Mais um texto bastante interessante na Folha de São Paulo, dessa vez de Mariliz Pereira Jorge, e publicado em 11 de janeiro de 2022. Nele Mariliz fala sobre o candidato Sérgio Moro, e ela arrasa com o ex-Juiz, mesmo não tendo tocado em pontos nevrálgicos de sua situação de campanha. Sim, porque além dos argumentos de Mariliz há outros, que talvez sejam ainda mais duros contra o "paladino contra a corrupção", e são alguns deles que trarei aqui.
E o primeiro ponto é justamente esse. Sérgio Moro só sabe falar de corrupção, e de combatê-la. Mas mesmo o combate a esse mal humano, que foi a única coisa que teve oportunidade de fazer na vida, ele o fez de forma equivocada. Se esse equívoco foi proposital, ou se foi por incompetência, aí é outra discussão, mas o fato é que, em sua soberba, ele trouxe para si uma série de processos, boa parte deles sem nenhuma base, e condenou vários corruptos, muitos de carteirinha, mas sem as provas necessárias, ou sem respeitar os ritos legais, o que levou a anulação de suas sentenças em cascata pelo STF.
Em outras áreas suas posições são rasas, e repete frases feitas sem mostrar nenhuma credibilidade nelas, e pior, sem mostrar compreensão delas.
Na economia só repete o mantra neoliberal de abrir e liberalizar a economia, e privatizar ativos estatais. Mas demonstra não entender consequências ou motivos para esses movimentos.
Na Educação sabe criticar e prometer melhorar. Ora, um candidato a vereador de cidade pequena repete esse mantra, mas ele não consegue passar do mantra. Não conhece a Educação, não tem ideia de como resolver, e no fundo não entende o porque de melhorar a Educação, afinal, para plantar soja, criar boi, e tirar minério já temos todos os técnicos necessários. Na verdade sobram.
Saúde? Da mesma forma que nas outras áreas, o discurso é raso, e não passa de promessas, todas com viés mais liberal.
E Moro não para por aí. Não há área que ele realmente domine, e suas desculpas são absolutamente esfarrapadas, assim como suas declarações e entrevistas carecem de profundidade e consistência. Quando alguém chega a se candidatar à Presidência da República, o mínimo que espera-se dessa pessoa é que tenha entendimentos, se não profundos, ao menos medianos de todas as áreas da administração pública, e não apenas o entendimento e a apreensão do reflexo dessas áreas no cidadão de mais baixa renda ou médio. Espera-se que esse pré-candidato tenha ao menos um esboço do que fará caso eleito. Claro que após o lançamento de uma campanha intensificam-se os contatos e debates, e o esboço será depurado para tornar-se um projeto final. Só que Moro não tem o esboço, Moro não tem nada. Como Mariliz diz em seu texto, ele tenta se cercar de "nomes palatáveis", o que leva a uma reedição do "posto ipiranga" de Bolosnaro. E mais uma vez esses "nomes palatáveis" representam apenas a menor parcela de nossa sociedade. Ou seja, ele aponta os problemas da maior parte, e traz gente para resolver os problemas da menor parte da sociedade. Uma ambiguidade em si.
E é por isso que Moro age exatamente como Bolsonaro. Ele é raso, não conhece a dinâmica da administração pública (mesmo tendo sido Ministro de Bolsonaro), não tem solução para os problemas do país, tem uma retórica péssima e um raciocínio lento. Apesar disso bravateia, e diz que debate e discute com qualquer um, mas foge de Ciro como o vampiro da cruz, foge Augusto de Arruda Botelho, foge até do Monark.
Mas tem uma condição para ele debater. Ele escolher o adversário e o tema. Com isso o ex-Juiz se comporta como o garoto ruim de futebol, mas que é dono da bola, e quer impor condições para que haja jogo.
Ora Moro, esse jogo não precisa de você para acontecer, e nem você tem uma bola.
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