O editorial de O Globo já começa com uma grande falácia. É verdade que Temer recebeu os votos na hora em que Dilma foi eleita, mas a eleita foi ela, não ele. Na verdade ele veio num pacote muito indigesto a qualquer eleitor do PT, diria até que indigesto à grande maioria dos eleitores do país. Sua popularidade de 1% acho que embasa bem o que estou dizendo.
E os conselhos no editorial do jornal sãoé fruto não de uma opção pela superioridade do governo interino, mas pelo desespero em ver que o golpe é falho, que o discurso ético-moral que embasou toda a campanha golpista se esvai como um castelo de cartas, junto com a falácia da incompetência intrínseca ao governo petista, e na busca de implantar uma agenda neoliberal, que vem sendo derrotada há 4 eleições seguidas pelas urnas, que aos poucos políticos e Ministros do STF revêm suas posições, o que acaba por enfraquecer as perspectivas nefastas dos golpistas. A opção em fingir que não há reação ao golpe também é parte da estratégia.
Mas não fiquem por demais preocupado com o que está ocorrendo, porque o que está em jogo são a democracia e os seus direitos. Até agora os deles estão todos protegidos, inclusive a impunidade. Precisamos mudar isso.
Editorial: A hora de Temer
POR O GLOBO
/ atualizado
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NÃO SE DISCUTE a legitimidade do governo interino de Michel Temer, eleito pelos mesmos votos que mantiveram a presidente Dilma no Planalto, hoje afastada à espera do julgamento do seu impeachment.
TEMER, porém, precisa entender a delicadeza do momento político e econômico, que lhe exige ações duras, rápidas, sem tergiversações. Na economia, a partir da qualidade da equipe que tem conseguido montar e das análises já feitas em público, o governo parece bem encaminhado.
NA POLÍTICA, nem tanto. Entende-se que Temer necessita de sólido apoio no Congresso para conseguir aprovar reformas imprescindíveis, sem as quais o país não superará a crise fiscal. Mas tudo tem limites.
COMO É O CASO DA REVELAÇÃO, feita pela “Folha de S.Paulo”, de diálogos do braço-direito do presidente, o senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR), ministro do Planejamento, com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, gravados por este.
O CONTEÚDO do que foi revelado, e não desmentido pelo ministro em entrevista coletiva, torna inviável a sua permanência no governo. O presidente interino pode inviabilizar sua gestão caso decida manter Jucá.
O MINISTRO dá explicações clássicas, reclamando de que frases estão fora de contexto e assim por diante. Mas fica translúcido que Jucá e Machado, dois apanhados nas malhas da Lava-Jato — o ministro ainda sendo investigado —, tramavam barrar a Operação num eventual governo Temer. O contrário do que o próprio presidente se comprometeu a fazer ao assumir. Os diálogos, portanto, também atingem Temer.
ATÉ PARA NÃO DAR RAZÃO aos lulopetistas que denunciam uma trama contra a Lava-Jato por trás do impeachment de Dilma, o presidente não pode demorar para afastar o auxiliar. Ou o próprio Jucá deve entregar o cargo, para poupar Temer de mais dissabores. O tempo corre contra o governo.
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