A entrevista dada por Roberto Campos Neto ao Roda Viva na última semana deixou absolutamente claro o desvirtuamento do uso do Banco Central. O atual presidente do órgão é um banqueiro de carreira, e claramente não consegue ver a economia como um todo, além de ter uma visão absolutamente engessada de fenômenos econômicos como inflação e suas relações com taxas de juros e consumo.
Sim, porque nas várias oportunidades que teve para relacionar o papel do Bacen com a economia, ele só conseguiu falar de mercado de capitais, de consultar bancos, e de uso do órgão para, inclusive, criar oportunidades de ganhos para especuladores e rentistas.
Mas o Bacen é instrumento muito mais importante do que isso. Em um primeiro momento para evitar justamente que o dinheiro estocado passe a integrar o setor produtivo, e deixe o especulativo.
Segundo para controlar vários setores importantes para a produção, como inflação, câmbio, juros, etc.
Também porque tem possibilidades de gerar mecanismos que promovam o desenvolvimento além da taxa de juros.
E diferente do que ele afirmou, é peça fundamental de controle da política fiscal do país, já que os juros impactam diretamente no caixa do governo e nos resultados fiscais. Então é mentira que a política fiscal é responsabilidade exclusiva do governo como Neto afirma.
Em seu momento mais inspirado ele falou de uma criança que vendia alguma coisinha pelas ruas e restaurante e teve sua vida mudada pelo pix. Pasmem, agora essa criança...continua vendendo alguma coisinha pelas ruas e restaurantes. Uma mudança importantíssima na vida dela.
Mas uma coisa que ele disse é verdade. O CMN, que teve reunião na semana de sua entrevista, e já com todas as críticas do Presidente Lula aos juros e a autonomia do Bacen, tem maioria indicada pelo governo, já que além do presidente do Bacen, ainda é composto pelos Ministros da Fazenda e do Planejamento. Dessa reunião, por decisão unânime, nada foi mudado na política do Bacen.
Sim, porque Lula mais uma vez joga para a torcida, como ele sempre fez. Faz um discurso lindo, duro, que dá esperanças aos que o escutam, mas não faz nada de concreto para que seu discurso se torne prática.
Quem também fez uma ótima análise foi Mônica de Bolle. no Uol entrevista. Vale a pena uma olhada lá.
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