terça-feira, 2 de novembro de 2021

G20 marcado por protestos

Como sempre a reunião dos 20 países mais ricos do mundo foi marcada por uma série de protestos. Para mim o mais importante deles está abaixo, e foi o posicionamento oficial do Presidente da Argentina, Alberto Fernández, contra o rentismo, que segue tendo papel importantíssimo no mundo.

O posicionamento de Fernández vem se tornando dominante no planeta, e está cada vez mais presente nas altas esferas do poder mundial, já se refletindo inclusive em alguns estudos do Banco Mundial e do FMI. Também tem chegado aos governos, que começam a rever políticas neoliberais, e a abraçarem políticas desenvolvimentistas. Uma hora isso seria dito de forma clara em seus encontros.

E esse protesto é importantíssimo para todo o mundo, incluindo o Brasil.

Mas e o outro protesto?

O outro foi a execração que Bolsonaro recebeu em terras italianas, seja na vila natal de seus ancestrais, seja em Pádua, região onde tanto o prefeito, quanto alguns frades se recusaram a receber o Presidente brasileiro. Na vila natal de seus ancestrais Anguillara Veneta, a prefeita populista de direita, Alessandra Buoso, resolver dar a cidadania honorária a Bolsonaro. Isso gerou protestos, tendo inclusive a prefeitura sido alvo de fezes e pixações. Na pequena cidade os frades locais também disseram que não receberiam Bolsonaro, e se ele quisesse mostrar sua devoção ao Santo que dá nome à igreja administrada por eles, o Presidente teria que fazê-lo como um cidadão comum.

Já na região ampliada, que é Pádua, o prefeito se recusou a receber o mandatário brasileiro.

Isso é importantíssimo, porque deixa clara uma mudança de comportamento dos grupos ativistas, que tradicionalmente protestam contra os mandatários norte-americanos, mudaram seu foco para o mandatário de um país relativamente secundário nas decisões mais importantes do cenário internacional. Claro que as desastrosas política e postura ambiental adotadas pelo (des)Governo Bolsonaro são primordiais nessa mudança, mas também muito importantes são suas posturas quanto a temas atuais sensíveis, como o combate ao Coronavírus, relações com as minorias sociais, e mesmo suas relações com outros atores da política internacional.

Para coroar essa posição, Bolsonaro ainda foi escanteado pelos líderes de outros países, e nas poucas vezes em que foi aceito em rodas de conversas, aproveitou para contar suas mentiras e divulgar suas deturpações da realidade. Mas mesmo nessas raras ocasiões a atenção que recebeu foi pouca e curta. A falta de compostura, de respeito, e de conhecimento cobram seu preço.

Mas depois de passada a desventura Bolsonaro, o Brasil precisará perceber se os estragos efetivamente se estenderam ao país como um todo, ou se ficarão restritas ao (des)Governo e aos atores preponderantes desse nosso intenso, ainda que curto, período de trevas profundas. Porque nem o Governo Militar dos 21 anos de ditadura foi tão danoso e irresponsável quanto esse.

‘Levanto a minha voz contra os que submeteram o capitalismo à especulação financeira’, diz Fernández no G20

 por CARTACAPITAL 30 DE OUTUBRO DE 2021 - 14:46

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, criticou neste sábado 30 o governo de seu antecessor, o neoliberal Mauricio Macri, pelo endividamento contraído com o Fundo Monetário Nacional. Fernández participou da cúpula do G20, em Roma, na Itália.

“Não há inocentes nesta história. Aqueles que se endividaram sem lidar com as consequências desastrosas são tão responsáveis ​​quanto aqueles que deram os recursos para financiar a fuga de divisas em uma economia desequilibrada”, disparou o argentino.


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