Ótimo texto de Madeleine Lacsko na Folha de São Paulo. Eu gostaria apenas de fazer dois apartes no texto dela, que acredito não foram feitos por falta de espaço dado pelo jornal, mas que eu considero extremamente importante no contexto da política nacional hoje.
Lula ganhou apertadíssimo, apesar da coalizão política que liderou. Nela envolveu um Alckmin que se descobriu socialista convicto aos 69 anos de idade, um Boulos, que até pouco tempo atrás queria taxar o Meirelles, mas que hoje está agarrado com ele, uma Marília Silva, que de perseguida política virou apoiadora por ver "propostas" que não foram mostradas a ninguém mais, e até ferrenhos liberais como Reinaldo Azevedo, que fez campanha política disfarçada de análise.
E sim, já se sabia que isso que vemos hoje ocorreria, fosse no primeiro turno, fosse no segundo. Bolsonaro tentou fazer isso no 7 de setembro do ano passado, não conseguiu por uma série de circunstâncias, e ao invés de ser deposto e preso foi postergado no cargo, tendo sido agraciado com mais um ano para seus preparativos. Agora cabe ao que resta de país debelar essa tentativa patética que se constrói para "justificar" um golpe, e demonstrar firmemente que ações como essas não serão toleradas.
Como brasileiros os bolsonaristas devem ser ouvidos, e suas reivindicações respeitadas, sendo inclusive atendidas dentro do razoável. Como cidadãos precisam ser compelidos a respeitar Leis e Processos. O processo eleitoral é um deles, e esse eles só perderam porque muita gente viu que a violência que seus líderes pregam não é apenas retórica, para eles é uma alternativa real e para ser usada com banalidades.
E Bolsonaro não fala porque se ele aceitar o resultado das eleições deslegitima as ações das ruas. Mas se esperar pode aparecer como o golpista, na desculpa de acabar com os tumultos, ou se isso não der certo, desacreditando os arruaceiros. É o mesmo método que usa sempre. Coloca os outros no fogo, se der certo ele é o líder, se der errado ele nunca apoiou.
p.s. E Bolsonaro falou ontem, umas 3 horas depois de escrito o texto. E como ele tinha perdido apoio político, e não tinha conquistado os quartéis, ele recuou e disse que cumprirá a Lei. Achar que seria polido e cavalheiro já seria demais.
Depois de perder para o próprio radicalismo, Bolsonaro dobra a meta
Estranhamente, ninguém está escandalizado com o espetáculo inusitado em que o presidente da República derrotado nas urnas vira a noite sem dizer nada sobre as eleições. É Jair Bolsonaro, ele é assim mesmo.
Tem gente criticando sim, mas já internalizamos esse comportamento como o normal para o mandatário. Há críticas mas não há surpresa.
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