quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Auxílio Brasil ou Auxílio Bolsonaro?

 O colunista da Folha, José Paulo Kupfer, analisou o início do pagamento do Auxílio Brasil (Bolsa Família para quem preferir) e suas possibilidades de sucesso eleitoral e reaquecimento da economia.

Bem, em ambas as situações o colunista afirma que os objetivos do governo não serão alcançados. Isso se dará por duas condições principais, ambas por culpa do próprio governo. O alcance que o atual auxílio terá. Agora serão cerca de 17,5 milhões de brasileiros beneficiados, contra cerca de 70 milhões que foram beneficiados pelo auxílio emergencial da Covid-19 (que inspirou o atual programa. 

Também o valor é menor. São R$ 400 contra os anteriores R$ 600, e um montante de recursos totais de cerca de um terço do programa inspiração. Além disso, devido ao alto endividamento das famílias, a maior parte desses recursos irá para o pagamento de dívidas, o que esterilisa os efeitos econômicos do auxílio.

Mas o mais importante argumento é a deterioração profunda da economia brasileira, que faz com que o auxílio se torne inócuo na função de centelha de reativação do motor econômico, ainda mais porque os valores já chegam defasados por uma inflação que atacou mais diretamente os bens que seriam buscados pelos atendidos pelo programa, a definir comida e energia. Vale lembrar que tal inflação também é culpa do descontrole econômico do governo, que falhou tristemente na condução da economia, em que sempre privilegiou os ganhos financeiros de uma parcela da imensa população abastada, mas pequena, em detrimento da imensa maioria dos brasileiros.

Entendo que tudo isso é provável, e parte já claramente observável. O problema é que tudo isso também é fruto do programa neoliberal imposto ao país. Como dizem muitos economistas, o neoliberalismo é o programa do Estado máximo para uma pequena elite econômica, mas mínimo, e muitas vezes inexistentes para o resto da população, 

Acontece que um Estado organizado nessas bases não consegue suprir as necessidades de seu povo. O Brasil é prova inequívoca disso, e acaba que o auxílio pode não atingir corretamente nenhum de seus objetivos.


Auxílio Brasil não deve turbinar nem economia nem popularidade de Bolsonaro

Começou a ser paga nesta terça-feira (18) a primeira parcela mensal do Auxílio Brasil em 2022. Além de um reforço importante na renda de 17,5 milhões de cidadãos mais vulneráveis, a transferência de no mínimo R$ 400 mensais aos beneficiados, que vai se estender até o fim do ano, é uma fonte de esperança eleitoral e ponto-chave na estratégia do presidente Jair Bolsonaro, em sua campanha pela reeleição.

A expectativa, nos arraiais bolsonaristas, é a de que o novo benefício reproduza, ainda que com menos amplitude, o impacto positivo do auxílio emergencial de 2020 - tanto na economia quanto nas avaliações de Bolsonaro e de seu governo. Em entrevista ao UOL, também nesta terça-feira, o ministro da Cidadania, João Roma, responsável pelo Auxílio Brasil, declarou esperar efeitos positivos do programa tanto na economia como nos índices de popularidade do presidente.


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