terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Governar para todos não é atender a todos

Hoje ao responder uma amiga virtual disse que Lula tem algumas falas até corretas, mas elas quase nunca encontram correlação com as atitudes. De minha parte faz tempo que eu presto atenção no que as pessoas falam, mas o que me interessa mesmo é o que elas fazem de concreto.

Isso significa que Lula diz que trabalhará para os pobres, que irá elevar o limite mínimo do IR a 5 salários mínimos, que irá aumentar o mínimo acima da inflação, tudo no primeiro ano de governo, e no final não faz nada disso. A desculpa esfarrapada de sempre é que "eles" não deixam. Eles quem, Lula? Dê nome aos sabotadores de seu governo e de suas promessas.

Da mesma forma fala em recuperar o país, mas coloca neoliberais nas principais pastas responsáveis por essa recuperação. Todos eles umbilicalmente ligados aos interesses do rentismo ou do agronegócio. Enquanto isso aqueles ligados a pautas desenvolvimentistas conquistam cargos secundários no governo, e estarão submetidos diretamente ao aval de seus superiores neoliberais.

Com essa distribuição de cargos, e essa busca inútil de agradar a todos, que como Diogo Fagundes bem aponta não será conseguida em tempos de cisão do país, Haddad consegue apenas desagradar aos dois lados.

Sim, ele tem culpa, mas ainda mais culpa tem seu chefe, o Presidente da República, que prometeu tudo a todos, e como eu e mais alguns avisávamos antes do pleito, acabará por não entregar nada a ninguém.

Diante desse quadro melhor seria se tivesse tido um discurso coerente, optando claramente por uma linha de ação, e o lado perdedor se veria prestigiado ao ver algumas de suas demandas atendidas. Ao optar por prometer tudo a todos, o que ele conseguirá é fazer com que todos os lados se sintam traídos. Em 2014 o problema principal foi esse, mas para ele nada foi feito de errado.

As presenças de Haddad, Tebet e Alckmin em pastas que deveriam estar voltadas a reindustrializar o país, e a rever a distribuíção de impostos pela sociedade, apenas mostra que a prioridade não é essa, mas a cobrança pelas poucas promessas feitas já mostram que o fragilíssimo pacto que ele organizou para se eleger já ameaça ruir. Ou ele cumpre o que falou, ou ele empurrará esse governo com a barriga, e não foi por falta de aviso, mas por simples incompetência para fazer uma leitura clara da atual situação.

A bolsa de valores cai e os representantes do mercado reclamam que falta energia no ajuste mesmo após Fernando Haddad anunciar um pacote fiscal de cortes em despesas e dobrar a “ala política” (risos) do governo, que queria aumentar o reajuste do salário mínimo de Bolsonaro – uma promessa de campanha – mas foi impedida pelo “turco” Haddad, que imagina que economia nacional é semelhante ao trabalho de caixa na 25 de março, como uma vez deu a entender em uma resposta aos tontos que duvidavam de um possível viés estatizante por parte dele.




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