terça-feira, 1 de março de 2022

Precisamos sair da Antiguidade

Há pouquíssimos dias publiquei o texto "O Preconceito e a Mídia", quando falei que uma das formas de dominação se dá pela apresentação das diferenças - mas ela também pode se dar pelas semelhanças, que é o motivo alegado por Putin para invadir o Leste da Ucrânia - e isso fica bastante claro no artigo abaixo e nas palavras da Prof. Patrícia Lino:"A dinâmica opressiva do poder colonial, que se impõe sobre os que são diferentes, é sempre igual, não tem nada de misterioso”, referiu Patrícia Lino."

Mas antes que alguém pense que isso é uma invenção portuguesa, pois saibam que os gregos e os romanos já faziam isso bem antes de Cristo. Os gregos consideravam bárbaros todos aqueles que não compartilhavam de sua própria cultura. Já os romanos temiam a todos os que eram diferentes deles, e tinham por prática a assimilação, incorporando o panteão do conquistado, e implementando obras e costumes romanos às regiões incorporadas ao império.

Pois essas duas formas de encarar o mundo se misturaram na formação da cultura colonial europeia moderna. Os diferentes são bárbaros, e precisam ser colonizados (adquirir nossa cultura). Claro, aqueles que se negam devem ser demovidos de suas posições, inclusive com o uso da força ou da aniquilação física).

No fundo essa forma ideológica de dominação segue em amplo uso hoje em dia, e é a base das ações americanas, russas, e europeias até hoje (a europa lentamente tende a mudar essa posição). Basta ver os americanos levando a democracia a todo o mundo na base da violência (muy democrático), os russos se defendendo dos inimigos, e os europeus protegendo o futuro e o meio-ambiente. Para isso valem guerras, boicotes, etc.

O discurso colonial português foi apenas uma roupagem nova de algo que o homem faz há milênios, e se reinventa a cada século para justificar as desigualdades que persistem. Ma é o mundo, a humanidade, que precisa se reinventar. 

Discurso colonial português “é errado e continua a existir”, diz professora

A docente na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), Patrícia Lino considera que os mitos em que assenta o discurso do colonialismo português continuam a ter impacto na sociedade e precisam de ser desconstruídos.

“O colonialismo é a base do patriarcado, do racismo e de uma forma heteronormativa de entender o mundo”, afirmou a professora, que ensina literatura luso-brasileira na UCLA e escreveu um livro a parodiar os mitos dos descobrimentos.

Em “O KIT de Sobrevivência do Descobridor Português no Mundo Anticolonial”, Patrícia Lino usa o humor para expor contradições e hipocrisias na estrutura, ainda vigente, da visão do colonialismo português.

“Todo o livro assenta na paródia do discurso colonial português, na ideia de que esse discurso não só é errado e continua a existir, como necessita muito de ser debatido”, explicou a docente.





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