quinta-feira, 12 de maio de 2016

PMDB segue sendo PMDB

Envolvido na delação premiada de Delcídio, o vice-presidente Michel Temmer afirma que seu partido está pronto para resgatar o crescimento econômico.

Fica a pergunta que não quer calar:

De quem?

Temer diz que PMDB está pronto para resgatar crescimento econômico


O vice-presidente Michel Temer apresentou sua recondução ao comando nacional do PMDB neste sábado (12) como um símbolo de que o partido optou pela convergência numa "ocasião em que é preciso cuidar do país". 

Em discurso, o vice chegou a dizer que a sigla está pronta para "resgatar os valores da República e reencontrar a via do crescimento econômico e social". 

O vice chegou ao local do evento, em Brasília, acompanhado dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, além de José Sarney, escolhido presidente de honra do PMDB. A presença de Cunha e Sarney eclipsou os aplausos na entrada do vice. 

Da plateia vieram gritos isolados de "Fora Cunha" e, antes de falar, Sarney ouviu um princípio de vaia. A fala de Temer, no entanto, foi aclamada pelos ouvintes. 

Ele chegou ao microfone aos gritos de "Brasil para frente, Temer presidente". Durante todo o ato, a militância entoou coro de "Fora Dilma", numa referência à presidente Dilma Rousseff, e "Fora PT". Houve até convocação para as manifestações deste domingo (13). 

Temer fez questão de passar uma mensagem diferente da que vem sendo reverberada pela cúpula do PT, que chegou a convocar protestos em prol da sigla para o mesmo dia e local dos que estão programados em defesa do impeachment. "Não é hora de dividir os brasileiros, de acirrar ânimos, A hora é de construir pontes", disse. 

'SAÍDA JÁ'

Apesar do acordo fechado pela cúpula do partido de adiar qualquer decisão sobre o rompimento com o governo, a liberação dos discursos contra a aliança entre o PMDB e o PT acabou marcando a convenção. 

Cotado para assumir a Secretaria Especial de Aviação Civil, o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) foi hostilizado nos microfones. Colegas de parlamento chamaram a negociação da vaga de "vexame" e cobrou, em diversos momentos, que o PMDB deliberasse imediatamente sobre a ruptura com o governo. 

"Vocês são jovens e ainda vão entender que decisão de maioria a gente respeita", disse o ex-ministro Eliseu Padilha, aliado de Temer, ao tentar conter os gritos de "entrega os cargos" entoados pela militância ao final do ato. 

Integrantes das alas que ainda defendem a aliança com Dilma, não subiram no palanque para defender o governo. O líder do PMDB da Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que indicou ao menos quatro ministros da petista, justificou a discrição com o discurso de que, se tentasse discutir, acabaria expondo uma divisão na sigla. 

Com isso, os defensores do desembarque do PMDB foram unânimes nos microfones. Ex-petista, a senadora Marta Suplicy, que será candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB, chegou a dizer que a sigla precisa se desvincular de um governo que considera "corrupto" e "incompetente". 

Os oposicionistas também cobraram que a cúpula partidária vete a entrada de qualquer peemedebista em cargos no governo federal pelos próximos 30 dias. 

A convenção vem sendo classificada como "um aviso prévio" do PMDB à petista. A expectativa é de que, após a repercussão das manifestações contra o governo e o fim do julgamento sobre o rito do impeachment, a sigla finalmente deixe o governo Dilma.

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