Interessante o editorial da Folha de São Paulo de 21 de dezembro de 2021. Ele começa dando uma enquadrada em Lula, e sua virtual aliança com Geraldo Alkimin, seu arquirrival até poucos anos atrás. E mostra que a aliança atrai poucos votos, algo que eu já tinha dito em alguns comentários nas redes sociais, e isso ocorre por dois motivos. O primeiro é que são dois neoliberais na mesma chapa (sim, Lula é neoliberal), então não se acrescenta nada de novo na chapa.
Mas o segundo motivo é que Alkimin, apesar de ser sempre um candidato forte ao governo de São Paulo, parece ter encontrado aí seu teto, já que não empolgou em nenhuma de suas tentativas de chegar ao Planalto. A última, então, beirou o ridículo. Com um latifúndio de tempo de TV, com apoio do "deus" mercado, da grande maioria dos partidos do centrão, e ele teve uma votação pífia.
Na sequência o texto da Folha mostra que o PT sempre fez acordos por poder, e apesar de ter iniciado seus governos cumprindo as regras que interessam ao "deus mercado", seus acordos sempre tenderam a reduzir o campo da chamada esquerda, e de privilegiar setores fisiológicos dos partidos de direita (que geraram os maiores escândalos de corrupção), enquanto isso o próprio partido estrelado se reservava os postos mais importantes da República. Essa última é óbvia, já que ninguém se elege para colocar adversários nos principais postos do governo. A Folha queria o que, que Lula se elegesse e colocasse o DEM ou o PSDB nos principais postos do governo?
No final o que a Folha faz mesmo é mostrar que Lula e o PT sempre lutaram pelo poder, mostrando pouco ou nenhum apreço ideológico, e cobra uma postura clara do líder petista e das pesquisas, que até o momento promete o céu a todos e por todos os lados, mas por esse caminho não haverá entrega da encomenda a ninguém.
Essa politicagem barata de Lula pode servir para ganhar eleições, para criar fama de carismático, mas é péssima para governar um país, porque cria espectativas altas em todos, e frustrações ainda maiores nas parcelas da população que vêm seus anseios preteridos pela espinha eternamente curvada do partido estrelado e seu líder máximo.
Lula não precisa de um vice, ainda mais um que o coloca tão escancaradamente como refém dos interesses do "deus mercado", mas sim se posicionar de forma clara sobre o que pretende ou não fazer. Se após 14 anos de petismo no poder, sendo 8 do próprio Lula, ele ainda não sabe o que fazer, então ele não merece voltar.
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