Não há cidadania sem respeito. No século XXI esperava-se que estivéssemos livres de práticas e sentimentos menores, como o preconceito racial, social, religioso, de gênero, etc. Mas desafortunadamente não é assim. Mesmo o Brasil sendo um país que se considera com baixo índice de racismo e muita tolerância nos relacionamentos sociais em geral, os resultados da pesquisa abaixo são motivo para profunda reflexão de nossa sociedade.
Temos visto crimes absurdos pelo mundo, justificados com alegações baseadas em preconceitos e ódio, motivadas pela arrogância e presunção de superioridade de raças, credos, e outros conceitos, que são subjetivamente escalonados em qualidade e valor.
O Brasil não tem estado imune a este tipo de ações. Sejam ataques a prostitutas, índios, negros, mulheres, homossexuais, pessoas que professam distintas fés, ou qualquer outro motivo que seja oriundo de herança genética, ou de decisão individual, o Estado brasileiro tem por obrigação de coibir e punir com rigor e eficiência qualquer tipo de agressão ou discriminação que leve em conta os motivos mencionados acima.
Antes de tudo somos seres humanos, convivemos no mesmo planeta, no mesmo país, estado, cidade, talvez bairro, quem sabe na mesma empresa, ou sala de trabalho. Se somos contra privilégios, também não podemos aceitar ou permitir nenhum tipo de discriminação, seja ela motivada por características físicas, seja ela motivada por decisões de caráter puramente pessoal.
Esperamos pelo dia em que não tenhamos mais que ver ou ler sobre situações como estas.
Veja abaixo a reportagem publicada no "Correio Braziliense":
Maioria dos brasileiros admite discriminação, principalmente no trabalho
A cor da pele ou a raça é determinante no cotidiano das pessoas, principalmente quando o assunto é trabalho. Essa é a percepção dos brasileiros apontada por pesquisada divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ambiente do trabalho, o reconhecimento que existe discriminação é bem maior. Foi o que admitiram 71% dos entrevistados, total maior do que aqueles que consideram que a cor da pele faz diferença no convívio social (65%) e na relação com a polícia e o sistema judiciário (68,3%). O Distrito Federal foi destaque na pesquisa, ao apresentar os maiores percentuais entre as pessoas que reconheceram a existência de racismo em todas as esferas abordadas, exceto relações matrimoniais.
O DF apresentou o segundo menor percentual de pessoas que se declaram brancas (29%), frente à média geral de 49% e atrás do Amazonas, com apenas 16,2%. No DF, 41,1% consideram-se negros, pardos ou pretos, conforme a classificação apresentada pelo IBGE na entrevista — percentual maior do que a média geral do levantamento, de 22,7% e dos 24,7% verificados em São Paulo.
Segundo o IBGE, 9,14% das pessoas das seis unidades pesquisadas disseram ser negras ou pretas — no DF, foram 11,6%. As demais disseram ser morenas (21,7%, no total geral, e 21,1%, no DF).
A técnica do IBGE Bárbara Cobo Soares afirmou que não é possível dizer que a maioria da população do DF tem preconceito racial, pois a pesquisa não abordou diretamente a questão. O antropólogo e professor da Universidade Brasília (UnB) José Jorge de Carvalho discorda: “Se a maioria dos entrevistados do DF percebe que a cor da pele faz diferença no dia a dia, é sinal de que a discriminação racial é na mesma proporção”.
A artesã Esmeralda Reis conhece bem o que é o preconceito racial. Apesar da pouca idade, sua neta de 9 anos, também negra, já sofreu discriminação na escola onde estuda. “Ela fez uma trança linda, toda colorida, no cabeleireiro. No primeiro dia em que apareceu com ela, um menino de sua turma disse a ela que não tinha cabelos suficientes para usar esse penteado e arrancou sua trança”, lamenta. “Já aprendi a levar esse tipo de ocorrência, desde que não seja muito grave. Se formos combater todas as ocasiões, não vamos fazer mais nada da vida”, afirma.
De acordo com o levantamento, as mulheres foram as que mais reconheceram a existência da discriminação racial: 66,8% delas frente a 60,2% dos homens. Ao se verificar as faixas de idade, constata-se que a cor da pele conta mais entre as pessoas de 15 a 39 anos, na média geral. No Distrito Federal, o destaque é do grupo de pessoas entre 40 e 59 anos, com 79,5% admitindo a influência da cor da pele no cotidiano.
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