Que 2022 nos traga mais do que um Ano Novo. Que ele nos traga Paz, Saúde, Tranquilidade, e um Mundo Novo, um País Novo, e que os brasileiros consigam construir esse país de forma democrática e unida.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2021
quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
Trabalhadores que não querem trabalhar?
Ótima reportagem sobre um movimento que se inicia em várias partes, e que pode mudar definitivamente as relações de trabalho no mundo capitalista. Durante mais de um século os sindicatos tentaram levar os trabalhadores a perceberem que através de ações conjuntas poderiam equilibrar as forças que se atritam no Capitalismo: o Capital e o Trabalho.
Pois é, o que o vídeo abaixo mostra é que agora uma porção importante dos trabalhadores começa a estressar o equilíbrio dessa relação, que nas últimas décadas tem estado claramente mais favorável ao Capital.
Mas o que surpreende é que agora isso se dá espontaneamente, sem a interferência de sindicatos ou de movimentos organizados.
Será que agora vai?
https://youtu.be/icI74UlIZHI
quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
Antonio Neto mostra a verdadeira polarização
Antonio Neto, Presidente da CSB, disse muito sobre a atuação do ex-Juiz Sérgio Moro. O sindicalista e pré-candidato a Dep. Federal em São Paulo se limitou a sua atuação como Juiz durante , que foi desastrosa em todos os sentidos. Basta dizer que a maioria de seus condenados hoje gozam de liberdade, que vários dos processos foram anulados por suspeitas em sua atuação durante a condução dos casos.
Mas não para por aí, porque logo após deixar o Governo Bolsonaro - no qual ele não devia ter entrado por absoluto conflito de interesses entre seus atos e o resultado das eleições - o ex-Juiz assume um cargo numa assessoria internacional, que hoje é responsável pela massa falida de empresas que foram quebradas pelas ações de Moro como Juiz. Isso agora é investigado pelo TCU.
E como disse o próprio Moro em entrevista ao My News, à mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta também, algo que o ex-Juiz nunca pareceu.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2021
Na França não tem essa de 2ª chance
A corrupção precisa ser combatida, seja ela no Brasil, seja na França, ou em qualquer outro lugar do mundo. Ela existe, e faz parte não apenas do sistema político e de produção do mundo.
O artigo aí embaixo está exatamente mostrando isso.
Sim, porque ela é um problema, ela atrapalha muita coisa, mas ela não é o único problema, e nem mesmo é o maior dos problemas, ainda mais num país como o Brasil.
Temos problemas muito mais urgentes a serem resolvidos, como Educação, Saúde, Desenvolvimento e Domínio Tecnológico, Segurança, entre outos.
E o combate a nenhum desses problemas impede que se combata a corrupção concomitantemente.
A propósito, na França não tem segunda chance, e as coisas são feitas dentro da Lei, portanto, não tem anulação de processo também.
E já vão duas pulseiras eletrónicas para Sarkozy
Segunda condenação no espaço de meio ano para o ex-presidente francês, que se arrisca a cumprir prisão domiciliária.
Seis meses depois de ter sido condenado a três anos de prisão (com dois anos de pena suspensa) por corrupção e tráfico de influências, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, de 66 anos, volta a receber uma sentença condenatória, estreitando as hipóteses de um regresso ao ativo, aspiração que uma parte do centro-direita mantém. Desta vez o processo é relativo ao financiamento ilegal da campanha eleitoral de 2012, o chamado caso Bygmalion.
O tribunal foi além do pedido pelo Ministério Público e aplicou a pena máxima, um ano de prisão, ao antigo chefe de Estado. Os advogados de defesa informaram que iriam recorrer da sentença, tal como no processo de corrupção. Caso se confirme, a pena de prisão será cumprida com a aplicação de pulseira eletrónica. A lei foi entretanto revista e os candidatos que não cumpram a lei do financiamento incorrem em penas de até três anos de prisão. Sarkozy ainda é investigado noutro processo pelo alegado financiamento líbio da campanha de 2007.
domingo, 26 de dezembro de 2021
Incêndio a bordo deixa mortos em Bangladesh
Um pouco antes do Natal fomos surpreendidos com uma notícia muito triste vinda da Ásia: um incêndio a bordo. Foram ao menos 30 vidas perdidas, em um evento trágico, além das perdas materiais, e que provavelmente poderia ter sido evitado, caso medidas de segurança e manutenção fossem aplicadas corretamente na embarcação.
Que mais essa tragédia possa ter ao menos a capacidade de fazer despertar a real responsabilidade nas ações daqueles que têm o dever de promover e executar as ações e atitudes capazes de mitigar esse tipo de evento a bordo, e em outros locais também, porque foi exatamente isso que ocorreu, por exemplo, na boate Kiss.
Busco um mundo em que à vida e ao bem-estar coletivos possam se sobrepor ao anseio pelo lucro e ganhos pessoais.
Incêndio em barco no Bangladesh provoca a morte a pelo menos 37 pessoas
Autoridades assumem que entre 700 e 800 passageiros estavam a bordo.
Cerca de 100 feridos foram enviados para hospitais, disse o chefe administrativo da região de Jhalokathi, Mohammad Zohor Ali, onde o incidente teve lugar, à agência noticiosa espanhola Efe.
"Ainda não sabemos exatamente quantos passageiros estavam no barco, temos testemunhos diferentes de pessoas diferentes. Neste momento, assumimos que entre 700 e 800 passageiros estavam a bordo", acrescentou.
sábado, 25 de dezembro de 2021
Feliz Natal!
Um maravilhoso Natal a todos e todas. De presente um excelente cover da Martin Miller Session Band.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
Feliz Natal!
Natal, época de reflexão e de análises, época de mudanças e aprimoramentos. Mas também é época de comemorarmos a chegada daquele que nos faz refletir e buscar melhorarmos.
Feliz Natal a Todos e Todas que estiveram conosco nesse 2021!
quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
Ciro Gomes e Armínio Fraga
Muito bom vídeo do Portal do José
É verdade José, seu vídeo foi ótimo, incluindo quando você diz que Lula adapta discursos às audiências e não apresenta propostas por buscar alianças eleitorais. Sim, porque aí você pode se adaptar facilmente aos interesses dos outros. Essa adaptação dos discursos também faz com que ele defenda todos os interesses de suas audiências, o que claramente é uma ambiguidade insuperável. Por exemplo, ele defende um pastor homofóbico, e que o apoio dos LGBTQIA+. Da mesma forma, quando não tem projeto, assume o caráter puramente eleitoreiro de sua plataforma política, o que o deixa a mercê dos interesses que o mantenham no poder. OU seja, o objetivo é simplesmente o poder, o que vai acontecer depois não importa muito.
Será que não? Vimos o que aconteceu na permissividade excessiva de suas alianças e políticas eleitoreiras.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
Na China evasão fiscal não tem refis
Huang Wei, conhecida "influencer" chinesa tomou uma multa milionária. O 180€ milhões são muito mais do que uma punição à milionária, na verdade eles são profiláticos a outros que enriquecem no país asiático e tentam aplicar táticas ocidentais por lá.
E pra não ficar barato, e mostrar que eles não estão brincando, a "influencer" ainda teve algumas de suas contas em redes sociais chinesas (equivalentes às ocidentais) bloqueadas. Ou seja, ela ainda teve acesso a seu "ganha pão" reduzido drasticamente.
Ela não é a primeira a ser exemplarmente punida na China por evasão fiscal, mas talvez seja a mais famosa. E é isso mesmo que tem que acontecer, porque cadeia para desvios pode ser importante, mas mais importante é que os ganhos financeiros sejam não apenas eliminados, mas se tornem prejuízos. Isso é muito mais profilático.
'Influencer' chinesa multada em 180 milhões de euros por evasão fiscal
Huang Wei, também conhecida como Weiya ou Viya, publicou na rede social Weibo uma declaração pedindo desculpa e admitindo a sua "culpa profunda".
Afamosa influencer chinesa Huang Wei foi multada em 1,34 mil milhões de yuan (180 milhões de euros) na segunda-feira por evasão fiscal, informou esta terça-feira o China Daily.
Segundo as autoridades fiscais da província oriental de Zhejiang, Huang evitou pagar 703 milhões de yuan ($98 milhões de euros) durante o período 2019-2020, pelo que decidiram impor uma multa que inclui impostos devidos, taxas de atraso de pagamento e uma penalidade.
Huang Wei, também conhecida como Weiya ou Viya, publicou na rede social Weibo uma declaração pedindo desculpa e admitindo a sua "culpa profunda".
terça-feira, 21 de dezembro de 2021
Os equívocos de Bresser-Pereira
O texto do Professor e Economista Bresser-Pereira foi divulgado em suas redes sociais. Eu o vi no Twitter, mas o que trago abaixo retirei do Facebook, e é o mesmo. Pois bem farei alguns comentários breves, que dão o viés desenvolvimentista assumido pelo Professor, mas o equivoco em afirmar que isso venha a ser feito por Lula.
Para mim o primeiro equívoco é dizer que os brasileiros caíram em si. Ora, basta ver as pesquisas que vemos que os brasileiros não entenderam nada. Bolsonaro é o fundo do poço, mas ele faz um governo economicamente compatível com todos os que tivemos no Brasil de Collor para cá, com a honrosa exceção de Itamar Franco. A ideia principal é o "liberalismo econômico", que se traduz em abertura de mercado, privatizações (no Brasil quase doações), achatamento salarial, perda de direitos trabalhistas e de cidadania, etc. O que as pesquisas dizem é que o brasileiro seguirá votando nisso, apenas não será num alucinado que comete as maiores atrocidades possíveis.
Também erra ao dizer que o teto fiscal seria aceitável se variasse com o PIB. Teto fiscal não é aceitável em nenhuma hipótese. O aceitável é que o governo debata o orçamento com o Congresso, e de preferência com a sociedade também, e que este caiba dentro das receitas previstas do ano, mas que seja maleável, podendo aumentar ou diminuir dependendo das possibilidades e necessidades. Assim agem nações avançadas.
Depois ele comete outro erro. Sim, ele diz que a candidatura de Ciro não deslanchou. Ora Professor, a eleição é em outubro do ano que vem, e muita água ainda passará embaixo dessa ponte. A candidatura do pdetista poderá deslanchar ou não, mas ela não está fora do páreo.
Outro erro é dizer que Lula fez um belo governo. Bem, não devemos confundir sorte com acerto. O governo de Lula foi recheado de erros. Os econômicos foram pelos 8 anos, e os políticos se concentraram no segundo mandato. Ainda assim o resultado pareceu bom, mas foi pela sorte que teve. O enorme boom das commodities pagou as trapalhadas financeiras, possibilitou enormes transferência de renda aos setores mais privilegiados da sociedade, e ainda sobrou para um sopão pros pobres. Na verdade ele e Dilma jogaram 12 anos de enorme possibilidades no lixo, em vez de aproveitar o período para promover uma revolução econômico-social no país.
Por último erra ao dizer que antes Lula não tinha ferramental teórico e agora o tem com o Novo Desenvolvimentismo, e erra mais ainda ao dizer que ele fará uso dele. Lula não fará uso de nada. Ferramental teórico desenvolvimentista existe há muitos anos, foi aplicado com muito êxito em muitas sociedades, e Lula não o usou porque não tem nenhum compromisso com isso (nem conhecimento). O que Lula busca, em nome do poder, é garantir enormes lucros a grandes grupos econômicos, enquanto usa políticas sociais compensatórias como amortecedor para as tensões sociais. E é isso que ele tentará fazer de novo. Só que agora não terá boom de commodities para pagar a conta.
Depois disso vou querer ver o carisma dele para explicar pro povo que não terá expansão de bolsa-esmola porque não cabe num orçamento já tomado por isenções fiscais para grandes empresas, salários exorbitantes para uma casta de funcionários públicos improdutivos e privilegiados (uma pequeníssima maioria que se farta no orçamento), e o pagamento de estratosféricos juros de uma dívida pública desnecessária. E ele não vai nem tentar mexer nesse orçamento. Por isso a busca tão alucinada em tentar colocar alguém ligado ao mercado financeiro como vice. É a garantia de que ele estará com a faca no pescoço.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
Os evangélicos não são um bloco único
Apesar de termos péssimos exemplos entre os evangélicos (também os temos entre católicos, protestantes, budistas, espíritas, etc, porque pertencer a uma religião não é atestado de boa conduta), também temos aqueles que têm pés no chão e cultivam os valores pregados por aquele que eles consideram o único Deus, Cristo.
Foi assim que a Igreja Betesda do Ceará publicou carta aberta em que defende valores importantes, ainda que poucos os entendam. A democracia, o estado de direito, não são finalidades, são meios para que possamos ter uma sociedade mais harmônica, avançada social e economicamente, e feliz.
São valores básicos que precisamos preservar, porque sem eles não alcançaremos outros, esses sim, mais palpáveis e entendíveis à maioria, como trabalho e salário decentes, saúde e educação universais, grátis e de qualidade, a verdadeira liberdade de ir e vir, etc.
Igreja Betesda do Ceará se posiciona contra Bolsonaro por meio de carta aberta
Diante de discursos promovidos pelo presidente e seus apoiadores em referência ao 7 de Setembro, a instituição religiosa divulgou uma carta aberta ao risco que a democracia enfrenta09:46 | Set. 05, 2021Autor Nadine Lima Tipo Notícia
A Igreja Betesda publicou em suas redes sociais nesse sábado, 4, uma carta aberta em defesa da democracia diante do momento vivido no País. Documento faz referência também ao feriado do 7 de Setembro e os riscos dos discursos do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores, o que definem como teorias da conspiração, negacionismo e distorções da realidade.
Por meio do seu colegiado de pastores e pastoras, o templo cristão iniciou o discurso afirmando que, ao longo de décadas, optou por uma postura de isenção diante da política, no entanto, à frente do crescimento de discursos autoritários por forças políticas do Governo Federal e de instituições religiosas, se fez necessária a iniciativa.
"O Evangelho não se sujeita a um projeto institucional de poder, mas não deixa de se traduzir em consciência política e indignação frente à injustiça e às ameaças ao estado democrático de direito. Condenamos a evidente aliança entre pastores, pastoras e igrejas evangélicas com o projeto político que levou ao poder o atual Presidente da República", destaca um trecho da carta.
domingo, 19 de dezembro de 2021
Via Láctea encolheu?
Na verdade não. O título do artigo abaixo é enganoso, e quem se detém alguns minutos para lê-lo percebe que, na verdade, a Via Láctea aumentou com a perda de galáxias satélites.
Mas essa não é a única surpresa. A existência das Grande e Pequena Nuvem de Magalhães são de conhecimento por muitas pessoas. As galáxias anãs estão em processo de captura pela Via Láctea, e irão se fundir com a galáxia maior nos próximos bilhões de anos. Andrômeda também, mas levará um pouco mais de tempo. Alguns bilhões de anos a mais.
E não se assustem, porque quando falamos poucos em bilhões de anos, esse é um tempo curto para os padrões cósmicos.
Mas o que me chamou a atenção no artigo abaixo não foi o fato de estarmos capturando outras galáxias menores, ou nos fundindo com Andrômeda, mas sim o de termos várias outras galáxias anãs próximas a nós. O estudo mencionado no artigo se restringiu a 40 delas, mas existem mais, e os cientistas acreditam que ainda não encontraram todas.
E cada vez que descubro coisas novas sobre o cosmos fico mais fascinado. Quantas maravilhas não devem existir por essa imensidão de estrelas e planetas?
A Via Láctea pode ter perdido recentemente um monte de galáxias satélites
O espaço ao redor da Via Láctea não está vazio. Está recheado de galáxias anãs – pequenas, escuras de baixa massa, com apenas cerca de 1.000 estrelas cada.
Isso não é incomum. Sabemos, por meio de nossas observações de outras grandes galáxias, que as galáxias anãs frequentemente se reúnem nas proximidades e podem ser capturadas no campo gravitacional do objeto maior.
Os astrônomos identificaram até agora quase 60 galáxias menores dentro de 1,4 milhão de anos-luz da Via Láctea, embora seja provável que haja muito mais se escondendo no escuro. A maioria parece que está por aí, como moscas de fruta em volta de uma banana.
sábado, 18 de dezembro de 2021
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
O Brasil pode, e deve
Vale muito a pena ler o texto abaixo. Industrialização não é apenas a montagem de máquinas e objetos, é soberania, bem-estar social, e desenvolvimento.
O PND de Ciro Gomes versus o complexo de vira-lata – Parte 2
- Post author:Christian V. Kuhn
- Post published:10 de dez de 2021
- Reading time:20 min de Leitura
Um pouco antes de publicarmos no Todos com Ciro um artigo analisando o vídeo de Pedro Doria “Essa eleição dá pra Ciro?”, o jornalista acabou publicando um vídeo de réplica aos argumentos usados pelo professor Nelson Marconi. Esse vídeo, por sua vez, gerou novas tréplicas do Politizando, e dos professores André Roncaglia e Nelson Marconi. Por esse motivo, ao publicarmos o primeiro artigo como Parte 1, sabíamos que precisaríamos novamente analisar a continuação desse debate numa Parte 2, consolidada no presente artigo. Vamos agora analisar ponto a ponto.
O processo de produção global
Doria persistiu no argumento de que a globalização tornou os processos de produção industrial iminentemente globais. De fato, o processo de abertura comercial e financeira na América Latina no início dos anos 1990 conectou empresas, tanto dentro do continente, como com o resto do mundo. Sucedeu-se uma desverticalização e desnacionalização de empresas, principalmente na indústria, o que por sua vez, reduziu de sobremaneira o tamanho desse setor, como ocorrera no Brasil.
Antes da abertura comercial, a indústria brasileira possuía um encadeamento bastante coeso, com boa parte da produção de bens de consumo (automóveis, eletrodomésticos, etc.) ser suprida de bens intermediários (insumos e matéria-prima) e de capital (máquinas e edificações) no mercado interno. Após os anos 1990, esses elos foram desfeitos e vários componentes e mesmo produtos passaram a ser importados. A principal razão dessa mudança foi que, durante o Processo de Substituição de Importações (PSI), a indústria nacional foi voltada mais para atendimento da demanda interna, sem sofrer concorrência significativa com produtos importados, primordialmente bens de consumo.
Quais as implicações da abertura comercial e financeira desde 1990? Num primeiro momento, tivemos uma forte recessão que desencadeou na perda de alguns milhões de empregos na década no Brasil, cuja economia não fora preparada para concorrer com o estrangeiro. Principalmente desde o Plano Real, com o câmbio sobrevalorizado, esse cenário piorou dramaticamente. Além disso, provocou uma maior volatilidade na trajetória do PIB, conhecida como stop-and-go (ou popularmente chamado de voo de galinha). Se por um lado, significou maior acesso a bens de consumo de melhor qualidade e mais avançados tecnologicamente para a população, por outro, desmantelou nossa estrutura produtiva, acirrando falências, fusões e aquisições e desemprego estrutural.
O que parece não ter ficado claro para Doria é o exemplo dado do Iphone. Um aparelho fica mais caro com desvalorização cambial, mesmo produzido em São Paulo, pois boa parte de seus componentes provém do exterior, de várias partes do mundo. Mas a sua contribuição na produção e renda brasileira é o valor adicionado em cada etapa de produção do aparelho. Quando ele é apenas montado no Brasil, sua contribuição é substraída do custo das peças e componentes importados.
Em suma, Doria reivindica um Iphone mais acessível para consumo, com dólar mais barato, o que bem lembra o professor Roncaglia, reproduz exatamente o que Bresser-Pereira chamou de “populismo cambial”. Uma taxa de câmbio sobrevalorizada que barateia a aquisição de produtos importados e incentiva o consumismo, tal qual fora do Plano Real até o fim do segundo governo Lula. Além disso, ignora que é a produção que sustenta o crescimento econômico e, consequentemente, a geração de emprego e renda necessária justamente para a formação de uma classe consumidora. É por isso que países mais desenvolvidos são também aqueles mais industrializados. A maior parte do valor adicionado de sua produção é internamente em suas economias. E por produzirem bens de maior nível tecnológico e de marcas mais conhecidas mundialmente, exportam parte de sua produção para outros países. Produzem bens competitivos menos dependentes do preço. Países em desenvolvimento tendem a exportar produtos menos sofisticados e mais sensíveis ao preço.
Doria também não é muito feliz a respeito de seu exemplo sobre a Embraer. O jornalista apresenta a empresa como competitiva e adaptada ao processo de produção industrial globalizado, pois várias peças e componentes de seus aviões são fabricados em diversas partes do mundo. O que Doria se esquece, e o professor Roncaglia bem ressalva, é que a Embraer só é uma empresa competitiva e um polo tecnológico porque nasceu de um projeto exitoso liderado pelo Estado, na sua fundação em 1969. Ademais, reiterando o que fora dito no artigo anterior, ter a propriedade do produto final, no caso os projetos da Embraer, agregam muito mais valor e competitividade do que meramente se especializar na produção de bens com menor valor agregado. Roncaglia também cita o caso da CEITEC, um centro tecnológico de produção de semicondutores, que recebeu parcos incentivos, e sem demanda por seus chips dos projetos prometidos por Lula que não saíram do papel.
Por isso, pegando os exemplos dados por Doria, supondo um país que resolve adquirir Iphones do exterior (ou importar a maior parte dos seus componentes para produzir internamente) e financiar essas aquisições com a exportação de soja, ele tende a sofrer de deterioração dos termos de troca, que é a queda da razão dos preços das exportações sobre os preços das importações. Esse fenômeno foi demonstrado pelo argentino Raul Prebisch, da CEPAL, ao final dos anos 1940, citado anteriormente por Roncaglia. Os bens agrícolas geralmente apresentam maior concorrência e menor diferenciação, sendo assim mais sensíveis a variações de preço, enquanto produtos industrializados se agrega mais valor com diferenciação e possuem menor concorrência e, portanto, menos influenciados pelo fato preço. Especializar-se em produzir bens agrícolas, como soja, para vender ao exterior e adquirir bens industrializados do exterior faz com que os preços das exportações tendam a cair em relação aos preços das importações, impactando negativamente nas contas externas e aumentando a dependência desses países.
Conforme Gala (2017) e Gala e Roncaglia (2020), muitos produtos industrializados tendem ser mais complexos – não ubíquos e mais sofisticados – do que bens agrícolas, conferindo maior complexidade econômica aos países que se especializam mais nos primeiros. E são justamente os países com maior nível de complexidade econômica que são mais desenvolvidos. Então, como bem sinaliza Roncaglia, o Brasil não deve se contentar a ocupar um espaço marginal no comércio exterior, produzindo o que todo mundo produz (ubíquos) com baixa ou nenhuma diferenciação, mas buscar investir em tecnologia para fabricar bens com maior nível de complexidade econômica e, portanto, menos dependentes de preços e mais competitivos internacionalmente, como é o caso da Embraer. Por esse motivo, nas palavras de Roncaglia, “simplesmente fazer uma inserção cosmopolita e aceitar o que mundo der pra gente, é exatamente reproduzir as causas do nosso subdesenvolvimento”. O que o Brasil deve fazer, segundo o professor, é justamente estimular empresas como a Embraer, que vendem produtos cuja ótima qualidade independa do preço.
Irreversibilidade do processo de globalização
Doria tem razão em apontar que o processo de produção global se deve à revolução tecnológica em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), e que propiciou um fluxo mais facilitado de bens, serviços, infraestrutura (fretes e transportes) e mesmo de pessoas, seja para trabalho ou turismo. Mas embora a globalização não tenha sido decidida em um “gabinete” de um governo local, lideranças políticas e empresariais, e inclusive acadêmicos, cumpriram um papel fundamental na promoção dessa transformação política, econômica e social.
Foi Margaret Thatcher, então primeira ministra do Reino Unido, a autora do acrônimo TINA (There Is No Alternative – Não há outra alternativa), referindo-se à globalização e às ideias de livre mercado e privatizações propaladas pelo neoliberalismo. O Consenso de Washington, de 1989, teve participação ativa do FMI, Banco Mundial e o Tesouro dos EUA, baseadas em escritos do economista John Williamson, e se tornou praticamente uma cartilha seguida pelos governantes da América Latina no início dos anos 1990. Sem essa e outras iniciativas de apoio político e institucional, a globalização não teria avançado tão rapidamente.
Na visão de Doria, a globalização é um processo irreversível. Semelhante à linha de raciocínio proposta por Fukuyama (1989), quando publicou seu livro intitulado “O Fim da História”, que diante da queda do Muro de Berlim e a derrocada do comunismo na União Soviética, anunciava o liberalismo econômico e a democracia liberal como fim da evolução da humanidade e caminho natural para os países recém democratizados.
Porém, a globalização não começa apenas nos anos 1990, como bem ressalta Roncaglia. No desenvolvimento do mercantilismo, entre a 2ª metade do século XV até meados do século XIX, com a preocupação dos países acumularem metais preciosos para equilibrar as suas balanças comerciais, deu-se início às grandes navegações que, a caminho das Índias, culminaram na descoberta de novos territórios, entre eles o Brasil. Após com a segunda revolução industrial, pode-se dizer que há um segundo movimento de integração mundial, pois sem a possibilidade de comércio internacional, o modelo de produção inglês não teria se consolidado na formação do capitalismo industrial. Mais do que isso, é preciso ressaltar que os atuais países desenvolvidos impediram o desenvolvimento de países como Brasil e Índia quando eram colônias, algo que até hoje reflete no atraso dessas nações.
Essa fase iniciada 1989, com os eventos destacados por Fukuyama, foi um 3º movimento. Ao longo da história, houve períodos em que os países expandiram e contraíram a sua integração comercial e financeira. Então, é difícil sustentar a tese de que a fase da globalização que surgiu há 30 anos seja irreversível, sobretudo com eventos como o Brexit, em que um Estado que já foi a maior potência mundial, o Reino Unido, decretou a sua retirada da União Europeia, justamente em clara reação de descontentamento com os resultados econômicos e sociais adversos advindos da globalização.
A automação, como Doria argui, ao mesmo tempo que aprimora o processo produtivo, causa desemprego estrutural, já que grandes companhias como Google, Apple e Microsoft empregam muito pouco enquanto faturam bastante, obtendo patamares de produtividade jamais vistos na história, se consolidando em empresas globais. Essa automação chega não somente aos pátios do chão de fábrica, como também aos escritórios, ou seja, não se restringe tão somente à indústria, como também em diversos ramos de comércio e serviços, inclusive afetando profissionais liberais. Toda essa análise se encontra no livro de Harari (2018), “21 lições do Século XXI”, citado por Doria.
Porém, como bem adverte Roncaglia, os estudos de Acemoglu apontam que a robotização ainda está em estágios iniciais e que boa parte do desemprego atualmente gerado se deve ao deslocamento das estruturas produtivas e dos empregos para o leste e sudeste asiático. Ademais, o professor também destaca que não se pode desprezar o poder de monopólio da Google e demais empresas mencionadas por Doria, que explica a alta produtividade dessas grandes corporações, e não somente o seu nível de automação. Sem contar com o enorme poder político obtido por essas instituições.
Projetos nacionais do século XX versus PND de Ciro Gomes
Doria argumenta que a política industrial nos países asiáticos só foi exitosa porque esses países tinham poupança e uma população com alto nível educacional, enquanto o Brasil não tem nada disso. Pois são justamente dois dos temas que o Projeto Nacional de Ciro Gomes (2020) pretende atacar, o mesmo criticado por Doria. Para a formação de poupança, Ciro defende uma reforma tributária que permitirá elevar a arrecadação, e medidas para redução da Dívida Pública e dos juros pagos e uma reforma da Previdência, que permitirão diminuir as despesas.
Já na educação, Ciro apresenta uma proposta de Revolução Educacional, inspirado no sucesso que começou em Sobral, no Ceará, e se disseminou pelo estado. São ações como i) federalização da gestão do ensino básico; ii) ajuste do conteúdo do ensino básico; ii) investimento e preparação dos professores; iv) informatização nas escolas; v) apoio material para crianças pobres permanecerem na escola.
Importante acrescentar que Ciro propõe, como bem lembra o canal Politizando, tanto uma política de Ciência e Tecnologia quanto uma política industrial, em que ambas dialogarão com as medidas acima propostas para a educação. De nada adianta a qualificação educacional da população se não tiver aproveitamento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), pesquisa em ciências básica e aplicada, empreendedorismo ou no mercado de trabalho na academia ou setores público e privado, como acabou ocorrendo desde a recessão de 2015-2016.
Ainda, quanto às pré-condições de educação qualificada e formação de poupança para o desenvolvimento dos países do leste asiático, argumento de Samuel Pessoa e outros neoliberais reproduzido por Doria, o professor Roncaglia levanta a reflexão interessante: seria possível esses países terem se desenvolvido apenas com essas condicionantes, sem uma “mão pesada do Estado” e políticas industrializantes? Não só essas ações estatais foram fundamentais nesses países, como os mais ricos só atingiram o grau de desenvolvimento que sustentam atualmente porque também recorreram a incentivos à industrialização. Ocorre que depois que alcançaram o andar de cima do desenvolvimento, acabaram por “chutando a escada”, expressão de List que Chang (2004) empresta ao título do seu famoso livro, sugerindo políticas aos países em desenvolvimento que os já desenvolvidos jamais praticaram. Pois podemos afirmar que o Projeto Nacional de Ciro Gomes pretende juntar a escada do chão e fazer o Brasil subir andares mais altos do desenvolvimento.
Mas Doria segue nesse vídeo com suas críticas aos projetos nacionais de industrialização de nossa economia, ocorridos de 1930 a 1980. Como esclarecido no artigo anterior, esses projetos ocorreram sob um Modelo de Substituição de Importações (MSI), processo voltado para a dinamização do mercado interno. Vale dizer que para uma indústria nascente em formação, como fora nesse período, em que vários países também protegiam suas economias, o Brasil não teve as mesmas oportunidades de adotar um modelo export-oriented industrialization (industrialização orientada para fora), tal qual os países do leste asiático fizeram anos depois.
Nas palavras de Doria, nossa indústria formada até os anos 1980 foi “quase sempre capenga”, “dependente de subsídios” e “incapaz de produzir para competir com o exterior”. Mas também fez o Brasil ser o país que mais cresceu do pós-guerra enquanto vigorou o Processo de Substituição de Importações (PSI), média de 7% ao ano. Desenvolveu o nosso mercado interno, que permitiu dezenas de milhões de brasileiros formarem uma classe média capaz de consumir além da sua subsistência, e que atraiu empresas multinacionais para atendê-la. A mesma que urbanizou cidades, mudou hábitos e costumes e ajudou a integrar várias regiões do país para transformá-lo numa nação. Sem essa indústria “capenga” e subsidiada, não teríamos um sistema capitalista no Brasil.
Claramente, esse período gerou efeitos adversos sociais e econômicos. Se no plano de Vargas, os operários tiveram reconhecidos os seus direitos trabalhistas e previdenciário, durante os anos de chumbo da ditadura, essa classe teve seus salários deprimidos, reajustados abaixo da crônica inflação. Corroia o poder de compra dos mais pobres, que foram inclusive marginalizados pelos governantes civis e militares, o que formou vilas e favelas. Economicamente, sofremos com a inflação e o avanço da dívida pública e externa. Mas nem todas essas mazelas socioeconômicas se devem tão somente aos projetos nacionais de industrialização, foram fruto também dos regimes políticos, fundamentalmente na ditadura civil-militar de 1964 a 1985. Portanto, não se pode comparar o mesmo modelo e política de desenvolvimento de Vargas e Jango, que defendiam reformas de base, como o de Geisel, que o fazia comprimindo salários e concentrando renda.
A forte crítica de Doria a nossa indústria reflete certo complexo de vira-lata, de que tudo que vem do estrangeiro é melhor e mais confiável. Claro que não intencionalmente. Doria ignora que podemos, se quisermos, também produzir a nossa tecnologia, existem vários exemplos exitosos. O projeto de Ciro não é de ser bom em tudo, como ensejavam os projetos do PSI. Ciro propõe uma política industrial focada em quatro complexos produtivos (agronegócio, saúde, defesa e petróleo, gás e bioenergia), como bem ressalva o Potilizando, mais estímulos à construção civil, bem como à inovação e ao empreendedorismo. É suficientemente viável e absolutamente necessário.
O impacto do câmbio desvalorizado (dólar elevado) é algo sim a se preocupar, podendo impedir que pequenos negócios e startups prosperem. Todavia, Ciro não defende um dólar no atual nível em torno de R$ 5,60/US$. Como o professor Marconi explicou, um nível adequado do dólar atualmente seria na casa de R$ 4,80 a R$ 5,00/US$, patamar praticado por volta de março de 2020. Depois da pandemia, o dólar oscilou a maior parte do tempo entre R$ 5,40 e R$ 5,70/US$. Caso retornasse para o valor pré-pandemia, resultaria em uma valorização de 11 a 14%, acima da inflação.
Mais do que meramente discutir o nível do câmbio, é preciso também que a política econômica tenha um mínimo de previsibilidade para que não oscile de forma errática, como hoje. Com um câmbio tão volátil e incerto, empresas precisam recorrer a hedges, algo impraticável para a maioria das startups. Então, Doria tem mais motivos para se preocupar com o câmbio no governo Bolsonaro, do que num eventual governo Ciro Gomes. Mas como bem destaca Marconi em seu último fio no Twitter, a taxa de câmbio deve oscilar num “patamar competitivo” para que os “produtores locais eficientes” tenham acesso ao mercado externo ou interno, evitando que sejam prejudicados com uma moeda sobrevalorizada. O professor até lembra que Mário Simonsen afirmava que “câmbio apreciado pode matar as empresas”, mesmo as mais eficientes.
Outra questão apontada por Doria são os salários brasileiros, que comparativamente à China e Coreia do Sul, são maiores e a mão-de-obra seria mais qualificada nos países asiáticos. Ocorre que se o Brasil se especializar na exportação de bens mais intensivos em mão-de-obra e mais sensíveis a variações de preços, será ainda mais difícil competir com os chineses, sul-coreanos e demais países do leste asiático. Por esse motivo, que primeiro, o câmbio não pode se sobrevalorizar demais, sob pena de elevar ainda mais os custos de mão-de-obra nos produtos exportados, e segundo, o Brasil precisa incentivar ainda mais a segmentos industriais cujos produtos sejam mais intensivos em capital e menos sensíveis aos preços.
Portanto, o que os novo-desenvolvimentistas propõem de diferente pode ser esclarecido nos textos de Bresser Pereira e de Nelson Marconi, que possuem livros e artigos sobre o tema. Inclusive, o professor André Roncaglia fez uma resenha de um dos livros de Bresser- Pereira (2018). Nesse livro, Bresser defende que uma “razão de ser do novo desenvolvimentismo” (RONCAGLIA, 2019) é “neutralizar a tendência à sobreapreciação cíclica e crônica da taxa de câmbio” (BRESSER-PEREIRA, 2018, p. 26), de modo a incentivar empresas com nível tecnológico no “estado da arte” o ingresso de demanda interna e externa. Só esse já é um aspecto que mostra a diferença de visão dos novo-desenvolvimentistas, e que atende a uma das preocupações esboçadas por Doria.
É muito difícil sintetizar em poucas linhas as diferenças entre o desenvolvimentismo clássico (de 1930 a 1980) e o novo-desenvolvimentismo apregoado por Bresser-Pereira. Mas o economista resume em um artigo o que seriam quatro dessas distinções (BRESSER-PEREIRA, 201
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
A arbitrariedade e as consequências
OPERAÇÃO COLISEU
Justiça Federal do CE ordena busca contra Ciro e Cid Gom
es, dizem jornais
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
Até o Estadão?
Nós vemos que a coisa está realmente complicada na economia brasileira quando até o Estadão, um dos maiores defensores da política voltada a atender os interesses do mercado financeiro, reclama da desindustrialização, e pede providências para reverter o quadro.
Bom meu caro editor do Estadão, deixa eu te contar uma coisa: Não é o neoliberalismo que vocês defendem diuturnamente que irá reverter essa situação. Ao contrário, ele só irá aprofundá-la.
O Brasil precisa de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, como já o tiveram outras nações, como Coréia, Japão, Alemanha, EUA, etc. Eles dão nomes diferentes, mas em suma, é tornar possível o aumento da poupança interna, que irá financiar esse desenvolvimento, industrialização, e permitir que a competição siga ocorrendo, já que indústria requer alta tecnologia, e isso exige pesquisa e desenvolvimentos ininterruptos.
E aqui uma novidade para vocês. Em qualquer lugar do mundo, quem financia isso é o Estado.
Foi bom ver que vocês finalmente perceberam que temos um problema. Que tal agora deixarem de fazer parte dele, e começarem a fazer parte da solução, defendendo uma mudança mais do que necessária nos rumos de nossa economia política?
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
A questão na Ucrânia
Na última semana o Presidente americano, Joe Biden, promoveu uma espécie de encontro virtual com outras lideranças do mundo ocidental, Ele chamou esse encontro de Cimeira pela Democracia. Bem, cimeira certamente foi, mas pela democracia há enormes divergências, já que é nítido, que o conceito de democracia americano sempre foi muito maleável, a depender dos interesses de momento do país. Além disso, desde a segunda metade do finado e desastrado governo Trump, os EUA buscam desesperadamente retomarem a liderança ampla e inconteste que exerciam sobre o mundo ocidental. Não que essa liderança tenha desaparecido, mas é inegável que ela foi muito fragilizada após o desastre geopolítico de Trump, a fragilização das instituições americanas e de sua economia, da debilitação de sua liderança tecnológica após a adoção de políticas neoliberais, e por fim de uma deterioração de condições internas de alguns aliados, causadas principalmente pelas desastrosas políticas intervencionistas ianques em países próximos a eles.
Mas todo bloco e liderança precisam de opositores, porque do contrário eles não fazem muito sentido. É a velha história do bem contra o mal. E quem melhor do que a Rússia e a China para serem o grande vilão do bloco ocidental? Os países que juntos, hoje, têm tecnologia de ponta em praticamente todas as áreas, que estão na frente do bloco ocidental em tecnologia em várias áreas, a China que hoje é com certeza o 2º maior PIB mundial, e segundo alguns critérios, já o 1º. Da mesma forma a Rússia, hoje, tem armas mais avançadas que os ocidentais. Os dois juntos são considerados enorme ameaça ao modo de vida desenvolvido pelas revoluções burguesas dos Séc. XVII e XVIII.
Aí entra a Ucrânia, um país relativamente obscuro, comumente confundido com a própria Rússia, já que compartilha boa parte de sua história com ela, que tem certa importância, principalmente na produção de grãos e com uma indústria relativamente sofisticada, um exército importante em tamanho e poder de fogo, mas que apesar disso não é considerado entre as principais potências europeias.
Só que a Ucrânia tem uma série de rusgas mal resolvidas com a Rússia, que foram acentuadas após a dissolução da URSS, e com o crescimento da extrema-direita no país, algo que ocorreu com nítido incentivo norte-americano, e de alguns outros países europeus.
Isso criou sérios problemas na região de fronteira entre os dois países. Nessa região existem muitos pró-russos, que têm sido ameaçados e até mortos, e segundo os russos há chance de expansão da violência na região, e até mesmo de um genocídio. Isso fez com que o Kremlin deslocasse tropas para a fronteira, e a tensão entre os dois países, que como vimos já não é boa, aumentasse. Além disso tudo ainda temos a possibilidade de os ucranianos aderirem à OTAN, o que colocaria um oponente bastante desagradável já na fronteira russa.
A reportagem do Diário de Notícias relembra semelhanças com a crise dos mísseis de Cuba de 1962, quando a solução foi obtida com ambas as partes cedendo às demandas do outro lado. Mas podemos também lembrar do Príncipe Ferdinando em Sarajevo. Aí fica a questão: eles matarão o príncipe, ou terão o mínimo de bom-senso e resolverão suas desavenças de forma civilizada e racional?
Enquanto isso o povo sofre. Porque no fundo nenhum deles está preocupado com democracia, ou com o povo. Pelo menos não o povo que está no cerne dessa disputa.
Guerra de palavras. A "chama da liberdade" de Biden vs. o "genocídio" na Ucrânia de Putin
O presidente dos EUA encerrou ontem a Cimeira pela Democracia, enquanto o homólogo russo criticou a "russofobia" em Donbass. Moscovo quer que a NATO retire o convite a Kiev para uma eventual adesão à Aliança Atlântica.
O presidente norte-americano, Joe Biden, defendeu ontem que "as autocracias nunca podem extinguir a chama da liberdade" no fecho da sua Cimeira pela Democracia, criticada por aqueles que foram deixados de fora da lista de convidados. Biden não mencionou nos seus comentários nem China nem Rússia - países onde os media oficiais têm apelidado de "hipócrita" esta iniciativa - mas a mensagem da cimeira (que espera possa ser presencial no próximo ano) foi para eles.
"O futuro pertence àqueles que abraçam a dignidade humana, não àqueles que a atropelam, àqueles que libertam o potencial do seu povo, não aos que o sufocam e àqueles que dão ao seu povo a capacidade de respirar livremente, não os que procuram sufocar o seu povo com uma mão de ferro", defendeu o presidente norte-americano, repetindo as palavras que já tinha proferido na Assembleia Geral das Nações Unidas. "O mundo democrático está em toda a parte. As autocracias nunca podem extinguir a chama da liberdade que arde no coração das pessoas à volta do mundo, que não conhece fronteiras, que fala todas as línguas", acrescentou no encerramento.
Mas enquanto Biden falava sobre democracia, a Rússia exigia que a NATO retire a abertura que existe desde 2008 para que a Ucrânia se possa juntar à Aliança Atlântica. Algo que o secretário-geral Jens Stoltenberg rejeitou que possa acontecer. "A relação da NATO com a Ucrânia vai ser decidida pelos 30 aliados da NATO e pela Ucrânia. Mais ninguém", disse Stoltenberg. "Não podemos aceitar que a Rússia esteja a tentar restabelecer um sistema onde as grandes potências como a Rússia têm esferas de influência, onde podem controlar ou decidir o que outros membros podem fazer", acrescentou.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
Boulos critica Lula e se defende
Boulos fez uma crítica a Lula. Racha na "aliança" de mão única da dupla? Não, nada disso, mas política é briga que gera cisões o tempo todo, principalmente quando alguém não quer ceder nada e acha que precisa ser o centro do universo.
Esse alguém é Lula e seu partido. Claro que eles têm direito a achar e tentar isso, mas trouxa é quem cai nesse canto de sereia, mais que desafinado, e mais do que conhecido.
Sim, porque essa história de Alkimin vice de Lula para a Presidência não é para viabilizar a eleição, não é para dar um aceno à direita, e nem para balancear direita e esquerda. Na pior das hipóteses Lula é tão neoliberal quanto Alkimin, mas talvez seja mais.
Não acredita em mim? É só buscar aí nos seus buscadores, e vocês vão achar Lula dizendo que é de direita, que é liberal (de direita), defendendo políticas neoliberais, dizendo que o Brasil não precisa se industrializar, etc.
Então para que Lula convida Alkimin para ser seu vice?
Ora, é muito simples. Alkimin é o mais forte candidato ao governo de São Paulo. Lidera as intensões de voto no primeiro turno, e tem ótimas chances de se viabilizar no segundo turno. O que Lula tenta é tirar Alkimin da disputa, abrindo espaço para seu pupilo Haddad. Na pior das hipóteses ele mina a posição de Alkimin, já que este cogitou aceitar o convite de ser vice na chapa petista, afinal de contas, se ele aceita a vice é porque estão todos juntos, e um não difere do outro (o que não deixa de ter um pouco de verdade).
Boulos sabe disso tudo. Por isso as críticas.
Boulos critica possível aliança entre Lula e Alckmin: "Mau sinal"
Do UOL, em São Paulo 04/12/2021 00h07
O pré-candidato ao Governo de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) criticou a eventual aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), como o seu vice, para as eleições à presidência da República no ano que vem.
Em entrevista à GloboNews, nesta sexta-feira (3), Boulos considerou a ideia um "mau sinal" para a campanha eleitoral do petista, tendo em vista o "simbolismo negativo" da gestão do tucano em São Paulo, segundo ele.
domingo, 12 de dezembro de 2021
Motor elétrico para satélites
Solução muito interessante que está sendo testada atualmente, e que pode baratear e melhorar a manobrabilidade de nossos satélites no espaço.
Quem sabe seu desenvolvimento não venha a ser aproveitado em espaçonaves maiores também?
Novo motor de propulsão elétrica para naves espaciais é testado em órbita pela primeira vez
Para os satélites girando ao redor da Terra, usar eletricidade para ionizar e impulsionar partículas de xenônio faz com que eles cheguem aonde precisam. Embora os átomos de xenônio se ionizem facilmente e sejam pesados o suficiente para gerar impulso, o gás é raro e caro, fora que também é difícil de armazenar.
A operação em órbita total de um satélite movido a gás iodo foi agora realizada pela empresa de tecnologia espacial ThrustMe, e a tecnologia promete levar a sistemas de propulsão de satélites mais eficientes e acessíveis do que nunca.
sábado, 11 de dezembro de 2021
EPICA - UNCHAIN UTOPIA
sexta-feira, 10 de dezembro de 2021
Mais um fundador do PT detona Lula
As chamadas emendas do relator dão ao presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), a caneta sobre para onde vão as emendas indicadas por parlamentares do Congresso, garantindo à ele poder de barganha para pedir votos a favor de projetos do governo de Jair Bolsonaro.
“Quando a bancada do PDT na Câmara deu votos decisivos para aprovar a PEC dos Precatórios, Ciro Gomes suspendeu sua candidatura à Presidência até que os parlamentares do seu partido mudassem de posição. Trabalhou para isso”, lembrou Benjamin.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2021
Privatização dos Correios adiada
Excelente o vídeo de Fausto Oliveira sobre os correios. Não é longo, mas é bastante claro e profundo, além de deixar claro que os governos apenas privatizam empresas lucrativas, e no caso do Brasil monopolizadas. O resultado são o sucateamento dos serviços, que costumam vir junto com majoração dos preços, trazendo enormes prejuízos aos consumidores (o povo), e enormes ganhos aos novos donos.
E quando, por qualquer motivo, o negócio mica, ou os ganhos não são os esperados, eles simplesmente devolvem o negócio que eles não souberam administrar para o Governo.
Enquanto isso o Governo segue sendo empresário, porque esses serviços precisam ser entregues em locais onde o lucro tornaria o negócio impraticável, fazendo que apenas empresas já previamente deficitárias sejam de responsabilidade pública.
Os correios é um dos maiores exemplos do que falamos. A Petrobras será outro, caso não mudem esse processo danoso que está em andamento.