É, a reunião do Copom reduziu a taxa Selic de absurdos 13,75% ao ano para absurdos 13,25% ao ano. E não, antes que os ufanistas do governo venham bradar a "vitória" do governo contra o Bacen malvadão, não foi uma vitória do governo. Explicarei a sequência abaixo.
Lula, antes das eleições, ainda durante a campanha, disse que mudaria o status do Bacen, trazendo-o novamente e totalmente para a dependência do Governo, mas após uma reunião com os chamados "farialimers" sua posição mudou e passou, inclusive, a defender a permanência de Roberto Campos Neto na presidência do Bacen até o final de seu mandato, e nunca mais mudou o discurso.
No Ministério da Fazenda colocou um neoliberal, e no do Planejamento colocou uma neoliberal. Ambos atrelados ao setor financeiro-rentista, e ela ainda ligada aos interesses do agronegócio. Nenhum deles é desenvolvimentista, e ambos entendem que o desenvolvimento é obra do acaso, que basta o governo ser "bonzinho", e os burgueses "bonzinhos" irão abrir suas carteiras e encher o Brasil de investimentos.
Esqueçam, isso nunca existiu, não existe, e jamais existirá. A China não foi assim, Coréia, Japão, nenhum deles foi assim.
Voltando aos nossos juros, lá atrás, Campos Neto disse que precisava colocar o Brasil em recessão. Pois o país está em recessão há muito tempo. O tão festejado agronegócio é parte da economia do país, mas não está diretamente ligado aos destinos do país em si, porque seu mercado consumidor é externo. O que eles produzem não é consumido no país, mas no exterior. O mesmo se dá com a mineração.
O que é efetivamente consumido aqui são indústrias e serviços, e esses estão em franca recessão já há muitos meses. Empregos, salários e condições de trabalho se deterioram mês a mês, e o motivo é essa recessão prolongada. Mas como neoliberais não conseguem fazer uma análise holística da economia, eles só vêm números com uma interpretação. O que indicou a eles a recessão foi a deflação, embora pequena, que foi registrada mês passado. Isso foi o estopim para que eles reduzam a taxa de juros.
Mas como eles são muito precavidos, essa redução não será de 0.5% a cada reunião do Copom, ainda deveremos ter uma redução que leve a Selic a algo em torno de 6% acima da inflação, e de forma bem gradual, bem lenta. Já há autorização dos bancos/rentistas para isso, e também a lembrança explícita da Black Rock de que a dívida brasileira é um se seus ativos mais rentáveis no mundo, ainda mais agora, que tudo indica terão um gigantesco prejuízo na Ucrânia.
Não se animem, esse governo não domina o timão desse barco, que segue correndo a matroca na corrente.
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