O que muitos entendem como "genialidade política" de Lula eu, há muitos anos, chamo de mentiras e falta de comprometimento, que geram uma "dualidade antagônica" no atual Presidente do Brasil. Nildo Ouriques, em seu ótimo texto para o Portal Disparada, diz que é a "renúncia do presidencialismo"
Tal qual eu também venho fazendo, Ouriques aponta o fato de que Lula se perde na inação efetiva, enquanto exacerba um discurso dissonante com o poder dominante no Brasil. Isso cria a aura de que ele é esquerda, de que defende os pobres, mas no fundo está defendendo a classe dominante. É o mesmo processo dicotômico e antagônico do qual se utilizava em seu tempo de sindicato. Fazia discursos calorosos, enquanto aceitava migalhas e as apresentava aos trabalhadores como grandes ganhos. No Governo seguiu o mesmo padrão, só que mais amplo.
Por último Nildo Ouriques aponta outras formas de se intervir, e outros motivos para isso, no Banco Central. A total incompatibilidade ético-moral do atual de seu presidente, o fato de que quem elabora as políticas econômicas são os Ministérios da Fazenda e do Planejamento (e eu incluo a Indústria e Comércio), e principalmente, o fato de que Lula é um "cara de esquerda", mas só nomeou neoliberais para Ministérios, além de ter criado uma série de Ministérios identitários para acomodar um pessoal que acha que isso é ser esquerda.
E enquanto brincamos de dizer que neoliberais são esquerda, enquanto brincamos de achar que planilhas geram riqueza, e enquanto brincamos de Presidencialismo em que o Presidente não manda nem no cachorro dele, o país vai descendo a ladeira cada vez mais rápido.
Sugiro a leitura do texto do Nildo Ouriques.
A impotência de Lula e dos lulistas diante da grave situação nacional é expressa na enorme quantidade de ministérios criados com a pretensão de ganhar apoio no parlamento, sabidamente um covil de ladrões insaciável e sempre disposto a novos assaltos; ao contrário do engodo petista, o toma lá da cá se realiza sem qualquer garantia de fidelidade. A conduta de Lula alimenta a crise e objetivamente bloqueia a necessária passagem da consciência ingênua para a consciência crítica indispensável para enfrentar a direita. Ao contrário do que pensam os eternos defensores da prudência, a atuação de Lula alimenta tão somente a redução da política à moral (a via filantrópica das chamadas políticas sociais) e move águas para o moinho da ofensiva da direita ainda em curso.
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