segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Os delírios identitários

Na última semana tivemos um debate interesante nas redes sociais, principalmente o twitter. Gabriel Lazarotti fez a análise da, mais uma vez, tresloucada posição da professora. Mas eu resolvi fazer algumas observações, então vamos a elas.

O primeiro ponto é a "crítica" que ele faz a Norberto Bobbio e sua visão de mundo em que tudo é política. Bem, o problema não é que tudo seja ou não política, mas a forma como você encara a política. Porque é exatamente isso. Do preço do pãozinho, à base produtiva do país, passando pela produção científica e às relações familiares, tudo é definido pela política, sendo essa entendida no seu sentido mais amplo, ou seja, como as relações humanas. Pensar política apenas como as relações partidárias e institucionais oficiais é uma redução simplória ao alcance da política.

No segundo ponto ele está certíssimo. Toma um café, de repente uma suco de maracujá, pensa um pouquinho antes, e só depois faça seu comentário sobre algum tema. Bem, a não ser que você queira criar um factoide, aí fale logo, seja lacrador, e aja como um idiota, criando problema onde ele não existe.

Meu caro Lazarotti, o assalto tem lógica: o que ele não tem é autorização legal, moral e social. Mas lógica não há essa dicotomia entre lógica e autorização. A lógica do ladrão é enriquecer, a forma é ilícita. Elas coexistem no individual, apesar da reprovação social.

Por último o progressismo brasileiro é um campo em franca extinção. Ao inverterem a importância das pautas, ao abraçarem o vitimismo, ao criarem problemas onde eles não existem, e principalmente, ao apelarem ao diversionismo para encobrir a defesa de pautas que atendem aos interesses de grandes grupos econômicos e capitalistas estão apenas destruindo o próprio campo que dizem defender. Sim, porque tiram do campo político aquilo que é sua base - a defesa dos direitos econômicos e trabalhistas das classes menos favorecidas. Nesse quadro os direitos de minorias não podem se sobrepor aos direitos de todos, muito menos a ponto de torná-los supérfluos, como temos visto ultimamente.




Por Gabriel Lazarotti – Nunca se produziu e consumiu simultaneamente tanta informação como nos nossos dias. Há quem defenda que globalizada mesmo é apenas a informação que corre velozmente na troca de dados pela internet. Podemos apreciar ao vivo as imagens captadas pelo telescópio Hubble ou mesmo navegar pelo acervo da galeria de arte do Metropolitan. Esse excesso de informações, porém, moldou a nossa percepção da política e fez com o que o ativismo e a militância se transformassem em definidores de identidade. Logo, eu sou aquilo pelo que milito, 24h por dia, eu sou as minhas bandeiras e estou hermeticamente fechado nas caixas do meu partido, do meu grupo e da minha liderança política.

Nenhum comentário:

Postar um comentário