segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Lula e as bolas fora

Em sua viagem pela Europa Lula deu mais uma declaração infeliz durante entrevista para duas jornalistas espanholas. Ao equiparar a eleição na Nicarágua, e a consequente permanência de Daniel Ortega no poder com as permanências de Angela Merkel, Margaret Thatcher e Felipe González, o ex-Presidente brasileiro mais uma vez usou de uma tática diversionista, que tem por objetivo confundir a percepção das pessoas. Sim, porque Lula equiparou duas situações fundamentalmente distintas, na intenção de torná-las iguais. Não o são. Como não são iguais as posições do pastor homofóbico, e da maioria dos defensores dos direitos LGBTQI+. Quem não aceita a existência da comunidade é o pastor, e óbvio, a comunidade se defende.

Nessas duas vezes ele não dava entrevistas a jornalistas amigos, e tomou boas invertidas.

Mas ele falou outras bobagens também. Quando tentou dar uma resposta a Ciro, em entrevistas ainda no cárcere disse que Ciro não sabia a tecnologia que estava envolvida na produção de um frango. Mostrou que não entende a dinâmica de produção, detenção e uso de tecnologia, e subserviência ao defender o modelo que insere o Brasil no mundo pela "divisão internacional do trabalho" defendida pelos países desenvolvidos. 

Na mesma época, para mostrar sua origem humilde, falou que  pedia chicletes usados para mascar. Não apenas não mostrou humildade, como ainda mostrou subserviência e grande tendência a mendicância. Como mostrou essas tendências ao dizer que os ricos deveriam fazer-lhe uma estátua por serviços prestados, ou quando disse que os pobres no Brasil são baratos e pouco exigentes.

Não é de hoje que Lula dá essas bolas fora. Não é de hoje que ele demonstra enorme ambiguidade em suas palavras, em suas posições, em suas ações. 

Lamento dizer, mas eu não apoio isso, ainda mais que a ideia é manter tudo como está. Bem, se você acha que está tudo bem, aproveite.


Por que há resistência em reconhecer o autoritarismo em Cuba, Nicarágua e Venezuela?

A razão está numa dificuldade que não é exclusiva de Lula ou do PT, mas compartilhada por grande parte da esquerda democrática mundo afora

Causou furor na imprensa e nas redes sociais a comparação que fez Lula, em entrevista ao El País na Espanha. O ex-presidente, na resposta a um questionamento da jornalista Lucía Abellan sobre as eleições nicaraguenses, que não foram reconhecidas por grande parte dos países democráticos da comunidade internacional, equiparou a longevidade no poder de Daniel Ortega àquela de líderes de democracias europeias.

Lula disse que todo político que se acha insubstituível transforma-se num pequeno ditador. Por isso, o líder petista defende a alternância no poder. Emendou afirmando o princípio da não interferência na política interna de outros países. Até aí nada demais, já que a declaração combinava a defesa quase protocolar do princípio da rotatividade democrática com o reconhecimento da soberania dos países. Pode-se dizer que o ex-presidente defendeu a democracia na primeira afirmação e foi pragmático na segunda.

O problema veio na continuidade da resposta: “Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que Margaret Thatcher pode ficar 12 anos no poder e Chávez não? Por que Felipe González pôde ficar 14 anos no poder? Qual é a lógica?”

Nenhum comentário:

Postar um comentário