quarta-feira, 30 de março de 2022

Um pouco desatualizado, mas ainda válido

Vamos lá, porque algumas situações têm que ser atualizadas. Só há duas hipóteses de Bolsonaro não estar nas eleições. A primeira é se houver uma hecatombe, e ele for afastado por um, ou vários, dos muitos crimes comuns e de responsabilidade que cometeu ao longo de seu governo. Isso é muito difícil de ocorrer, já que ele fez o favor de abrir mão do cofre e alugou sua permanência.

A outra hipótese é menos remota, mas ainda assim difícil, e é ele renunciar para tentar o Senado ou uma volta à Câmara, como forma de manter uma cadeira que lhe garanta foro privilegiado, e um pré-julgamento entre iguais.

Sim, Lula já fez declarações benéficas aos mandatários do país, e também para os mais pobres (picanha e cerveja). Mas o problema de Lula é que ele muda o discurso a depender do ambiente em que está, e promete tudo para todo mundo. O cumprimento dessas promessas dependerá do poder de lobby que cada grupo tenha nos gabinetes de Brasília, por isso os mais de R$ 4 Tri para a especulação financeira, enquanto foram menos de R$ 400 bi para os mais pobres.

Por isso vemos as ambiguidades marcantes em sua figura, que tenta acenos a grupos identitários e a fundamentalistas religiosos. Não que não possa haver diálogo, mas ele promete apoios e políticas favoráveis a esses grupos, políticas que se contrapõem, e com isso cria conflitos. Ele promete o que não pode cumprir, e previamente cria as cisões que traspassaram todos os governos petistas. Quando o dinheiro vem em boa quantidade, como no boom das commodities, essas ambiguidades são amenizadas, quando o dinheiro escasseia, elas afloram como as sérias cisões sociais que temos e não foram adequadamente tratadas, porque lhe serviram apenas de trampolim eleitoral.

A partir daí o texto de João Pedro Boechat não precisa de nenhum comentário a mais. Ele é claro, e correto. Vale a leitura, e o adendo de que Lula e o PT em nenhum momento tomaram ações concretas para o impeachment do pior presidente da história do país, e o que mais cometeu crimes, muitas vezes confessando esses crimes. Ao contrário, o próprio Lula disse ser contra a derrubada de Bolsonaro, e chegou a fazer acordos com o propósito de manter o atual mandatário no poder. 



Por João Pedro Boechat – O ex-presidente Lula é, hoje, o líder absoluto nas pesquisas de intenção de voto em 2022. Tudo indica que a única chance de Lula perder a eleição é se Bolsonaro não conseguir estar no segundo turno – o que é bem possível, não só pela possibilidade de impedimento ou cassação de sua chapa, mas também pela sua péssima popularidade decorrente de sua responsabilidade direta pela morte de mais de meio milhão de brasileiros durante a pandemia do Coronavírus.

Infelizmente, tendo uma oportunidade única para ser eleito virtualmente com uma carta branca para fazer o que quiser, Lula se apoia nisso, ao invés de dizer ao povo o que pretende fazer quando chegar ao governo. Quando ele fala de projetos concretos, seu objetivo não é politizar as massas, e sim se reconciliar com a classe dominante. É por isso que, desde a retomada de seus direitos políticos, Lula já declarou ser contra o Imposto de Grandes Fortunas, a favor da abertura de capital da Caixa Econômica Federal e outros absurdos, ao passo em que acena para os movimentos sociais, que são verdadeiros motores da luta política popular, mas que não têm nenhuma garantia de terem suas demandas atendidas.



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