do chamado corredor de Zangezur, próximo a fronteira com o Irã, e isso por 99 anos. O corredor, que passará a chamar-se Trump, fica em uma região montanhosa e o EUA se comprometeu a instalar redes de energia, fibra ótica, petróleo e gás na região. O corredor liga dois pontos do território azeri, sendo um o Nagorno-Karabakh, que foi tomado pelos azeris aos armênios há coisa de 2 anos, num processo de invasão e limpeza étnica. 

O problema nisso tudo é que há rumores de que o EUA irá instalar uma base militar na região, que ligará o território azeri à Turquia. Isso coloca em risco a ligação entre Irã e Rússia, as chamadas Novas Rotas da Seda, e a possível base estadunidense na região é vista pelo Irã como uma ameaça direta à sua segurança, e Ali Velayati, conselheiro para assuntos internacionais do Aiatolá Komeney já disse que os iranianos não aceitarão algo do tipo tão próximo à sua fronteira, e já ameaçaram usar de força militar para impedir a instalação dos estadunidenses na região, caso tentem fixar uma base militar por lá. Para completar isso colocaria em risco a própria Federação Russa, que seria ameaçada pelo EUA pelo Sul na região do Cáucaso. 

Caso tente instalar uma base militar na região, talvez o pacifista Trump consiga mais uma guerra, uma vez que nem Rússia, nem Irã aceitarão a presença militar do EUA nessa região.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Qualquer ataque a Putin seria uma loucura completa

Pessoal, na próxima sexta-feira, dia 15 de agosto de 2025, está programada uma reunião entre os Presidentes Donald Trump, do EUA, e Vladimir Putin, da Federação Russa. Sobre isso, a única coisa que se sabe oficialmente, é que Steve Wittkof esteve em Moscou levando uma proposta ao Presidente russo para um cessar-fogo na Ucrânia. Ele saiu de Moscou com uma resposta, possivelmente uma contra-proposta, que foi aceita pelo Presidente estadunidense. Com isso rapidamente foi marcada a reunião que citei. 

Oficiosamente, porque os comentários veem de Oficiais do governo russo, a proposta americana era aceitável para gerar tal encontro. Do lado estadunidense apenas a indicação da reunião, e fofocas de jornais. Se o cerne da proposta for o que a grande mídia internacional tem mencionado, então os russos enlouqueceram, porque eles já recusaram tudo o que tem sido dito por essa mídia. 

Por outro lado tenho visto alguns analistas sérios, e todos preocupados com a tática trumpista de “humilhar” seu “oponente” numa negociação, e depois tirar vantagem da situação vexatória que é colocada nele. Os russos já avisaram para não tentarem nada parecido com isso, porque eles não são Zelensky ou o Presidente da África do Sul, ou o Irã. E olhem que não conseguiram humilhar o Irã. O último ataque com Israel foi iraniano na capital israelense, o último bombardeio com o EUA foi iraniano numa base militar estadunidense.

Sim. Trump é disruptivo, relativamente imprevisível, mas ele sabe onde pode ou não pisar. Uma tentativa de humilhar Putin não me parece que daria certo, porque o russo é amplamente superior em todos os aspectos do confronto retórico. Fazer algo pior seria uma estupidez completa, e levaria inevitável e rapidamente a uma guerra aberta entre as duas potências nucleares, e ao rápido envolvimento de várias outras, de um lado e de outro. O encontro pode até não dar em nada, embora eu ache que dará ao menos um cessar-fogo, mas dificilmente será palco para uma loucura de Trump. Não há espaço para isso nessa situação. A não ser que eles queiram escalar ainda mais o conflito, ou generalizá-lo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Não se Sabe o Teor das Propostas Que Geraram o encontro entre Putin e Trump

Pessoal, a verdade é que não se sabe o que foi proposto e contra-proposto durante a visita de Steve Witkoff a Putin na semana passada. A única coisa que se sabe é que o Kremlin considerou a oferta da Casa Branca suficiente para gerar um encontro direto entre 2 dos 3 Presidentes mais poderosos do mundo na atualidade, e que isso ocorrerá na próxima sexta-feira, 15 de agosto.

Achei importante frisar isso porque temos visto muita especulação, principalmente por parte da mídia tradicional. Ainda que o teor da proposta contenha a garantia das conquistas territoriais russas, dificilmente seria apenas isso. Adicionalmente o discurso territorial parece vir apenas para tentar validar o discurso sustentado pela grande mídia de que a invasão da Ucrânia seria apenas uma guerra de conquista territorial, e não a busca por garantias de segurança ao Estado Russo.

Outro ponto importante a frisar é que a oferta foi suficiente para gerar esse encontro, e em nenhum momento o Kremlin falou em cessar-fogo, e muito menos em acordo de paz.

Claro que quando ocorre um encontro desse nível, então devemos estar bem mais perto de algum acordo do que antes, mas ainda nada assim isso não é garantia de tal acordo, mesmo porque dificilmente os russos aceitarão apenas a palavra e a assinatura dos Ocidentais num papel. Eles provavelmente exigirão garantias de controle do cumprimento do acordado. E isso eu não sei se o Ocidente está disposto a dar.

sábado, 9 de agosto de 2025

Movimentações geopolíticas são de reajustes de posição

Pessoal, apesar de não termos visto grandes movimentações geopolíticas nos últimos dias, elas seguem ocorrendo e são importantíssimas. Com grandes movimentações eu me refiro ao início ou escalada em uma guerra, ou um ataque comercial, etc. Esse período tem sido mais marcado por posicionamentos que devem vir a se transformar em movimentações geopolíticas.

Desses posicionamentos o mais relevante é o encontro que está sendo preparado entre Putin e Trump para o dia 15 de agosto no Alasca, informaram os lados. Muita coisa deve ser tratada, nada efetivamente resolvido, salvo se a proposta e a contra-proposta levadas por Steve Witkoff sejam bastante amplas, algo que não parece. Talvez tenhamos um cessar-fogo mais prolongado na Ucrânia brevemente. 

Outro encontro importante é o que ocorrerá entre os 3 grandes, Putin, Trump e Xi Jimping na China, durante as comemorações pelo fim da WWII. Novas condições podem ser negociadas entre os 3, e aí começaremos a saber se o discurso dos 2 membros do BRICS é sério, ou só uma forma de atacar o Ocidente por nova hegemonia mundial opressora. 

Enquanto isso membros menores dos BRICS se aproximam e enfrentam os ataques americanos. O encontro entre Lula e Modi é mais do que exemplo disso. Ambos mostram ambiguidade em suas ações, porque enfrentam, fazem discursos nacionalistas, mas se mostram prontos a abrirem mão de parte de suas soberanias. Lula é o mais ambíguo. Alinhava novos mercados, negocia com os próprios membros dos BRICS para dar vazão à parte da produção brasileira que os estadunidenses sobretaxaram de forma unilateral, não impôs a prometida reciprocidade, e envia seu Vicepresidente e seu Ministro da Fazenda para negociar os interesses de Trump, mais notadamente as terras raras brasileiras, e o sistema de pagamento PIX. 

Só que nada deve ser resolvido efetivamente nessas poucas reuniões, ou mesmo nos próximos meses (salvo talvez o conflito no Leste Europeu), mas elas devem mostrar tendências, devem mostrar rumos. Os europeus estão escanteados pelo ridículo acordo que a UE fez com Trump, japoneses desde a Segunda Guerra Mundial e como eu disse, começaremos a ver se Rússia e China realmente querem um mundo multipolar, ou simplesmente participarem do banquete Ocidental, se o EUA está disposto a abrir mão de nacos de seu poder mundial, ou se irá para o embate militar direto, se membros médios do BRICS têm influência e condições de defender seus interesses e interferir nos acontecimentos ou se apenas aceitarão as decisões das superpotências de forma vassala, ou mesmo se teremos uma escalada das tensões. 

As forças reajustam suas posições para fazerem suas próximas jogadas. Zelensky não tem as cartas, mas todos esses outros atores têm, a questão é se e como as vão utilizar. Muito em jogo nas próximas semanas, absolutamente nada definido.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Ocidente e BRICS entre provocações e conversas

Pessoal, as tentativas de intimidação e provocação que podem levar a uma guerra generalizada continuam. Uma das sanções que podem ser aplicadas pelo EUA aos russos caso eles não parem o conflito na Ucrânia é uma sanção ao que eles chamam de “frota fantasma”. De fantasma a frota não tem nada, ela apenas não é registrada e nem controlada por empresas ocidentais, como o Lloyd Register, e seus seguros são feitos na própria Rússia. 

Ao mesmo tempo os russos voltaram a atracar um submarino e uma fragata em Cuba. Apesar de EUA e Cuba dizerem que não há provocação nisso, o fato é mostra de reaproximação de Moscou e Havana, e não dá para dizer que não há uma tentativa de demonstração de força dos russos aos estadunidenses, já que Cuba está a menos de 200 km da costa do EUA, que pode ser rápida e facilmente alcançada por ataques dessa localidade. Há cerca de um ano uma flotilha russa um pouco maior também visitou Havana, e pouco depois os russos doaram milhares de barris de petróleo à Ilha. 

Por último uma fragata do EUA violou as águas territoriais iranianas, e foi repelida por um helicóptero militar dos persas. Houve ameaças de ataques, tanto da fragata ao helicóptero, quanto do helicóptero à fragata, mas no final esta recuou e se retirou. Na sequência, Mehdi Mohammadi, conselheiro do líder do parlamento iraniano disse que o país vem se preparando para fechar o Estreito de Hormuz há décadas e o início de uma guerra energética. Juntando aos ataques a Brasil, Índia, e à própria China vemos um cerco aos BRICS. 

Steven Witkoff, enviado de Donald Trump, conversou diretamente com Putin, e levou uma proposta sobre a Ucrânia para avaliação do estadunidense. Entre tentativas de intimidação, bloqueios, sanções e escaladas nos atuais conflitos não dá para sabermos até que ponto estaremos a salvo de uma escalada definitiva. No fundo, uma quentíssima guerra fria está instalada no planeta. Se e quando ela irá retroceder é a grande questão do momento.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Relações russo-americanas deterioram com ameaças nucleares

Pessoal, as relações entre EUA e Rússia vêm deteriorando de forma rápida e preocupante. Não se imaginava isso para um governo Trump, que assumiu e prometeu paz. Ele tentou impor uma “paz” sem solução na Ucrânia, uma situação em que a Rússia não veria nenhuma demandas por segurança garantida, e nem a questão da cultura russa seria contemplada. Ou seja, provavelmente seria apenas uma prorrogação para problemas, talvez, ainda mais sérios no futuro. E nem seria num futuro assim tão distante. Ao mesmo tempo essa situação permitiria ao EUA e a empresas Ocidentais acessarem riquezas minerais e agrícolas no território ucraniano; entre essas riquezas as tão desejadas terras raras, tão necessárias à indústria de alta tecnologia e militar moderna. Isso complicaria ainda mais a situação. Já os russos seguiriam com a insegurança que os levou a entrar na Ucrânia. 

A atual posição de Trump também mostra um afastamento daquilo que ele tinha conversado inicial e diretamente com Putin. Essa mudança vem de problemas internos no EUA, e na armadilha em que Trump se meteu devido a erros atuais e passados. A deterioração e as pressões internas levaram Trump a ameaçar a Rússia de sanções, caso esta não congelasse as ações bélicas contra a Ucrânia. A princípio elas viriam em 50 dias, mas logo o prazo foi reduzido ao máximo de 12 dias, e se cumprido falta agora menos de uma semana. Mas a coisa não parou por aí, e agora Trump anunciou pressão nos membros fundadores do BRICS, e que estava posicionando 2 submarinos com capacidade de ataque nuclear para ameaçar a Rússia diretamente. 

Isso levou o próprio Putin a responder, lembrando que qualquer ataque nuclear seria respondido pela Rússia, ainda que o país fosse completamente destruído, devido ao sistema de mão-morta, que promove um contra-ataque nuclear geral automático se não for desligado. Já o sempre polêmico Medvedev disse que se Trump se preocupa com o conteúdo dos arquivos e filmes sobre o caso Jeffrey Epstein, então ele deveria se preocupar mais porque não são apenas as agências de intelegência Ocidentais que teriam acesso a essas informações. 

Não é a primeira vez que o mundo se vê numa situação que pode levar a um armagedom nuclear, mas já tinha muito tempo que não víamos uma situação tão tensa, tão perigosa à sobrevivência da civilização. E mesmo que seja blefes de Trump e Putin, alguns blefes devem simplesmente ser evitados.

domingo, 3 de agosto de 2025

Supostos agentes britânicos capturados pelos russos

Pessoal, voltamos nossas atenções ao conflito Rússia x Ucrânia, onde os russos capturaram alguns oficiais alegadamente da inteligência britânica, os 007 deles. A captura foi feita na cidade de Ochakov no oblast de Mykolaiv, que está sob domínio ucraniano. 

Na ação um grupo de forças especiais russas entrou no território controlado pelos ucranianos e fez a detenção. Segundo fontes militares russas, a ação levou cerca de 2 meses de preparação e envolveu agências e redes de informação com o objetivo de detectar e mapear as ações dos agentes britânicos, possibilitando sua captura. A ação teve ares de filme, com a utilização de barcos, ligações com satélites, etc. 

Pela parte britânica houve a solicitação do retorno dos oficiais, sendo um Coronel, um Tenente-coronel, e outro oficial sem patente definida, todos ligados a áreas de inteligência britânica.A alegação de Londres para solicitar o retorno de seus oficiais é de que eles estariam fazendo turismo na região, com interesse na história marítima do local. 

O problema é que os russos alegam que encontraram mapas atuais da região contendo informações sobre movimentações estratégicas e de instalações russas, posição de defesa antiaérea russa, comunicações com o controle central, e arquivos eletrônicos criptografados que estão sendo estudados, etc. Devido a esta situação o Ministro da Defesa Russo, Andrei Belousov, descartou a devolução, ou mesmo a troca dos oficiais britânicos. A Rússia pretende processar os oficiais por crimes contra a Federação Russa, já que, segundo os russos, eles treinavam e comandavam pessoal ucraniano para ações contra o território russo, utilizando para isso drones, mísseis e foguetes. 

A operação que capturou os oficiais britânicos foi batizada pelos russos como Skat-12, e segundo as fontes será uma entre muitas, já que as agências de inteligência e segurança russas foram instruídas a tomarem a iniciativa, de forma a causar medo nos oficiais da NATO em treinarem ou comandarem forças ucranianas. De acordo com o Ministério da Defesa Russo, “a Rússia não tolerará mais intervenções secretas e operações híbridas”.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Trump sobretaxou o Brasil, mas menos do que se esperava

Pessoal, Donald Trump, Presidente do EUA, taxou o Brasil em 50%. Na verdade ele taxou em 40%, já que 10% são aplicados praticamente a todo o mundo, com pouquíssimas exceções. Apesar disso, também temos uma extensa lista de isenções, com pouco mais de 700 itens, e que incluem aviões civis, o suco de laranja, aços e alumínios. Já alguns itens como álcool, café e carnes estão incluídas entre os produtos sobretaxados, mas há formas de contornar estas sobretaxas. 

Só que a questão aqui é o que o governo brasileiro fará quanto a estas sobretaxas. Sim, estão acontecendo negociações, e vemos pressões internas no governo Trump, exatamente como as vemos no governo Lula. A verdade é que ninguém quer ter perdas devido a estas ações truculentas e mal pensadas. 

E apesar de termos uma extensa lista de isenções, isso não significa que o Brasil não virá a ser prejudicado com estas ações do governo americano, mas fica nítido que as pressões internas têm surtido alguns efeitos. O Brasil deverá perder algo em torno de 0,5% do PIB com estas medidas, o que é bem abaixo do 1,5% projetados inicialmente. Como eu disse quando analisei a situação, com Trump tudo pode acontecer. Ele pode acordar amanhã e aumentar as tarifas, pode reduzi-las, e pode simplesmente até abrir negociações sérias. Não dá para prever, tal a instabilidade de suas ações. 

Mas seja o que for que ele venha a fazer a situação não muda muito. Cabe ao Brasil tomar medidas para minimizar os impactos das tarifas, aguardar a mudança no Congresso estadunidense, abrir novos mercados, etc. 

No fundo Trump quer 2 coisas: acesso às chamadas terras raras, e predar algumas empresas de alta tecnologia que ainda temos no Brasil. Algo que ele vem fazendo mundo afora, e o que temos visto é vários países esfriarem relações com os estadunidenses, justamente pela forma agressiva e predatória como Trump vem agindo, e também os vemos protelar decisões na espera da queda de Trump, e ela virá. Para nossas vidas pode parecer uma eternidade esperar por isso, mas para a vida de um país, ela está logo ali.

terça-feira, 29 de julho de 2025

Acordo EUA-UE só beneficia um lado: o que comemoram?

Pessoal, foi anunciado o fechamento de um acordo entre o EUA e a UE. Segundo boa parte dos líderes europeus o acordo firmado entre Bruxelas e Washington foi bom porque dá equilíbrio às relações comerciais entre os dois gigantes econômicos, Georgia Meloni disse que precisa de mais detalhes sobre as condições do acordo, mas há aqueles que têm uma visão que concorre com a minha, ou seja, de que o acordo é desequilibrado. França e Hungria estão entre eles. 

Sim, o acordo diminui as tarifas iniciais impostas por Trump de 30% para 15%, ao menos para parte dos produtos exportados pelos europeus. E isso já é uma derrota europeia. Mas não para por aí, porque a UE se compromete a aumentar a compra de armas do EUA, se compromete a importar 750 bilhões de dólares de gás dos estadunidenses, e ainda se compromete a investir (entende-se por investimentos diretos) 600 bilhões no EUA. A UE não ganha absolutamente nada, apenas oferece, já que suas exportações ao EUA se tornarão mais caras, importarão produtos que conseguiriam mais baratos em outros pontos do planeta, se comprometem a investir num país que tem sua infraestrutura sucateada, e se comprometem a comprar armas que a própria Europa poderia produzir para si mesma. 

Eu realmente não consigo ver qual o ganho que os europeus conseguem com um acordo em que todo o pagamento é feito por eles, e todo o lucro é dos americanos. Pior, os produtos europeus se tornarão mais caros no EUA e por isso mesmo deve diminuir sua demanda, os custos de produção europeia aumentarão ainda mais, e a competitividade econômica do continente deve diminuir ainda mais no mercado internacional. Se a comemoração é por agradar os estadunidenses, esqueçam, porque eles nunca estão satisfeitos. Se é porque acreditam que eles se unirão aos europeus numa futura guerra contra os russos, esqueçam também, porque não são burros. Eu realmente não vejo o que esses líderes europeus comemoram, mas entendo perfeitamente quando os que o criticam comemoram o fato de esse acordo não ser vinculante.


segunda-feira, 28 de julho de 2025

Brasil taxado pelo EUA: Não é só contra o Brasil, nem por Bolsonaro

Pois é pessoal, o Brasil sofreu forte ataque econômico e geopolítico do governo do EUA. A partir de 1º de agosto os produtos brasileiros que entrarem no país norte-americano serão taxados em 50%. Segundo o próprio presidente Trump, se o Brasil aplicar a regra da reciprocidade, eles aumentarão em mais 50% a taxação de produtos brasileiros. O problema é que, segundo os exportadores brasileiros, parte considerável dos produtos brasileiros exportados ao EUA já se tornam inviáveis com essa alíquota de 50%. Isso porque são produtos primários, de nenhum ou pouquíssimo valor agregado, e com ampla possibilidade de competição com outros países.

A situação se iniciou no último dia da Cimeira do BRICS, quando Trump anunciou a decisão, frisou a questão do processo que corre contra Jair Bolsonaro, e apresentou alguns dados falsos, além de ficar com uma alegação ridícula de que “o Brasil está sendo mau com o EUA”. Na sequência ele enviou uma carta via Embaixada do EUA em Brasília, em que detalhava essas situações. A carta já começa com a questão de Bolsonaro, segue com uma bobagem de terem tido anos para negociar novas condições de comércio com o Brasil, segue dizendo que esse comércio é danoso ao EUA, e conclui essa parte dizendo que as alíquotas impostas ao Brasil como sendo insuficientes para equilibrar a situação, pedindo para que empresas brasileiras migrem para o EUA e produzam lá.

Aqui vale um primeiro comentário. A tática de Trump é ridícula. O que ele segue tentando fazer é reindustrializar seu país canibalizando empresas de outros países. Alguns europeus caíram nessa armadilha, e se arrependeram, porque as condições do EUA hoje estão muito aquém de outras partes do mundo. Da mesma forma segue atacando de forma estúpida, já que suas tarifas inflacionam o próprio mercado interno estadunidense, e já provoca enorme insatisfação entre a população, incluindo tendo Trump perdido parte substancial de sua base de apoio.

Trump alega um deficit comercial com o Brasil, só que o EUA é superavitário nessa relação comercial há muitos anos. Algumas fontes indicam um superavit de cerca de USD 1 Bilhão nesse primeiro semestre de 2025, e nada indica uma alteração nessa relação.

Também traz a questão das Big Tecs digitais. Empresas como Meta, “X”, e outras, que estão sendo reguladas em sua atuação. Ora, cabe ao Brasil regular as empresas que operam dentro de suas fronteiras, não importando qual é a origem delas. A pressão de Trump sobre isso é simplesmente o desconhecimento de qualquer soberania por parte do Brasil.

Mas isso não é um privilégio brasileiro, já que ele fez isso com todo o mundo Ocidental, e a composição de grupos de negociações não resultou para nenhum país, já que ele não respeita nenhum país que não tenha força. As tarifas já são realidade para Canadá, México, UE, etc, e apenas algumas poucas foram revertidas por pressão interna no próprio EUA. No caso do Brasil essa pressão já se iniciou, e mesmo em outros casos ela permanece. Como dito acima, há relatos de que a problemática economia estadunidense apresenta uma inflação bastante alta. Nos supermercados a alta de preços é sensível, e em itens de consumo industrializados como eletrodomésticos e eletrônicos também se nota uma inflação considerável.

Já falei que o que Trump pretende não é exequível, e da forma que quer é ainda pior. Não há investimentos do país em infraestrutura, treinamento de mão-de-obra, produção de energia, ou seja, em condições para que o país receba indústrias e investimentos. Mas ao contrário, há investimento em tentar destruir essas condições em outros países. Ao mesmo tempo, o pouco que o país investia no desenvolvimento de sua infraestrutura e condições de investimento está sendo retirado pelo próprio governo Trump. Cortes sensíveis em Educação, Saúde, Infraestrutura são vistos, o que tende a agravar o problema e piorar ainda mais as condições para o investimento produtivo no país.

E o Brasil bebe na mesma fonte estúpida do EUA, e também não investe nas condições para a instalação de novas empresas, e qualquer avanço se dá por inércia, não por iniciativa e planejamento. A diferença é que não tenta destruir o que os outros construíram em suas casas.

Na sequência desse monte de mentiras, distorções e intervenções indevidas do EUA, Trump mandou abrir investigação sobre alguns mecanismos brasileiros, como o PIX. Isso porque a transferência interbancária nacional sem a intervenção das gigantes estadunidenses o que gera quebra de receita para essas empresas. A questão de patentes também está sob investigação, e a famosa 25 de Março de São Paulo está na mira, como se pirataria não grassasse pelo próprio país Ianque.

Na verdade o que Trump quer é uma colônia com 215 milhões de habitantes e recursos naturais muito mais vastos que os do próprio EUA.

Isso se escancara na questão das terras raras. Essas riquezas são abundantes no Brasil, mas não são exploradas até o momento. Não da forma que poderia e deveria. Trump já tentou terras raras na Groelândia, na Ucrânia e em partes da África, tendo sido rechaçado em todos, por um motivo ou por outro. Isso se dá porque ele é truculento e não sabe negociar, o que ele sabe é tentar impor condições através da força, e é o que tenta fazer em todas as partes por onde vai.

E isso ocorre porque o grande exportador de minerais de terras raras do mundo é a China bloqueou a exportação de terras raras ao EUA, e não existe indústria de ponta, de alta tecnologia, sem terras raras. A indústria aeroespacial, militar, automobilística, naval, isso sem falar de processadores e semicondutores. Nada disso é realizável sem terras raras. Ultimamente os chineses liberaram as terras raras para os estadunidenses para a indústria civil, mas sob inspeção, e já avisaram que se eles tentarem desviar esses recursos à indústria bélica o fornecimento será cortado de todo. Como eles irão fazer guerra sem esse recurso. Para vocês terem ideia da importância disso, um único F35, o avião caça de ponta do EUA, leva mais de 400kg de terras raras em sua construção. Entendem a importância disso?

Mas isso apenas num primeiro momento. A verdade é que Trump não faz ideia do mundo, mas alguns que estão ao lado dele fazem. O Brasil é BRICS, um dos fundadores do bloco, tem importância estratégica muito grande, principalmente na América do Sul, onde mantém fronteira com quase todos os países do continente, está sendo integrado na economia chinesa, com o investimento maciço em infraestruturas de transporte, energia, e a instalação e ampliação de diversas fábricas brasileiras, incluindo alguma transferência de tecnologias sensíveis, principalmente nas áreas de microprocessadores e de semicondutores.

Ou seja, é um ataque à China através dos BRICS. Assim como no Irã, que foi atacado principalmente por suas relações com Rússia e China (tivemos outros motivos, mas o principal foi isso), o Brasil também está sendo atacado por seu aprofundamento das relações com a China e a Rússia. No Irã houve ataque militar, no Brasil eles não consideram isso necessário, mas garanto que não descartam usar de poder bélico para impor sua vontade.

E também tivemos o envolvimento de Mark Rutte, o secretário geral da NATO, que aderiu às ameaças do EUA e ameaçou alguns países do BRICS de sanções. Entendem quando falo que não hesitarão em usar de força se necessário.

Cabe ao Brasil tomar algumas das atitudes que está tomando, como aumentar a comissão de negociação bilateral, dar reciprocidade caso Trump aumente as tarifas - até ao ponto de inviabilizar completamente o comércio se necessário, porque isso reflete fortemente lá também – abrir oportunidades para o escoamento de parte dessa produção internamente, conquistar novos mercados para esses produtos, e se preparar para uma situação mais complicada, abandonando essa estupidez de arcabouço fiscal e melhorando consideravelmente nossas capacidades de defesa. O BRICS pode ajudar muito nessas demandas, e inclusive já tivemos várias ofertas para isso, assim como já tivemos alguns pronunciamentos de apoio, tanto velados, como explícitos.

Mas nem tudo que o governo brasileiro faz é correto. Não há envolvimento da população, não há politização da questão. Lula antes de qualquer coisa foi pedir a bênção dos rentistas numa rede de televisão e de uma ala religiosa em outra rede de televisão. Só depois fez um pronunciamento à Nação, em que não pautou a questão não envolveu a população, e com isso seu governo segue refém das forças de elite que comandam o país. Ao contrário, Lula tentou criar uma questão eleitoral, optando em enfatizar o “nós contra eles”, em uma atuação eleitoreira despolitizante. Isso não significa que ele não devesse indicar os culpados, mas deveria chamar a uma união para se contrapor ao ataque, em um tema geral da nação, e não num palco de disputa do “eu sou bonzinho, ele mauzinho”.

Para completar, se você acha que isso é algo específico do bolsonarismo, os lulistas vivem fazendo isso. A Ministra dos Povos Originários do Lula foi pedir medidas contra o Brasil ao Secretário de Estado do EUA durante o Governo Bolsonaro, a Ministra do Meio-ambiente do Lula pediu várias vezes medidas contra o Brasil no exterior, a Sra. Lula da Silva pede intervenção de potências estrangeiras no Brasil, porque foi exatamente isso que ela fez na China, e que causou o mal-estar com Xi Jinping. E elas não são as únicas.

E se o Brasil for resiliente já deve ter ganhos em pouco tempo, já que Trump deve ser derretido daqui pouco mais de um ano, quando deverá ser derrotado nas chamadas “mid terms”, as eleições de meio de mandato, e que ele deve perder tão feio quanto ganhou bonito, já que suas ações estão refletindo muitíssimo mal na sociedade americana, que não vê nenhuma de suas promessas cumpridas, vê maior deterioração em suas condições de vida, e buscará mais uma vez alternativa ao que está posto. Mas não nos enganemos, sejam democratas, sejam republicanos, os ataques ao Brasil virão. O objetivo Brasil é meio para outro fim, além do que as ações estadunidenses mostram que não há nenhum respeito por ninguém, sejam aliados ou não do EUA, e a única coisa que entendem é a força. Cabe ao Brasil mudar o rumo desse desenlace, com resiliência, persistência e com investimentos próprios e conjuntos. Claro, uma quebra no rentismo também ajuda, e muito.

Quanto a questão do envolvimento da família Bolsonaro nessa treta toda, isso é muito mais uma aposta menor de Trump, e um interesse egoísta do clã. Se Bolsonaro voltar à liberdade e se eleger, mais fácil para o EUA dos republicanos controlarem o Brasil, mas se isso não ocorrer eles têm outras formas de pressionarem e buscarem esse controle.

Mas apesar disso tudo eu deixo aqui uma pergunta para vocês refletirem. O chamado Ocidente coletivo sem incluir alguns agregados asiáticos, têm cerca de 10% da população do mundo, enquanto só a China tem mais de 15%. A produção industrial de todo o Ocidente coletivo junto é menor que a chinesa apenas. A produção de armas de todo o Ocidente coletivo junto é menor que a russa. Vejam bem, eu comparei o Ocidente coletivo com apenas dois países dos BRICS, mas os BRICS hoje englobam 21 países, sendo 10 membros plenos e 11 membros parceiros. Eles acham realmente que vão reverter essa situação com ameaças, sanções e guerras?

sábado, 26 de julho de 2025

Guerra no Sul da Ásia

Pessoal, mais um conflito eclode no mundo. Na verdade, o conflito não é atual, mas reacendeu devido algumas circunstâncias históricas entre os contendores. Camboja e Tailândia têm uma fronteira de cerca de 800 km e parte dela está em disputa há décadas. O motivo é que ela foi demarcada por França e Reino Unido durante a ocupação Ocidental do Séc. XX na área, e que difere das fronteiras tradicionais. Desde a emancipação dos países há a contestação, e o conflito armado já ocorreu algumas vezes sem que haja solução. A última grande escalada foi entre 2008 e 2011, e a região estava calma desde então. Uma solução arbitrada pela Comissão Internacional de Justiça da ONU parecia ter pacificado a situação, mas ela voltou a esquentar em maio, quando um soldado cambojano morreu durante uma troca de tiros noturna, e a explodir na última semana com acusações mútuas de ataques injustificados a civis e instalações civis. 

Desde de que voltou a explodir os combates se intensificaram bastante, e se espalharam por quase toda a fronteira, com uso de tropas, aviões de combate, lançadores de mísseis, artilharia, etc. Além disso os combates já contabilizam mais de 30 mortos e dezenas de feridos, além de mais de 170.000 pessoas deslocadas de seus lares devido ao óbvio risco de se estar em uma zona de conflito armado. 

O Conselho de Segurança da ONU já se reuniu e o Camboja solicitou um cessar-fogo incondicional, negado pela Tailândia, que pede ao Camboja que pare de violar a fronteira. Mas ao menos se iniciam conversas que podem levar a negociações tendo a Malásia como mediadora. Lembrando que todos esses países fazem parte da ASEAN, organização que terá uma reunião no final do ano, e que o Presidente Lula foi convidado a participar, justamente pela Malásia, que também é membro dos BRICS. 

Mais que apenas fronteira, estão em jogo ali interesses externos, internos, rotas comerciais, além do controle de um templo religioso que é importante na construção cultural de ambos os países. O problema é que o único interesse econômico que floresce com guerra é o ligado à própria guerra.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Começa a derrubada de Zelensky

Pessoal, a população ucraniana está perdendo a paciência com o governo Zelensky. Ontem milhares de pessoas foram às ruas em Kiev, Livov e Odessa para protestarem contra o governo, que por sinal já deveria ter convocado eleições há mais de um ano. O protesto se deveu ao fato de Zelensky ter assinado uma Lei que diminui os poderes dos órgãos anticorrupção do país. Para lembrar, o governo de Viktor Yanukovych foi deposto em 2014 com os mesmos pretextos. 

Não dá para dizer que temos o mesmo processo de “primavera”, porque a população ucraniana está farta das convocações forçadas para a guerra, que mais se assemelham a raptos, está farta de privações, de viver em condições cada vez mais precárias, e ver seu país e suas vidas serem esfareladas dia após dia. Mas há indícios de que há incentivos externos para esses protestos. Sim, cada vez mais se fala na destituição de Zelensky, e na convocação de eleições na Ucrânia. Isso seria o início de um caminho para se conseguir um acordo com os russos, ainda que não seja a única exigência russa. 

Mas se você acha que a desculpa de corrupção na Ucrânia é algo menor, tente se colocar na pele de um deles, que nos últimos 3 anos e meio viu mais de um milhão de seus concidadãos morrerem numa guerra insana contra os russos, e vê armas destinadas ao exército ucraniano aparecerem no Oriente Médio, em países do Cáucaso, e até em favelas brasileiras. Isso além das mazelas listadas acima. 

Cada vez mais acuado, cada vez mais isolado, Zelensky tenta garantir o apoio de alguns extratos da sociedade ucraniana que ganham com todo o desastre do país para se manter de forma débil no poder, mas seja como for, isso não deve ter um efeito muito longo e parece que a carreira política de Zelensky se aproxima do fim.

domingo, 20 de julho de 2025

Síria volta a ser atacada por Israel

Pessoal, Israel voltou a bombardear Damasco, a capital da Síria. Após algum tempo que o Estado judeu não atacava diretamente alvos sírios, na última semana houve o bombardeio do prédio onde se sedia o Ministério da Defesa sírio, e partes administrativas do palácio governamental. Há relatos de 4 mortos e mais de 30 feridos devido ao ataque, que foi feito durante o dia, em horário de trabalho. Por sinal o ataque foi filmado pela TV Al-Jazeera, que realizava uma entrevista tendo como fundo a sede do Ministério da Defesa, e flagrou o ataque. A justificativa de Israel é que o ataque visava proteger a minoria drusa, que ocupa o Sul da Síria e partes das colinas de Golan, e estava em combates com tribos beduínas e tropas do próprio exército sírio. 

O atual presidente do país, Al-Julani, cujo nome real é Ahmed Al-Sharaa, lamentou o ataque, já que se considera um aliado de Israel. Vale lembrar que ele era um dos líderes do grupo terrorista HTS, tinha a cabeça a prêmio por USD 10 milhões, e esse grupo já havia sido parte do Estado Islâmico, além de já ter servido também na Al-Qaeda. Al-Julani chegou ao poder em janeiro, após a derrubada do governo de Bashar Al-Assad, com apoio de Israel e EUA. 

Após os ataques israelenses, o exército Sírio se retirou da cidade de Sweida, e da província de mesmo nome, onde ocorriam os combates com os drusos. 

Como eu já disse algumas vezes, o governo de Al-Assad mantinha um certo equilíbrio no país, protegendo grupos mais fracos e evitando guerras fratricidas. A ascensão de Al-Julani quebrou o frágil equilíbrio que existia e os diversos grupos passaram a se atacar. Além de divergências históricas entre eles, houve também a interferência de grupos ligados ao novo governo, que também buscam atacar grupos que são considerados desafetos. Vai demorar muito até que a paz alcance os territórios sírios novamente.

sábado, 19 de julho de 2025

XVII Reunião de cúpula dos BRICS: nem êxito, nem desastre

Pois é pessoal, antes de tudo quero explicar que estive um pouco ausente por dois motivos principais. O primeiro é excesso de trabalho, já que estamos em alta temporada para minha atividade atual, e o trabalho aumenta enormemente nesse período. O Outro motivo é uma crise de coluna, que tem incomodado bastante, mas já está sendo controlada.

Dito isso, começamos precisamente por lembrar que o BRICS é, acima de tudo, um grupo de países que busca fugir das interdições político-econômicas impostas pelos países Ocidentais vencedores da 2ª Guerra Mundial, e que controlam rotas comerciais, empréstimos, regras de comércio e produção, além de financiamento e condições de desenvolvimento, dizendo o que cada um pode e deve fazer. Esse controle é usado para controlar não apenas economicamente, mas também politicamente os países que tentam se contrapor a tais controles. Nem sempre deu certo, mas indiscutivelmente tal controle tem trazido instabilidade ao planeta, principalmente aos países menos desenvolvidos. Justamente o que esses países do BRICS buscam são alternativas que permitam se desenvolverem e comerciarem seus produtos sem essas interdições. Não é um processo fácil, não é um processo rápido, e ainda vemos as reações do grupo de países que vê sua hegemonia e controle ameaçados, que buscam minar e impedir a concretização dessas iniciativas de todas as formas, inclusive bélicas.

Nesse contexto o Brasil recebeu a XVII cúpula dos BRICS, que teve a presença de duas dezenas de países, sendo 11 membros plenos, 10 parceiros. Os países são bastante heterogênios, mas a busca por outras formas de comércio e desenvolvimento os unem no momento. Destaco a presença de Cuba, que como membro parceiro tem uma enorme oportunidade para escapar às sanções que são impostas pelo EUA há décadas, e que vêm limitando enormemente a capacidade de desenvolvimento da Ilha.

Sobre a cúpula em si temos que destacar duas coisas principais. A primeira são os trabalhos e as reuniões de especialistas, políticos responsáveis por determinadas áreas e empresários, que concluem negócios, o desenvolvimento de ideias, discutem novas diretrizes, oportunidades, etc. Essas reuniões muitas vezes se desenvolvem por meses, com discussões, estudos e a elaboração de projetos.

O segundo destaque é a declaração final. Como eu disse acima, o BRICS é, antes de tudo, um bloco de fomento de negócios, mas aos poucos está se tornando mais que geoeconômico, mas geopolítico, como a declaração final do evento deixa bastante claro.

Sobre a parte econômica o grande avanço veio da Rússia, com proposta de avanços sobre novas formas de pagamento. Já na parte de negócios houve vários avanços, e o Brasil se beneficiou bastante. Foi alinhavada visita à Índia para o desenvolvimento de um plano estratégico bilateral. Devem entrar em negociação trocas tecnológicas e comerciais em si, além de aproximação dos países em outras áreas também.

O Brasil também foi convidado a participar da próxima reunião da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), composta por pesos pesados da Ásia, como China, Vietnam, etc. Muitas outras oportunidades de negócios podem se abrir para o Brasil nesta reunião, e no desenvolvimento das relações com a Índia. Neste ponto o encontro dos BRICS me pareceu um sucesso, mas acho que faltaram mais propostas, mais avanços institucionais para facilitar o comércio entre os países membros, ainda que tenhamos tido várias bilaterais entre os membros, e aproximações entre eles são esperadas.

Essa falta de avanço me pareceu proposital, porque o Brasil optou por transformar parte substancial do encontro num pré-Cop30, reunião que o próprio Brasil sediará no final do ano em Belém, e que versará sobre meio-ambiente e mudanças climáticas. Na verdade estes temas são muito mais do interesse do Ocidente político do que de países dos BRICS. Basta lembrar que China e Rússia se preparam para abrir uma rota comercial pelo Ártico, que só é possível justamente pelo degelo causado pelo aquecimento global. E o Ocidente está pronto a disputar o domínio desta rota com estes países do BRICS. Nitidamente há conflito de interesses aqui, sem julgamento de quem está certo ou errado. As rotas comerciais do Ártico são um caso, mas há outros.

Por outro lado há um outro ponto importantíssimo neste tipo de evento, e é sua declaração final. Nessa declaração costumam vir informações que indicam qual o caminho que o grupo quer seguir, quais suas prioridades, atenções, interesses, aspirações, etc. No caso da cúpula que se encerrou a declaração final foi extremamente abrangente. O documento teve um total de 126 itens, que incluíram desde os temas geo-econômicos, que são o objetivo primário dos BRICS, passando por temas sociais, novas tecnologias com destaque para o uso de IA´s e o espaço sideral, temas humanitários, ecologia, mineração, e o fato de que o grupo fatalmente irá enveredar para a geopolítica, porque temas como respeito à carta e a determinações da ONU, reformas em sua estrutura, condenações a atos de guerra específicos, assim como de ações terroristas, o chamamento à paz e ao respeito à soberania do povos de vários países e regiões do mundo, e também quanto ao uso de novas tecnologias e fronteiras tecnológicas com objetivos de desenvolvimento do bem-estar da humanidade e contra seu uso militar, tudo isso indica que a cada reunião o grupo BRICS se vê mais pressionado pelos acontecimentos a abraçar temas geopolíticos. E digo a cada reunião, porque não é a primeira vez que temas geopolíticos são incluídos na declaração final, mas é a primeira vez que eles aparecem de forma tão ampla, profunda e detalhada.

Mas se tivemos coisas boas, também tivemos as péssimas. O próprio Presidente Lula veio com a ideia estúpida de incluir os países do G7 no BRICS, como se esses países não estivessem utilizando de todos os meios, inclusive militares, para minar e impedir a consolidação desse bloco geoeconômico. De minha parte eu realmente não sei se Lula trás essas ideias estúpidas porque está senil, porque não entende o que está acontecendo, porque é coagido a isso, ou porque ele sabe que uma besteira dessas jamais seria aprovada pelos membros do Bloco, e com isso pode parecer bom para o outro lado também.

Mas seja qual for o motivo isso pega mal, e ainda por cima não ajuda Lula a ter uma relação melhor com o Ocidente, tanto é que no último dia da cúpula ele recebeu de presente de Trump a aplicação de 50% de taxas de importação para produtos brasileiros exportados ao EUA, além de nítida interferência em assuntos internos ao exigir uma “anistia” ao pessoal do 08 de janeiro, o fim do processo contra Bolsonaro e os seus, e a não interferência nas Big Techs estadunidenses que operam no Brasil. Mas isso é tema para outro vídeo.

Por esses motivos não me pareceu que a reunião de Cúpula dos BRICS tenha sido esse sucesso todo que a imprensa ligada ao PT grita, mas também não foi o desastre que se esperava por ter tido pouco preparo. Atingiu objetivos geoeconômicos, e até alguns geopolíticos, mas teve algumas escorregadelas, principalmente vindas da própria liderança brasileira. Se não foi o desastre que a maioria dos analistas geopolíticos esperava, também não foi o sucesso que poderia ter sido, e ainda foi aberto mais um setor de conflito direto com o EUA.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Conflito na Ucrânia segue sem solução, e com a Rússia causando enormes danos

Pessoal, a Rússia segue castigando duramente a Ucrânia. Nas últimas duas semanas os ataques se intensificaram e se concentraram. Os russos têm lançados entre 700 e 800 drones e mísseis diariamente, só que agora concentram entre uma ou duas cidades apenas. No final da semana passada foram 741 drones e mísseis contra apenas duas cidades, causando enormes danos à infraestrutura, indústrias e instalações militares. No início desta semana, só contra Kiev, foram quase 500 drones e mísseis, causando danos semelhantes. Apesar de não atacarem áreas civis, temos visto vítimas entre não militares, já que estes trabalham e transitam por essas áreas. 

Outra mudança é que as defesas aéreas ucranianas estão muito debilitadas, porque os estadunidenses retiraram baterias anti-aéreas e seus mísseis para enviá-los ao Oriente Médio, e com isso quase toda a onda de ataques russos passa incólume atingindo seus alvos. Agora Trump diz que enviará novas baterias e mísseis anti-aéreos e que os europeus pagarão por eles. Os alemães também garantiram que enviarão mísseis de longo alcance Taurus e homens para operarem o lançamento dessas armas. Os russos afirmaram que irão bombardear as instalações da Taurus na Alemanha. 

Na verdade, o que o Ocidente pode conseguir com isso é uma sobrevida à Ucrânia, mas não uma mudança de rumo no conflito. E também pode haver uma escalada súbita no conflito, caso alemães e russos cumpram suas promessas. Ao mesmo tempo, os russos parecem estar tentando uma rendição ucraniana devido a um país totalmente destruído e inviável, ao mesmo tempo em que garante que seu dinheiro tomado pelo Ocidente não seja suficiente para recuperar o país. Também parece estar garantindo que se torne pres

a fácil a alguns vizinhos que buscam recuperar territórios perdidos após a WWII. Tudo isso mostra apenas que as negociações estão indo mal, e no momento dificilmente avançarão além das trocas de corpos e prisioneiros de guerra. Apesar dessa situação extremamente desfavorável, a Ucrânia ainda tenta causar danos aos russos, e eventualmente o consegue, mas em instalações civis.

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Brasil sediou a XVII cúpula dos BRICS, e podia ter sido melhor

Pois é pessoal, antes de tudo precisamos lembrar que o BRICS é, acima de tudo, um grupo de países que busca fugir das interdições impostas pelos países Ocidentais vencedores da 2ª Guerra Mundial, e que controlam rotas comerciais, empréstimos, regras de comércio e produção, além de financiamento e condições de desenvolvimento, dizendo o que cada um pode e deve fazer. Nem sempre deu certo, mas indiscutivelmente tal controle tem trazido instabilidade e desequilíbrio ao planeta, principalmente aos países menos desenvolvidos. Justamente o que esses países do BRICS buscam são alternativas que permitam se desenvolverem e comerciarem seus produtos sem essas interdições. Não é um processo fácil, não é um processo rápido, e ainda vemos as reações do grupo de países que vê sua hegemonia e controle ameaçados, que buscam minar e impedir a concretização dessas iniciativas de todas as formas, inclusive bélicas.

Nesse contexto o Brasil recebeu a XXVII cúpula dos BRICS, que teve a presença de duas dezenas de países, sendo 11 membros plenos, 10 parceiros. Os países são bastante heterogênios, mas a busca por outras formas de comércio e desenvolvimento os unem no momento. Destaco a presença de Cuba, que como membro parceiro tem uma enorme oportunidade para escapar às sanções que são impostas pelo EUA há décadas, e que vêm limitando enormemente a capacidade de desenvolvimento da Ilha.

Sobre a cúpula em si temos que destacar duas coisas principais. A primeira são os trabalhos e as reuniões de especialistas, políticos responsáveis por determinadas áreas e empresários, que concluem negócios, o desenvolvimento de ideias, discutem novas diretrizes, oportunidades, etc. Essas reuniões muitas vezes se desenvolvem por meses, com discussões, estudos e a elaboração de projetos.

Como eu disse acima, o BRICS é, antes de tudo, um bloco de fomento de negócios, mas aos poucos está se tornando mais que geoeconômico, mas geopolítico, como a declaração final do evento deixa bastante claro.

Sobre a parte econômica o grande avanço veio da Rússia, com proposta de avanços sobre novas formas de pagamento. Já na parte de negócios houve vários avanços, e o Brasil se beneficiou bastante. Foi alinhavada visita à Índia para o desenvolvimento de um plano estratégico bilateral. Devem entrar em negociação trocas tecnológicas e comerciais em si, além de aproximação dos países em outras áreas também.

O Brasil também foi convidado a participar da próxima reunião da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), composta por pesos pesados como China, Vietnam, etc. Muitas outras oportunidades de negócios podem se abrir para o Brasil nesta reunião, e no desenvolvimento das relações com a Índia. Neste ponto o encontro dos BRICS me pareceu um sucesso, mas acho que faltaram mais propostas, mais avanços institucionais para facilitar o comércio entre os países membros.

Essa falta de avanço me pareceu proposital, porque o Brasil optou por transformar parte substancial do encontro num pré-Cop30, reunião que o próprio Brasil sediará no final do ano em Belém, e que versará sobre meio-ambiente e mudanças climáticas. Na verdade estes temas são muito mais do interesse do Ocidente político do que de países dos BRICS. Basta lembrar que China e Rússia se preparam para abrir uma rota comercial pelo Ártico, que só é possível justamente pelo degelo causado pelo aquecimento global. E o Ocidente está pronto a disputar o domínio desta rota com estes países do BRICS. Nitidamente há conflito de interesses aqui, sem julgamento de quem está certo ou errado. As rotas comerciais do Ártico são um caso, mas há outros.

Por outro lado há um outro ponto importantíssimo neste tipo de evento, e é sua declaração final. Nessa declaração costumam vir informações que indicam qual o caminho que o grupo quer seguir, quais suas prioridades, atenções, interesses, aspirações, etc. No caso da cúpula que se encerrou a declaração final foi extremamente abrangente. O documento teve um total de 126 itens, que incluíram desde os temas geoeconômicos, que são o objetivo primário dos BRICS, passando por temas sociais, novas tecnologias com destaque para o uso de IAs e o espaço sideral, temas humanitários, ecologia, mineração, e o fato de que o grupo fatalmente irá enveredar para a geopolítica, porque temas como respeito à carta e a determinações da ONU, reformas em sua estrutura, condenações a atos de guerra específicos, assim como de ações terroristas, o chamamento à paz e ao respeito à soberania do povos de vários países e regiões do mundo, assim como ao uso de novas tecnologias e fronteiras tecnológicas com objetivos de desenvolvimento do bem-estar da humanidade e contra seu uso militar, tudo isso indica que a cada reunião o grupo BRICS se vê mais pressionado pelos acontecimentos a abraçar temas geopolíticos. E digo a cada reunião, porque não é a primeira vez que temas geopolíticos são incluídos na declaração final, mas é a primeira vez que eles aparecem de forma tão ampla, profunda e detalhada.

Mas se tivemos coisas boas, também tivemos as péssimas. O próprio Presidente Lula veio com a ideia estúpida de incluir os países do G7 no BRICS, como se esses países não estivessem utilizando de todos os meios, inclusive militares, para minar e impedir a consolidação desse bloco geoeconômico. De minha parte eu realmente não sei se Lula trás essas ideias estúpidas porque está senil, porque não entende o que está acontecendo, porque é coagido a isso, ou porque ele sabe que uma besteira dessas jamais seria aprovada pelos membros do Bloco.

Mas seja qual for o motivo isso pega mal, e ainda por cima não ajuda Lula a ter uma relação melhor com o Ocidente, tanto é que no último dia da cúpula ele recebeu de presente de Trump a aplicação de 50% de taxas de importação para produtos brasileiros exportados ao EUA, além de nítida interferência em assuntos internos ao exigir uma “anistia” ao pessoal do 08 de janeiro, o fim do processo contra Bolsonaro e os seus, e a não interferência nas Big Tecs estadunidenses que operam no Brasil. Mas isso é tema para outro texto.

Por esses motivos não me pareceu que a reunião de Cúpula dos BRICS tenha sido esse sucesso todo que a imprensa ligada ao PT grita, mas também não foi o desastre que se esperava por ter tido pouco preparo. Atingiu objetivos geoeconômicos, e até alguns geopolíticos, mas teve algumas escorregadelas, principalmente vindas da própria liderança brasileira.

sábado, 5 de julho de 2025

Cimeira da NATO em Haia abre novas perspectivas

Pessoal, a última reunião da NATO foi um ato de quase total e absoluta submissão e vassalagem por parte dos europeus ao EUA. Discursos e posicionamentos se alinharam quase totalmente aos anseios e solicitações de Trump, ainda que esse alinhamento possa trazer enormes problemas internos aos próprios europeus. 

Me refiro aqui especificamente ao valor de 5% do PIB de cada país que deverá ser investido em defesa até 2035. Isso é dividido em 3,5% diretamente em armas, e 1,5% em infraestrutura de defesa e produção. O valor obrigatório atual é de 2%, e já vem causando problemas a alguns países, essa elevação de 150% têm potencial para criar sérias cisões internas, principalmente nos países menores. 

Mas nem tudo foram flores para Donald Trump, e o Primeiro Ministro espanhol, Pedro Sanchez, foi categórico ao afirmar que a Espanha não deve seguir o acordado na cimeira da NATO, mesmo porque já vem enfrentando dificuldades para cumprir os atuais 2%, e ainda que outros países tenham se calado, fato é que provavelmente terão ainda mais dificuldades que a Espanha em atender tal demanda. 

Já Donald Trump foi bastante sutil ao ameaçar de retaliar a Espanha caso esta mantenha sua posição. Por outro lado há países, como Reino Unido, e principalmente a Alemanha que apoiam fortemente tal decisão, ainda que também venham a enfrentar dificuldades internas para cumprir tal meta. Os britânicos já apresentam graves problemas sociais, e a Alemanha vê sua economia derreter e problemas sociais que pareciam erradicados da vida germânica ressurgirem das sombras. A França tem apresentado uma posição mais comedida, e tenta conseguir uma forma de se beneficiar com tal investimento, ou de sair dessa obrigação sem abrir uma fissura nas relações. Difícil. 

Por outro lado uma Europa mais militarizada significa uma Europa com maior poder de interferência geopolítica, e talvez mais autônoma em relação aos EUA, que poderia diminuir seus investimentos na Europa e redirecioná-los para outros cenários, como o Oriente Médio ou a China. Mas essa autonomia europeia pode ser só aparente, porque parte substancial das armas que irão adquirir, principalmente as mais modernas e de uso de mais tecnologia devem vir do EUA. 

Pois é, seja para enfrentar uma hipotética e improvável guerra com a Rússia, seja para atender aos anseios estadunidenses, uma Europa militarizada será mais um fator de aumento da desestabilização global. E sim, as armas russas e chinesas parecem ser melhores no momento, mas armas matam, sejam elas as melhores ou não.

domingo, 29 de junho de 2025

Rússia avança sobre a Ucrânia em meio ao abandono Ocidental

Pessoal, a crise no Oriente Médio tem chamado a atenção do mundo, e dedicamos nossos últimos vídeos a essa crise. Já a crise no Leste europeu parece ter ficado em segundo plano. O quadro realmente mudou, e o Ocidente, que dava todo o apoio possível aos ucranianos, redirecionou esse apoio para Israel. 

Sim, desde a diminuição drástica do suprimento de munições, passando pelo desvio de mísseis que tinham destino o Leste europeu e foram parar no Oriente Médio, e chegando mesmo a retirar sistemas de lançamentos de mísseis e de artilharia antiaérea. Agora diz que pode levar novamente esses sistemas à Ucrânia. Zelensky já acusou o golpe, fez um chamado à atenção, e já subiu o nível do discurso, quando reclamou do abandono por parte do Ocidente. Bem, o fato é que os russos estão se aproveitando bastante da situação. 

Depois da estupidez de terem atacado parte da tríade nuclear russa, os ataques ao território ucraniano já tinha aumentado bastante, e agora com retirada substancial do apoio Ocidental, várias cidades ucranianas têm sido bastante castigadas, principalmente Kiev. E os russos nem estão precisando usar os mísseis caros, porque drones baratos chegam a seus alvos impunemente. Nas regiões em disputa a Rússia tem avançado com velocidade, e na criação de uma buffer zone também, tanto que Sumy já está bem próximo da linha de frente de combate. 

Putin também resolveu se posicionar pessoalmente contra a NATO, e se no início poupava as posições estadunidenses, agora tem incluído o EUA em suas críticas. O próprio Putin resolveu interferir no processo, e afirmou que espera que se chegue a um acordo com os ucranianos, mas se isso não ocorrer eles tomarão toda a Ucrânia. 

Não, os russos não querem governar os ucranianos, principalmente os que habitam o Oeste do país, que eles sabem que têm uma russofobia incrustada e incentivada nos últimos anos. Mas isso não impede que ele tome o território e imponha restrições severas ao governo que venha a se instalar por lá. O que ele diz claramente com essa fala é: façam o acordo e mantenham muita autonomia, só não podendo nos ameaçar de forma alguma. A alternativa é vocês terem uma autonomia muito, mas muito mais limitada.

A situação apresenta uma encruzilhada ao Ocidente. Mesmo com apoio a Ucrânia tem sido incapaz de deter os avanços russos, e apesar de mais rápido agora, os avanços seguem "lentos e seguros". A verdade é que enquanto o conflito e os combates seguem, os russos não só tomam território e minam as condições ucranianas, mas minam o próprio Ocidente, que afunda numa crise autoimposta devido a forma errada e truculenta com que lidam com um problema criados por eles mesmos.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Cessar-fogo no Oriente Médio não resolve nada

Pessoal, vamos fechar por algum tempo essa questão do Irã, e para isso vamos cobrir algumas lacunas que parecem ter ficado abertas. 

Começamos com a questão da guerra em si. Sim, o Irã foi bastante castigado durante os 12 dias de bombardeios, mas Israel foi mais, e o foi porque é um país muito menor, e até por isso acaba por ser menos resiliente a este tipo de enfrentamento. Isso fica ainda mais sério se pensamos na população, já que a israelense não tem nenhuma resiliência para enfrentar uma situação dessas. Tanto que Israel tinha solicitado um cessar-fogo negado pelo Irã, que afirmou várias vezes que pararia seus ataques quando Israel parasse os dele. Trump pressionou Israel quando anunciou seu cessar-fogo, não o Irã. 

Outro ponto importante a ser contemplado é o fato de que ambos alegam vitória. Bobagem. Israel perdeu, o Irã teve um vitória parcial e logo vocês entenderão o porquê. Israel perdeu por não ter atingido nenhum de seus objetivos: o governo do Irã não caiu, e o programa nuclear do país foi muito pouco prejudicado, ainda afastou a Agência Internacional de Energia Atômica e deve sair do tratado de não proliferação de armas em breve. Também temos que o Irã aumentou a coesão interna e desbaratou várias redes de espionagem e sabotagem que eram mantidas em seu território por Israel.

Já o Irã teve uma vitória parcial por dois motivos. O 1º é que Israel segue na região, segue sendo um inimigo temível, e deve voltar a incomodar os iranianos em futuro, talvez não tão distante. O 2º é que não houve uma rendição israelense, e o Irã não pode impor nenhuma condição aos israelenses. 

Quanto aos dois lados cantarem vitória, bem isso acontece porque não houve um fim, não há uma solução para o conflito, e mesmo o cessar-fogo não foi uma negociação, mas uma imposição de Trump, principalmente a Israel. 

Mas a questão principal para o planeta segue ainda mais insolúvel, já que Israel nunca parou os ataques aos palestinos, os combates esquentaram entre os dois lados, e vemos Israel agora buscar completar sua limpeza étnica antes de voltar ao conflito direto com o Irã. E isso foi dito pelo próprio comandante das Forças Armadas de Israel, Eyal Zamir, que afirmou exatamente isso. 

Os dois lados agora devem se preparar para um novo confronto. Muitos já chamam o conflito de “Guerra dos 12 dias”, eu chamarei de “Primeiro Enfrentamento entre Israel e Irã”. Sim, muito provavelmente teremos outros.

domingo, 22 de junho de 2025

EUA ataca Irã: mesmo que tenha sido inútil, não pode ficar sem resposta


Pessoal, e como se esperava, Trump atacou o Irã. O vice-presidente J.D. Vance disse que o Irã deveria se resignar e aceitar o fato, sem reação. Bem, acho que ele não entende a cultura iraniana. Netanyahu, o corajoso líder israelense que iniciou o conflito com os persas, e que fugiu para fora do país na sequência, disse que finalmente o EUA tomou uma boa atitude, e acabou com o projeto nuclear iraniano. A mídia Ocidental está eufórica com o que chamam de destruição do projeto da bomba atômica iraniana, enquanto vozes sensatas, algumas até mesmo inesperadas, dizem que o presidente errou. Esses nomes dissonantes incluem Steve Bannon e Scott Ritter, porque apesar de muitos avisos, apesar de muitos relatórios de que não havia projeto de bomba atômica, ou intenção de construir uma, o presidente que foi chamado por Scott Ritter de “um nada”, autorizou o ataque a algumas instalações nucleares iranianas. 

Segundo os persas as instalações já estavam sem material nuclear, todos os equipamentos técnicos já haviam sido removidos, e os danos foram todos externos, sendo que a parte subterrânea das instalações não foram atingidas. Elas são Fordow, Natanz e Esfahan. E praticamente ao mesmo tempo em que o EUA atacava as usinas iranianas, era feito mais um ataque dos persas a Israel. Além de dizer que os danos foram mínimos, autoridades iranianas e sua TV oficial já avisou que quem começou foram os estadunidenses. Também foi solicitada mais uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, e os persas invocaram o direito de retaliação. 

Também precisamos ver como reagirão russos, chineses, paquistaneses e os coreanos do norte, que afirmaram ou deram a entender apoio ao Irã. Agora é ver os desdobramentos. Ou o Irã reage, seus aliados se juntam definitivamente e dão um basta nessas ações, ou o Brics e a multipolaridade alardeadas por Putin vão esperar mais uns 40 anos para tentarem outra vez, e as novas rotas da seda terão uma enorme praça de pedágio para serem utilizadas, o que inviabiliza seu projeto de comércio global.


quinta-feira, 19 de junho de 2025

Por que a guerra contra o Irã?


Pessoal, vamos entender o porquê dessas guerras intensificadas no Oriente Médio nos últimos anos, e já adianto que não foi um acaso elas se intensificarem no mesmo momento histórico em que se inicia o conflito na Ucrânia. É uma disputa entre o bloco emergente com o bloco que resiste à mudança de hegemonia mundial. 

A China é o principal objetivo, mas há objetivos secundários, terciários, e os que caem por gravidade no colo do vencedor. O secundário foi onde tudo começou, a Rússia. A ideia era provocar uma mudança de regime no gigante euro-asiático, de forma a torná-lo dócil aos interesses ocidentais, e talvez até dividi-lo em várias repúblicas menores, em que cada membro ocidental controlaria uma delas. 

Os terciários são problema em disputa, como alguns países europeus, asiáticos, e alguns sulamericanos. São algumas potências regionais que têm condições de fazer pender a balança para um lado ou outro no âmbito de sua influência imediata. O Brasil, a África do Sul estão nessa situação, e o Irã também, ainda que não sejam os únicos. 

Mas o Irã é o mais perigoso para o Ocidente, porque eles têm pouquíssima influência, o Irã é um importante exportador de petróleo, tem um nível de controle tecnológico interessante, e é uma potência militar, principalmente na missilística (Israel descobriu isso da pior forma possível). E o Irã ainda está encrustado na região mais nevrálgica do mundo, que é a maior exportadora de energia do mundo há mais de 8 décadas. De quebra o Irã é um grande fornecedor de petróleo para a China e é nevrálgico no projeto “Cinturão e Rota”, ou “Novas Rotas da Seda”. Acompanhe no mapa. 

No fornecimento de energia, 90% da produção iraniana vai para a China, ou seja, mais de 1,7 milhões de barris diários. Isso seria um baque para a indústria chinesa, que necessita de energia para produzir, além de materiais que são derivados do petróleo. Ainda destrói a principal artéria do cinturão e rota. Por isso é um enorme ataque à China, e por isso os chineses não podem deixar o Irã cair. 

Claro, os problemas pessoais de Netanyahu, os internos de Israel e EUA, as questões messiânicas religiosas, tudo isso conta, mas a grande intervenção, o motivo do EUA estar articulando a mudança de regime, ou até um caos no território iraniano (caos e comércio não combinam) é deter o desenvolvimento chinês, e reverter os avanços sino-russos na região dos últimos anos. Toda guerra é, acima de tudo, econômica.