Alguns dias atrás coloquei uma postagem onde o presidenciável Ciro Gomes começava uma análise sobre a situação econômica do país e como voltar a crescer, distribuir renda e reindustrializar o Brasil. Hoje temos a segunda parte dessa análise, que seguirá adiante, já que ela não se esgota em apenas dois artigos.
E nesse artigo eu faço uma ressalva, já que a análise de Ciro sobre o crescimento projetado para esse ano foi muito rasa. Não é verdade que caímos 25 degraus e voltaremos a subir 5. Primeiro porque os degraus que caímos são referentes a comércio e indústria (que geram muito emprego), e os cinco degraus que subiremos serão referente ao setor agropecuário, que gera muito poucos empregos, dado o grau de mecanização que alcançou.
Segundo porque se saímos de um patamar de 100, e caímos 25%, vamos para 75, se voltamos 5% esse crescimento não nos levará a 80, mas a 78,5, já que a base de crescimento que partimos é bem menor que a da recessão que se iniciou. Ok, verdade que o novo boom das commodities que vivemos deverá compensar esses 1,5% em dólar, de forma a chegarmos aos 80 (talvez um pouco mais), mas esse boom deverá ser muito curto, e totalmente insustentável a médio prazo, quanto mais a longo, de forma a garantir um crescimento do PIB em dólar para o futuro.
'O nosso problema não é, como insisto, trocar Chico por Mané ou Maria, mas trocar definitivamente de modelo econômico, o mesmo desde 1999'.
Estatísticas são um perigo se mal lidas. Neste macunaímico país, tanto mais. Cabeça na geladeira, pés no forno, a temperatura média tomada à altura da barriga nada diz. Nunca antes na história deste país precisaremos tanto saber disso quanto nos meses próximos.
O PIB brasileiro vai “crescer” perto de 5% neste ano. No entanto, o nosso PIB caiu monstruosos 25% em dólar, a moeda que importa para a referência internacional, no ano passado. Caiu 4,1% em real no mesmo período. Logo, esse “crescimento” que será trombeteado de forma ruidosa pela Igreja Bolsonarista é pouco mais que um ajuste estatístico. É como se tivéssemos descido uma escada de 25 degraus e agora voltamos cinco. Melhor que nada, certamente, mas isso não é crescimento, muito menos desenvolvimento.
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