A imprensa brasileira vem se superando cada dia mais em ser ruim. O texto publicado na Veja e escrito por Matheus Leitão, filho da jornalista Miriam Leitão é um claro exemplo disso. O texto é até bem escrito, mas seu conteúdo é de uma pobreza absurda.
Explico:
1 - Leitão parte de uma percepção comum, de que Ciro é o grande líder do PDT, quando isso ficou claro que não é verdade, já que o apoio que recebeu a sua candidatura do próprio partido foi muito pequena. A maioria dos candidatos do partido, ou esconderam a candidatura de Ciro à Presidência, ou pior, aderiram de forma covarde à candidatura de Lula. Que super liderança é essa?
2 - Ele assume que Ciro joga como jogam o PT e a direita, que costumam fazer oposição sabotando o governo vigente. Ora, a História, inclusive a recente, comprova que a oposição que Ciro lidera é em prol do povo e do Brasil, não de seus objetivos pessoais e partidários. Foi um seu aliado que encontrou mais de R$ 100 bilhões em verbas não usadas em várias pastas e órgãos da República e sugeriu ao governo Bolsonaro usá-las para amenizar a crise durante o auge da pandemia por Covid-19. Quem fez mau uso das verbas foi o governo, não Ciro. Da mesma forma, sempre que consideraram determinadas posições erradas, não hesitaram em fechar questão contra tais posições, e punir representantes do partido, até mesmo com a expulsão e tomada de cargos, quando cabível.
3 - Há um antagonismo claro entre a nota de Guilherme Amado do Metropole, e a coluna de Leitão na Veja. Não dá para os dois estarem certos ao mesmo tempo.
4 - Nada, absolutamente nada, corrobora as afirmativas de Leitão. Desde sua derrota no 1º turno, Ciro tem estado retirado e aparece apenas em suas redes sociais, quando comenta e lamenta fatos que afetam a população de forma lírica, e se exime de comentar a política nacional. Nesse sentido a única coisa que se pode dizer em relação a uma interferência do político cearense seria a entrada do Dep. Fed. Mauro Benevides Filho na equipe de transição do governo. Velho aliado de Ciro, Benevides pode ter sido uma indicação de Ciro, ou pode ter sido do próprio Lupi, para não deixar o bando neoliberal jogar sozinho na área mais importante de qualquer governo.
5 - O próprio PT vem articulando e negociando por uma recondução de Lira para a Presidência da Câmara. A parte que boicotou a campanha de Ciro no PDT vem fazendo de tudo para participar do novo governo. Não vejo nenhuma ambiguidade no PDT em atender os anseios do próprio partido do governo.
É óbvio que Ciro, aos 65 anos, pode ter se tornado um maquiavélico político, que faz de tudo para destruir seus opositores, ainda que a realidade até hoje não tenha corroborado com esse "fato". Mas nesse caso, então o "achismo" de Leitão estará correto. Mas como até agora a realidade e os fatos não corroboraram com isso, continuo vendo seu texto apenas como o desejo de alguém em construir uma narrativa fantasiosa, seja por motivações próprias, seja para atender interesses que lhe paguem.
Também vejo como politicagem barata. Ciro tem muita influência numa militância que se identifica com suas ideias e visão de país, que vê a importância de ser reindustrializar o país, de voltarmos a trilhar a senda civilizatória, a avançar em áreas como a Educação, Saúde, Segurança, Industrialização, Evolução Técnico-científica, enfim, levar o país a ser o player que ele pode realmente ser. Entre influência sobre uma militância e o controle do partido vai uma enorme distância.
Mas após o ridículo twitter que o mesmo jornalista soltou, se colocando como vítima de uma "perseguição" por parte da militância ligada a Ciro, parece claro que mesmo que o jornalista não tenha objetivado isso, tenta lucrar com a reação da militância.
A primeira jogada de Ciro Gomes contra Lula após as eleições
Entenda
Por Matheus Leitão Atualizado em 23 nov 2022, 15h27 - Publicado em 23 nov 2022, 13h51
A sinalização do PDT de que vai apoiar a reeleição de Arthur Lira para a presidência da Câmara tem tudo a ver com Ciro Gomes.
Nesta terça, 22, o líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo, disse que uma consulta à bancada de deputados apontou para o apoio a Lira.
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