terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Integração latino-americana

Avanços no processo civilizacional, a aproximação com outros países, culturas e continentes é interessante e importante, mas todas as iniciativas precisam ser tomadas com muito cuidado e estudo. A criação de uma moeda latino-americana pode ser um acerto, mas a ideia de acordo Mercosul-UE tem que ser revisto.

Os motivos para isso são muito simples, e já foram comentados em outras oportunidades, inclusive aqui no Blog, mas não me furtarei em comentá-los novamente.

A criação de uma moeda única pode facilitar muito as trocas internas do Mercosul, o que ajuda demais as já combalidas economias da região, e ainda mais sua incipiente e atacada indústria. Em compensação é preciso muito cuidado para impedir a concorrência desleal de produtos estrangeiros à região, que podem se aproveitar de algum dos membros do acordo comercial do Cone Sul para espalhar seus produtos com mais facilidade e menos burocracia e impostos. Além disso há a questão do valor dessa moeda, e como ela será controlada (qual banco central, e quais os parâmetros para seu controle?).

Já o acordo Mercosul-UE é ainda mais problemático. O que emperrou qualquer tipo de acordo entre os dois blocos durante os primeiros governos petistas foi justamente o caráter predatório ambicionado pela UE, e que foi acriticamente aceito por Bolsonaro/Guedes. Esse caráter era a facilitação da entrada de produtos industriais europeus no Mercosul sem a reciprocidade europeia, e a facilitação da entrada de produtos agrícolas na UE. Esse segundo ponto não necessitava da necessidade de reciprocidade, já que a Europa é importadora de alimentos, não exportadora, sendo os poucos produtos exportados por eles são pontuais e ligados a datas específicas (bacalhau, nozes, etc,). Em compensação o acordo pode nos abrir um ótimo mercado.

E é por isso que digo que são posições importantes, mas não podem ser tratados como a solução de todos os nossos problemas, e muito menos podem ser tratados como desespero de causa pelo governo. Às vezes é melhor acordo nenhum do que um péssimo acordo.

O artigo do Metrópole traz alguns outros dados. Vale uma leitura rápida.


Moeda compartilhada e acordo Mercosul-UE: os desafios de Lula na América do Sul

Presidente Lula deve priorizar agenda regional nos primeiros meses de governo. Contudo, contexto global e interno devem impor desafios


Na primeira semana de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou que adotará ações para retomar uma política externa que prioriza a integração na América do Sul. A liderança regional, fio condutor da diplomacia nos governos do petista, deve voltar repaginada — na tentativa de reconstruir a imagem brasileira. Além disso, o novo governo busca recuperar o protagonismo mundial do país, reaproximando-se de integrantes da União Europeia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário