A situação atual do Brasil é bem clara, e as manifestações, que tiveram bastante impacto logo depois da eleição, arrefeceram, principalmente após a divulgação do resultado da auditoria feita pelas Forças Armadas nas urnas eletrônicas. Isso não significa que a situação esteja calma, e muito menos controlada.
Explico. Arrefecer, no caso, não significa ter acabado. Em alguns estados, principalmente no Sul e Centro Oeste, ainda vemos alguns casos de fechamentos de estradas e de manifestações por parte de bolsonaristas descontentes, mas esses episódios são cada vez menos frequentes e menos intensos.
A outra situação é que as pessoas precisam cuidar de suas vidas. Elas precisam trabalhar, ganhar dinheiro, colocar mantimentos em casa, pagar as contas, e isso faz com que essas manifestações também, as poucos, sejam esvaziadas.
Mas isso não significa que a indignação com todo o processo eleitoral, e seu resultado, estejam esquecidos. E é aí que mora o perigo.
Lula deveria, mais do que fazer um discurso piegas e padronizado, mostrar que está realmente disposto a governar para todos, e chamar esse mar de gente à razão, e jamais tripudiar deles, como fez logo que reapareceu após um estranho retiro em que nenhum genial paparazzi tenha conseguido um único flagrante dele.
Essa necessidade de diálogo e acenos a uma real aproximação são mais importantes quando lembramos que ele ganhou muito mais por uma brutal rejeição a Bolsonaro, que quase foi revertida na reta final do pleito, do que por apoio a Lula, e menos ainda ao PT. Pessoalmente acredito que os 3 eventos principais que impediram essa virada foram aqueles provocados por alguns dos aliados mais próximos de Bolsonaro (ao menos para a percepção da maioria do eleitorado). Roberto Jefferson, Paulo Guedes, e Carla Zambelli, surtando cada um de uma forma, foram os que impediram a virada de se confirmar, e mesmo assim Lula teve a vitória mais apertada da História pós redemocratização.
Seria ótimo que Lula e seus seguidores descessem do pedestal onde se colocaram, porque eles correm sério risco de não terminarem mais um governo. Diferente do PT, o cálculo eleitoral do bolsonarismo será colocar gente nas ruas, exacerbar todo e qualquer caso de corrupção que for detetado (e eles aparecerão), e inflar as ruas contra o governo. As manifestações, do tamanho e intensidade que ocorreram nem bem as eleições acabaram, deixam claro que eles têm condições disso, e ao invés de irem para uma confrontação com esse povo, eles deveriam cativá-lo.
Quanto à cúpula do bolsonarismo, bem, isso é outra estória.
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