segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Nossos surtos de inflação

Antes de tudo vou deixar claro que o texto de Nelson Marconi veio exatamente como ele o colocou no twitter, que por restrição no espaço para escrever às vezes exige algumas adaptações.

O Professor Neson Marconi, e um dos principais economistas da equipe de Ciro Gomes fez uma excelente linha no twitter, onde analisa e explica nossos 3 surtos de inflação desde a implantação do Plano Real. 

Eu incluiria um primeiro surto, quando da implantação do plano, e que foi resolvido por Ciro Gomes. Mas esse tinha um caráter distinto, e foi um problema de demanda. O aumento da renda do povo proporcionado pelo controle da inflação levou a uma corrida às compras, pressionando preços e causando inflação. Ciro resolveu causando um choque de oferta abrindo a importação em várias áreas.

Mas as outras 3 são muito bem resumidas na explicação do Prof. Marconi. É o que muitos também chamam de inflação de custos. No caso do Brasil isso é agravado pela desvalorização cambial. Insumos e energia sofreram um aumento de custos no mundo todo, o que causa o atual processo inflacionário global, e no Brasil isso é intensificado pela brutal desvalorização cambial causado pelos erros na administração da política econômica do (des)Governo, e também das trapalhadas dos próprios integrantes da alta administração pública.

A linha é curta, fácil de ser entendida, e complementa o que eu disse aqui.

E não custa lembrar que nosso "deus mercado" segue viúva da inflação, e são loucos por sua volta.

SOBRE A INFLAÇÃO
Nossa economia sofreu três surtos inflacionários desde o Plano Real, quando a var dos preços passou os 10%: em 2002/03, 2015/16 e o atual. Falar um pouco de suas semelhanças e diferenças é importante, para entender o que devemos fazer agora em relação à inflação

Quais são as características comuns a estes processos? Alta dos preços monitorados, desvalorização da moeda e altas nos preços dos chamados produtos comercializáveis.

Quais são as diferenças? O comportamento da inflação mundial (mais alta agora), a magnitude do choque de oferta sobre as cadeias produtivas, o nível de renda e demanda (mais baixos agora) e o comportamento dos preços dos serviços, mais baixo e sem fôlego para acelerar mais.

Os 3 surtos podem ser fundamentalmente caracterizados como "inflações de oferta", não de demanda. A taxa de juros exerce reduzida influência sobre os fatores que pressionam este tipo de inflação, e.....

Poderia até influir sobre a taxa de câmbio em outro cenário, mas claramente este indicador está oscilando ao sabor das falas e atitudes de nosso governo e um pouco também devido ao cenário externo.

E pode influir sobre a inflação de serviços, mas esta não será um problema devido ao comportamento da renda e da demanda. A atual aceleração destes preços, como eu disse, não tem folego para prosseguir

Resumindo: não é aumentando a taxa de juros que a inflação cederá. O problema está do lado das pressões sobre a oferta: política de preços da Petrobras, crise energética, falta de estoques reguladores, falta de perspectiva na área fiscal e instabilidade polít pressionando o câmbio.

Mas o Copom irá, certamente, aumentar os juros para resolver estes problemas....


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