Antonio Prata escreveu mais um bom texto para a Folha de São Paulo. Nele a crítica ao posicionamento do Presidente Jair Bolsonaro frente a mais um crime bárbaro ocorrido na Amazônia. Talvez não muito diferente dos muitos crimes que ocorrem nas favelas e outras áreas semi-abandonadas pelo Estado brasileiro, mas que certamente tem muito mais visibilidade, afinal de contas, o Complexo do Alemão, Heliópolis, ou qualquer outra grande favela do Brasil está muito longe de ter as riquezas e o potencial de riqueza que se encontram na Amazônia brasileira.
Mas apesar de bom, Prata se perde no mesmo erro de todos aqueles que vêm criticando os desmandos de Bolsonaro, seus arroubos totalitários, suas andanças cambaleantes sobre a linde que separa o crime da legalidade, onde frequentemente tende a cair para o primeiro lado, mas acaba por colocar um ou outro pé sobre a segunda para manter esse equilíbrio tênue entre os antagônicos. E esse erro é trazer a discussão para o campo da moral, dos costumes, e da religião. Esse campo recai no "achismo", na persepção absolutamente individual, ou de grupos específicos, que cada um tem desses episódio, e que frequentemente divergem entre versões e intenções. Isso é recair mais uma vez no único campo que Bolsonaro domina, e onde ele se movimenta com certa destreza.
A saída então é buscar levar a discussão àquilo que perpassa por quase todos os grupos sociais brasileiro, e que tem maior potencial de unir a maior parte da população: a economia. São milhões de funcionários públicos, trabalhadores braçais, de nível médio, e até mesmo trabalhadores especializados que têm seus ganhos e condições de vida aviltados mês após mês, isso sem falar dos muitos milhões que vivem hoje no limiar do desemprego aberto (em relações chamadas de informais), que buscam desesperadamente por uma colocação sem a conseguir, ou que não conseguem colocação alguma, e por isso mesmo já desistiram.
Todas esses brasileiros têm em comum os anseios por dias melhores, por um trabalho digno, dignamente remunerado, e que lhes proporcione vidas minimamente aceitáveis, algo que toda essa discussão passa longe. e que a grande imprensa costuma apenas tocar muito de leve em suas margens, e quando chega a apresentar algo mais concreto é sempre o mais do mesmo, ou seja, dá luz a "especialistas" que apenas propõem mais do mesmo, mais daquilo que nos trouxe até aqui.
Já vai longe a hora de o Brasil prestar atenção em outras propostas. Propostas estas que levaram muitos países, com muito menos potencial que o Brasil a ultrapassarem as barreiras que levam ao desenvolvimento. Mas a mídia hegemônica busca esconder estas propostas, porque essa mídia se alimenta e se privilegia da atual situação, e por isso eles não mudam o foco das discussões.
E parem de envolver Jesus nisso. Ele foi muito claro quando disse "A Deus o que é de Deus, a César o que é de César".
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