quinta-feira, 1 de abril de 2021

A primeira parcela durou pouco

Muita gente disse que Jair Bolsonaro tinha comprado o centrão, e que com isso dominava o Congresso. Eu, e alguns outros, dissemos que não, que isso era apenas um aluguel, e que a conta tendia a ser bem mais alta. Pois bem, a primeira parcela do aluguel durou muito pouco.

Isso mesmo, porque rapidamente a situação do país deteriorou, e o próprio Congresso está sendo acusado de conivência com o que acontece no Brasil (o que não deixa de ser verdade). Com isso Arthur Lira já ameaçou o Presidente de forma bastante clara sobre um processo de impeachment e, além de pedirem medidas mais duras e corretas no combate à pandemia do Covid-19, também incluíram em suas reivindicações mais acessibilidade aos Ministérios, e claro, aos cofres públicos, com a indicação para cargos e liberação de verbas aos integrantes do heterogêneo bloco.

Mas não se preocupem, o cargo de Ernesto Araújo, alguns cargos de segundo e terceiro escalão, e a liberação de verbas são apenas mais uma parcela. Logo logo teremos outros Ministérios sendo solicitados, inclusive aqueles ocupados pela área puramente ideológica, e aqueles ocupados por militares. E Bolsonaro não terá ingerência sobre esses Ministérios, afinal de contas, a guilhotina estará sempre pronta a decapitar alguém.

Bolsonaro tenta ganhar tempo para não ceder ao centrão, que acumula desgastes com o presidente

Além de pressionar por troca de ministro, bloco reclama de distanciamento da equipe do presidente, até dos oriundos do Congresso

Depois de uma semana que definiu como bastante complicada, o Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem nos próximos dias a missão de contornar queixas do centrão enquanto ganha tempo para buscar soluções e não ceder de imediato à crescente pressão do bloco, que hoje lhe garante alguma estabilidade no Congresso.

A insatisfação da cúpula das siglas com o governo não se esgota no desejo de ver Ernesto Araújo fora do comando do Ministério das Relações Exteriores. Dirigentes desses partidos avaliam, sob reserva, que os ministros de Bolsonaro, até mesmo aqueles oriundos do Legislativo, estão distantes do dia-a-dia da Câmara e do Senado.


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