quarta-feira, 12 de outubro de 2022

O erro proposital nos juros

Ótimo texto de Arthur Silva. Sugiro fortemente o clique no link abaixo, e a leitura do artigo completo, porque é uma reflexão interessante e importante feita pelo autor. Mas antes faço algumas considerações que creio bastante pertinentes.

O primeiro é que sim, os juros estão fora da curva, e muito mais altos do que o necessário, ainda que fosse para apenas mantermos o nível de nossas reservas internacionais num momento de calma internacional. Acontece que esse momento é de enorme turbulência, e o fato principal é que, nestes momentos, os investidores buscam moedas mais fortes para se protegerem de processos inflacionários, algo que ora acontece no mundo todo.

Segundo que as taxas de juros são importantíssimo fator num processo de industrialização. O problema é que, um Brasil estupidamente rendido ao neoliberalismo, não pensa em industrialização. 

Terceiro é um pouco mais complexo. Verdade que as taxas de juros têm influência num processo inflacionário tradicional, por excesso de demanda, e esse claramente não é o nosso caso. Mas num país onde a desindustrialização tenha chegado ao nível que chegou no Brasil, e que nossos produtos industriais são quase todos importados, não teria efeito uma estabilização, ou até queda no valor das moedas de transação internacional no controle dessa inflação, que no nosso caso é importada?

Um quarto ponto é que sim, estou plenamente de acordo com Arthur Silva, e apesar de ter algum efeito no controle da inflação atual, é certo que é uma medida que contribui ainda mais pela desindustrialização do país, seja pelo fato de inibir possíveis investimentos, seja também por pressionar ainda mais os investimentos que persistem em sobreviver no país.

O projeto de dolarização total do país também é um fator a ser considerado, e que fatalmente será desastroso ao país. Nossa Nação tem características absolutamente distintas de pequenos países, que conseguem manter populações pequenas com um ou dois setores altamente rentáveis. Nosso país tem uma população grande, que precisa trabalhar efetivamente, e não há como sustentarmos tal população com projetos de assistência com uma  economia baseada no setor primário.

Por último a questão da taxa de câmbio e de juros, por si só, não são suficientes para uma reindustrialização do país, mas sem elas tal tarefa se torna impossível. E como eu disse no parágrafo acima, nossa população é grande, e sem um pensamento estratégico, como sugere Arthur Silva, não conseguiremos sustentar dignamente essa população. É mais do que passada a hora de tirarmos nosso país do colonialismo econômico, algo que nossas elites nunca aceitaram deixar.



Não é de hoje que o Banco Central capturado pelos interesses do rentismo financista vêm destruindo a economia brasileira. O aumento da Selic para 13,75% determinado na reunião do Copom desta quarta-feira (04/08), crescimento de 0,50 pontos percentuais, não é só mais um capítulo no suicídio econômico do Brasil: é um atentado contra nossa soberania.

Para todos os militantes trabalhistas que leram o livro de Ciro Gomes ou assistiram praticamente qualquer conteúdo do candidato nacionalista, o que aconteceu nos corredores opacos do Banco Central não é nenhuma novidade. Desde a consolidação do modelo neocolonial do tripé macroeconômico, a taxa básica de juros, a Selic, cumpre uma dupla função. Em primeiro lugar, assegura o apoio político dos grandes oligopólios de rentistas que dão “governabilidade” por meio do imenso poder de lobby – sobretudo o da embaixada de Washington. Em segundo lugar, mantém estável a taxa de câmbio ao atrair capital especulativo de curto prazo em busca de uma rentabilidade quase absurda em um mundo com taxas básicas de juros reais negativas.




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