quinta-feira, 26 de maio de 2016

Petrobrás Segue Encolhendo

Afetada pela Lava-jato e por todos os escândalos políticos que vêm acometendo o Brasil, a Petrobrás segue seu plano de desinvestimento e adequação aos novos tempos de menor demanda por petróleo, e de queda nos preços da commodity.

É sempre bom recordar que isso se dá por dois motivos principais. O primeiro é que o mundo ainda patina na grande crise de 2008, que finalmente resolveu fazer seu tsunami chegar ao Brasil (não mais a marolinha). Isso também passa a refletir em economias que apresentavam forte expansão, como as chinesas e indiana, que têm colocado o pé no freio, e acabam por diminuir a pressão sobre o preço de commodities.

O segundo motivo também é mundial, e tem a ver diretamente com o valor do petróleo em si. Além dos problemas econômicos, outras fontes mais baratas da commodity vêm sendo exploradas nos últimos anos, além do retorno ao mercado de alguns países que passavam por problemas internos, e uma certa "implosão" da OPEP, que não mais controla o preço do ouro negro como fazia antigamente. Isso faz despencar o preço do produto do último ciclo econômico brasileiro.

Tudo isso provavelmente é passageiro, mas que vem fazendo estragos, ninguém pode negar.





‘Nova Petrobrás’, mais enxuta, terá mudanças a partir de março

Antonio Pita e Fernanda Nunes

Estatal extinguiu área de Gás e Energia, que será incorporada à diretoria de abastecimento, e gerências serão extintas

RIO - Desenhada desde que Aldemir Bendine assumiu a presidência, a “nova Petrobrás” começará a mudança em seu perfil administrativo a partir de março. Uma das principais transformações é a extinção da área de Gás e Energia, que passará a ser incorporada à diretoria de Abastecimento. A previsão é que até fevereiro o conselho de administração aprove os últimos detalhes da reestruturação da estatal, com o enxugamento de 30% das gerências executivas e intermediárias e mudanças na estrutura de governança.

Comandada por Hugo Repsold, a área tem sido alvo prioritário dos desinvestimentos da estatal, a exemplo da venda de 49% da Gaspetro para a japonesa Mitsui, referente à participação em distribuidoras estaduais de gás. Também estão na lista de ativos em negociação com investidores a Transportadora Associada de Gás (TAG), além de três Fábricas de Fertilizantes (Fafens), que produzem insumos para a agricultura. A diretoria também responde por uma extensa malha de gasodutos e usinas térmicas.

O segmento perdeu relevância para a companhia que busca enxugar custos e focar na produção de petróleo – deixando de lado a estratégia de atuar como empresa integrada de energia. Outra mudança em “fase avançada” de análise é a incorporação da secretaria executiva, que hoje está ligada à presidência da petroleira, pelo conselho de administração. O tema será discutido na próxima reunião do colegiado, dia 27.

“A ideia é eliminar a redundância”, disse um executivo a par do plano de reestruturação. Serão extintas cerca de 1,8 mil gerências executivas e intermediárias, de um total de seis mil funções gerenciais existentes hoje. Os cortes devem repercutir também nas subsidiárias da estatal, como a Transpetro. O processo foi iniciado em novembro na empresa responsável pelos serviços de logística da petroleira. Cerca de 100 funções gerenciais foram extintas, com a expectativa de economia anual de R$ 35 milhões.
Novas áreas. Na esteira da reestruturação, foram criadas duas novas gerências executivas na subsidiária, nos segmentos de comercialização e novos negócios ligados à frota marítima e de terminais logísticos. Internamente, o movimento foi visto como um passo para a subsidiária buscar novos clientes e negócios para depois ser vendida, conforme anúncio feito na sexta-feira passada pelo diretor financeiro Ivan Monteiro.

Com a extinção de gerências e áreas de negócio, os funcionários já estão sendo realocados internamente, o que gerou desconforto. Funcionários operacionais especializados, como na área de perfuração e extração, teriam sido deslocados para atividades administrativas após a desmobilização de sondas de perfuração, paradas com a redução da busca de novos poços produtores. Entre os trabalhadores, também há o temor de que a reestruturação afete benefícios e a jornada de trabalho, como proposto no último acordo coletivo da empresa.

O tema ainda é discutido em grupos criados após a greve dos petroleiros. Os temores quanto às mudanças levaram a diretoria a encaminhar comunicado interno, em dezembro, esclarecendo a reestruturação em curso. Procurada, a Transpetro não comentou as mudanças. A Petrobrás confirmou que o processo de reestruturação está em curso, mas não deu detalhes sobre o novo perfil da empresa.

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