quarta-feira, 28 de abril de 2021

Miséria avança no Brasil

Reportagem da Folha de São Paulo mostra o retrocesso de uma parte muito significativa da população brasileira, que deixou de ter uma renda pequena, mas que lhes proporcionava alguma dignidade, para voltarem à miséria e a passar enormes dificuldades em suas vidas.

O fenômeno não é motivado pela pandemia, como a reportagem tenta fazer crer, mas já vinha em curso no país desde o final do Governo Dilma, quando vários equívocos levaram a economia a perder o rumo, e retroceder cerca de 7% em apenas dois anos. O remédio foi o golpe parlamentar, e uma guinada ainda mais neoliberal, que acabou por levar o país ao quadro de estagnação econômica, e dependendo do ponto de vista até mesmo a uma recessão relativa, quando a economia cresce menos que a população.

Os descalabros econômicos vindos dos dois anos de Governo Bolsonaro, junto com a pandemia fizeram apenas agravar ainda mais esse quadro que já era trágico, que nos fechava indústrias e comércio todos os dias, que já tinham levado o país ao maior desemprego e subemprego da história, e que colocam as condições de vida de milhões e milhões de brasileiros cada vez mais longe da dignidade.

Por isso os fatos narrados na reportagem da Folha não são exatamente mentirosos, mas são tendenciosos quando atribuem as causas e soluções desse problema aos fatores errados. Não foi a intervenção estatal, ou o fato de termos empresas estatais na economia que nos levou à nossa longa e aparentemente sem fim crise, mas justamente a falta de intervenção em alguns setores, a saída progressiva do Estado da economia, e o descontrole das ações empresariais nos trouxeram ao atual quadro de calamidade econômico-social.

Claro também é que a solução não é uma estatização geral da economia, muito menos uma intervenção total do Estado na mesma. Essas ações também já se mostraram ineficazes, e se não causaram o caos social que vemos no Brasil atual, geraram atraso e estagnação econômica aonde o modelo foi aplicado.

A solução já foi encontrada há tempos, e é aplicada em todos os países que logram ultrapassar o atual estágio brasileiro, e é uma ação combinada entre Estado e iniciativa privada, em que o primeiro toma as rédeas de planejar, através de amplo estudo e debate com a sociedade, os rumos principais da economia e dos indicativos sociais a serem alcançados. Ao segundo ator, a iniciativa privada, cabe executar e consolidar o projeto.

Claro que isso tudo não é fruto de uma reunião de amigos de final de semana. Isso é fruto de arranjos políticos, de muita discussão, persuasão, e determinação.

E tudo isso tem um custo, ainda que lá na frente venha a dar muitos lucros a todos. Por isso é preciso definir desde sempre quem financia, e as responsabilidades dos que entram nesse projeto, além de correções através do tempo, porque muitas vezes o que se projeta não é possível de ser realizado.

Não é fácil, dá muito trabalho, mas é a única maneira de o Brasil ultrapassar as atuais dificuldades que tem. Nenhum país do mundo o conseguiu de forma diferente. O Brasil também não vai conseguir, e quanto mais se afastar de realizar tal tarefa, mas difícil e dura será realizá-la.

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