terça-feira, 21 de junho de 2022

Punição sim, mas mudança também

Muito bom que a PF tenha agido rápida, e aparentemente eficazmente, e alguns dos suspeitos pelas mortes de Bruno e Don - alguns confessos - já estejam presos, e com suas prisões temporárias decretadas. 

Isso é importantíssimo. A investigação a miúde, a acusação bem feita aos envolvidos, e a devida pena exemplarmente aplicada, tudo isso é uma questão de Justiça Humana, de um mínimo de conforto às famílias dos que se foram, e uma espécie de resposta às muitas críticas internacionais após mais um caso de crime contra a vida ocorrido por motivos de conservação e direitos de minorias na região amazônica. E o Brasil infelizmente está muito longe de poder dar pouca importância a estas cobrança da forma como faz, por exemplo, a Rússia.

Que fique muito claro, o Brasil precisa ir além dessa resposta imediata e correta. O Brasil precisa realmente se assenhorear do território amazônico, controlar melhor os movimentos de locais e de estrangeiros na região, as relações com a natureza e os indígenas, e por fim dar opções a essas populações de um desenvolvimento realmente sustentável, e de ganhos suficientes para dar dignidade às suas vidas.

Para isso é necessário uma maior e melhor presença de organismos governamentais como o Exército, a Polícia Federal, o Ibama e a Funai na Amazônia, um mapeamento e definição de zoneamento de todo o território nacional, o que obviamente inclui a região amazônica, e investimento em pesquisas e desenvolvimento sustentável nessa região, de forma a dar as opções que as populações locais necessitam.

Claro, nada disso será possível sem uma revolução na Educação brasileira, que é base para todo esse processo, mas que não se encerra em si mesma.

E o único ator que pode dar e garantir isso ao país é o Estado Brasileiro. É o único que tem capacidade, forças, e é capaz de mobilizar e aplicar todos os recursos para essa revolução. Isso se faz através de um Projeto de País, ou como alguns preferem chamar, um Projeto Nacional de Desenvolvimento. 

Isso porque, por mais bem intencionados que sejam, privados e ONGs, jamais terão capacidade de terem a visão geral, inclusiva, desenvolvimentista e holística que é necessária para que esse processo seja implementado e garanta o bem-estar das populações locais, a soberania nacional, e a preservação do meio ambiente, algo que precisa ser alcançado simultaneamente.

Só assim seremos capazes de acabar com casos como os de Chico Mendes, Irmã Dorothy, ou Bruno e Don. Só assim também seremos capazes de ditarmos nosso próprio destino sem preocupações com os outros. Porque apenas nações realmente soberanas podem fazer isso.

Caso Dom e Bruno: Justiça decreta prisão temporária de 3º suspeito preso

Saulo Pereira Guimarães

Do UOL, em São Paulo

18/06/2022 20h17

Jeferson da Silva Lima teve sua prisão temporária decretada neste sábado (18), de acordo com o Tribunal de Justiça do Amazonas. Ele é suspeito de envolvimento nas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, no Amazonas.

Também conhecido como Pelado da Dinha, Lima se entregou para as autoridades por volta de 6h, após saber pela própria família que a polícia o procurava. Ele é apontado como alguém que participou diretamente do duplo homicídio e ajudou na ocultação dos corpos.

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