sexta-feira, 5 de novembro de 2021

PEC dos Precatórios e Ciro Gomes ameaça não se candidatar

A famigerada PEC dos Precatórios foi aprovada em primeira votação na Câmara dos Deputados. Por si só a PEC, a meu ver, é inconstitucional, mas esse é um dos problemas da mesma, porque politicamente se criou um grande problema, principalmente para o PDT e Ciro Gomes.

Explico: a PEC precisava de 308 votos para ser aprovada, e de seus 24 votos, o PDT de Ciro Gomes deu 15 pela aprovação. Só com isso já se teria barrado esse absurdo, já que existem muitos outros caminhos para se garantir os R$400 que o Governo Bolsonaro quer dar de Bolsa Brasil (o novo Bolsa Família). O PSB também deu outros 10 votos. 

Entendam, o projeto é tão absurdo, que nem mesmo o Novo e o Podemos, partidos que têm votado em peso pelo governo, votaram a favor da PEC de forma unânime.

O resultado disso é que Ciro soltou a nota abaixo. A daí eu tirei do perfil de Ciro Gomes no Telegram, mas vi a mesma nota no Facebook, Twitter, e deve estar em outras redes sociais usadas pelo partido também.

E Ciro colocou sua pré-canditatura em suspenso por um motivo muito simples de entender e fácil de aceitar. Ciro quer assumir a Presidência da República com o intuito de mudar o padrão da política no Brasil, de mudar a forma como se resolvem as coisas no país. Se ele não pode contar nem mesmo com a bancada de seu partido para fazer a coisa certa, o que ele vai fazer na Presidência da República. Ele não tem nenhuma vontade de ficar administrando esse monte de negociatas imundas, que se preocupam apenas com interesses pessoais, e em nenhum momento com as necessidades do povo, ou com as regras colocadas por esse mesmo modelo político.

A posição de Ciro está correta. E se o PDT (o PSB também) não entender isso, então eles não têm motivo de existirem. Para agir desse jeito já existem muitos partidos, não precisamos que aqueles que dizem defender a decência e o povo atuem exatamente como aqueles que só atuam em prol dos próprios interesses.

Quanto a posição desses Deputados, ou eles mudam no segundo turno, ou cometerão um erro enorme em suas carreiras políticas.


Há momentos em que a vida nos traz surpresas fortemente negativas e nos coloca graves desafios. 

É o que sinto, neste momento, ao deparar-me com a decisão de parte substantiva da bancada do PDT de apoiar a famigerada PEC dos Precatórios.

A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. 

Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para  reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo.

Não podemos compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas. 

Justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verbas, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional.


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